Re: ARLA/CLUSTER: Na minha humilde opinião o Dstar tem futuro...

Radiophilo radiophilo gmail.com
Quinta-Feira, 29 de Abril de 2010 - 23:00:07 WEST


Caros colegas,

Confesso que não sou grande entusiasta do dstar, como aliás não sou dos
ecolinques, eqsos e quejandos.
Não acredito que seja "o futuro", embora sem dúvida venha a fazer parte
dele, provavelmente junto com outros modos DV e largas dezenas de diferentes
modos de comunicação.

Acho que se está a desperdiçar muito do seu potencial de investigação por
parte dos amadores, concentrando-se estes muito mais nas suas
características de operação em rede (conectividade), e muito menos na
codificação digital da voz. Parece-me que este segundo problema deveria ser
de muito mais interesse para os radioamadores do que o primeiro.

Honestamente, a questão do codec parece-me uma falsa questão.
Em primeiro lugar, não creio que o codec AMBE tenha "o intuito de obscurecer
o
significado ou tornar a comunicação pouco clara ou imperceptível". Bem antes
pelo contrário, suspeito que o seu objectivo seja tornar a comunicação o
mais clara e perceptível possível, em todas as circunstâncias.
Em segundo lugar, o argumento de que o codec é proprietário tem pouquíssima
importância. O custo do chip codec é comparável ao que tinha um transistor
há alguns anos, quando era comum os amadores comprarem-nos, e estão
disponíveis a qualquer um que o queira comprar. É feio mas é prático e
também disso se faz o radioamadorismo.
Finalmente, o protocolo dstar é aberto e o codec pode ser substituido. Quem
queira fazer um novo codec "aberto" para substituir o AMBE, pode fazê-lo.
Até que o faça, não julgo interessante ou útil estar a reclamar do único que
existe e funciona. O dstar pode ter muitos defeitos, mas é o sistema que
trouxe na prática a voz digital para o radioamadorismo.

Quanto à substituição dos repetidores analógicos por dstar, isso tem muito
que se lhe diga:

1. Todo o conceito de repetidores de V/UHF (analógicos ou não) merecia ser
discutido. O modelo actual que assenta em repetidores regionais não parece
ser adequado às necessidades dos amadores, e não sei se não seria preferível
pensar-se numa estrutura com maior quantidade de repetidores locais, com
eventual capacidade de interligação.

2. Por muito impressionantes que sejam as estatísticas do dstar, a sua
utilização continua a ser certamente minoritária, e creio bem que a vasta
maioria dos amadores ainda não terá essa capacidade.

3. As características "diferentes" dos repetidores dstar não lhes são na
prática conferidas pela sua componente de RF mas sim pela sua conectividade.
Ora enquanto a primeira é a que diz respeito mais directamente aos
radioamadores pelo uso dos seus transceptores, a segunda é na prática a mais
comercial, assentando na rede pública de telecomunicações, e está muito fora
do controle e acesso pelos amadores. Veria com mais interesse uma
interligação de múltiplos repetidores analógicos, ou dstar mas via linque
dedicado de amador, do que dstar assente na rede pública.

4. Os radioamadores são simultaneamente progressistas e conservadores.
Embora queiram e gostem das coisas novas, não deitam nada fora e não
dispensam as coisas velhas. Isto daria pano para mangas noutros tópicos, mas
para já e neste contexto a ideia a reter é que os modos analógicos estão
para lavar e durar, e se o dstar quiser espaço terá de o conquistar. Creio
que não repugnaria ninguém reservar o dstar às faixas de UHF e superiores,
por exemplo.

5. Pelas suas características, a voz digital é particularmente adequada às
comunicações com condições constantes de razoáveis para boas, isto é, sinais
bons para comunicações em linha de vista. Não se presta para DX ou para
utilizações móveis ou portáteis. Seja como for, há certamente por aí colegas
com conhecimentos e experiência para partilhar neste domínio.

Cumprimentos,
António Vilela
CT1JHQ



2010/4/28 João Gonçalves Costa <joao.a.costa  ctt.pt>

> Boa tarde colega Mário Osório, CT2HTM.
>
> Subscrevo totalmente a sua opinião e permita-me somente um acrescento neste
> paragrafo.
> " As potencialidades são enormes, e num país de pequena dimensão como o
> nosso bastavam meia dúzia de repetidores VHF no continente e outra meia
> dúzia nas regiões autónomas para termos o país coberto!"
>
-------------- próxima parte ----------
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