ARLA/CLUSTER: Ordem superior termina com o Projecto NavPT

Afonso Marques amarques efacec.com
Segunda-Feira, 9 de Agosto de 2010 - 11:09:16 WEST


Bom dia colega  António Vilela .

 

Apreciei a sua resposta bem com os comentários inseridos. E pronto, pacificamente, cada um fica na paz do Senhor .

 

Um abraço

 

CT1RH

 

 

 

De: cluster-bounces  radio-amador.net [mailto:cluster-bounces  radio-amador.net] Em nome de Radiophilo
Enviada: domingo, 8 de Agosto de 2010 19:32
Para: Resumo Noticioso Electrónico ARLA
Assunto: Re: ARLA/CLUSTER: Ordem superior termina com o Projecto NavPT

 

Meu caro Afonso Marques,

Obrigado pelos seus comentários. Se o colega não gosta ou não se interessa, pois pronto, não gosta, e acho que assunto deveria ficar por aqui. Cada um é como cada qual.

No entanto, como levantou algumas questões particulares, responderei apenas a essas.

1. Fico aliviado por ter dito que era profissional de telecomunicações. Se tivesse dito que era jurista, aí sim ficaria aflito. Eu também não sou jurista, portanto peço-lhe que tome o seguinte como mera especulação sem qualquer crédito.

O Artº 194 - Violação de correspondência ou de telecomunicações tem sido um dos mais usados para argumentar pela ilegalidade da escutas das radiocomunicações em geral e esse assunto tem sido já amplamente debatido.
Eu sou da opinião de que este artigo não se aplica à simples escuta de rádio em geral, e em particular à escuta das comunicações aeronáuticas, e isto por dois motivos:

1.1 Como o colega certamente sabe, este artigo faz parte do Capítulo VII - Dos crimes contra a reserva da vida privada, que por sua vez se insere no Título I - Dos crimes contra as pessoas. Isto, na minha opinião de leigo, significa que o objecto protegido por este artigo é a vida privada das pessoas, nomeadamente o que dela consta em correspondência fechada ou em telecomunicação e não a telecomunicação em si.
Nem sempre foi assim, como o colega certamente se recordará, pois em tempos a lei da rádio protegia toda e qualquer telecomunicação que não fosse destinada ao público em geral. Essa protecção hoje não existe. A lei é dura, mas é lei.
Ora, quando um piloto fala com um controlador, não o faz para tratar de assuntos da sua vida particular, mas sim para tratar de assuntos do interesse público, nomeadamente a operação segura da sua aeronave. Não me parece, portanto, que a escuta das comunicações aeronáutica se inscreva no contexto do Artº 194 do Código Penal.

1.2 Os canais de comunicação utilizados pela navegação aérea são abertos, isto é, não prevêem na sua génese qualquer mecanismo de ocultação ou de cifra, bem pelo contrário. Por este motivo, ao falar através destes canais, o utilizador está, na minha opinião, implicitamente a renunciar ao seu direito à privacidade. Da mesma forma que uma pessoa que vá dar uma entrevista numa rádio ou televisão, não pode depois queixar-se de que a sua voz a o seu rosto tenham sido publicamente expostos.

2. Eu peço desculpa de não me ter feito entender correctamente. Não quis comparar os radioamadores a pilotos ou a controladores, nem creio que isso faça sentido. O contexto da minha afirmação era o da diferente utilização que é feita dos meios de comunicação aeronáutica, e passo a explicar.
As comunicações aeronáuticas em VHF e UHF são feitas em linha de vista, sendo este um dos pressupostos da sua utilização normal.
Por outro lado, os radioamadores têm outros interesses que são mais ambiciosos. Eles fazem DX em banda aérea desde o LF ao UHF, usando todos os modos de propagação, a distâncias que não estão contempladas pelo seu uso normal.
Era isto que eu queria dizer com "Os radioamadores dão uso às comunicações aeronáuticas para além do seu contexto normal de utilização."

Quanto ao projecto NavPT, que eu saiba não houve nenhuma ordem judicial para o seu encerramento nem nenhum julgamento, nem nehuma pena aplicada a qualquer dos seus autores, portanto podemos tranquilamente inferir que o projecto não violava nenhuma lei. Outras coisas... é possível, mas lei, creio que não.

Finalmente, não creio que o colega seja retrógrado nem nada do género. Nem todos podemos gostar das mesmas coisas. Olhe, eu não acho interesse em concursos nem nunca participei em nenhum e espero que ninguém aqui me maltrate por isso.

Cumprimentos,
António Vilela
CT1JHQ

2010/8/7 Afonso Marques <amarques  efacec.com>

Colega António Vilela,

 

Muito grato pela explicação sobre o tema em discussão , o projecto NavPT.


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