ARLA/CLUSTER: Na minha humilde opinião o Dstar tem futuro...

José Miguel Fonte etjfonte ua.pt
Quinta-Feira, 29 de Abril de 2010 - 00:37:26 WEST


Viva colega Pedro,

O exemplo de criptografia foi meramente uma analogia. Também sei que 
estou a ser um pouco radical mas o ponto principal é a filosofia que 
está por trás deste modo de comunicação, D-STAR.

O exemplo que deu do GSM é exactamente o que se passa no D-STAR. Se eu 
fizer um codec para implementar um vocoder, embeber o algoritmo num DSP, 
tornando um sistema fechado, fornecendo uma API para desenvolvimento e 
posteriormente patentear a solução, garanto que ninguém poderá fazer 
engenharia reversa, provavelmente dificultada pelo próprio sistema, para 
implementar uma solução compatível.

A cifra é o próprio codec pois sem ter, fisicamente, a implementação em 
hardware, não conseguirá usufruir do mesmo.

Se reparar, na página do fabricante, o AMBE não é mais do que um DSP da 
Texas Instruments com o codec embebido.

Quanto ao FM e AM, também poderia dizer que o FSK (ou AFSK e modos 
derivados - RTTY, AX.25...), o PSK (e derivados), SSTV ou mesmo o CW são 
formas de codificar o sinal.

Pois bem, a questão é que TODOS este modos ou técnicas de modulação são 
do conhecimento público, ou seja, se escutar, por exemplo, uma 
transmissão em RTTY posso não perceber nada (óbvio) mas se quiser 
implementar ou construir um receptor posso fazê-lo; tenho toda a 
documentação necessária para o fazer e posso fazê-lo de várias maneiras 
(formas). Com o D-STAR simplesmente não posso. Posso ter um rádio capaz 
de transmitir e receber em GMSK, implementar o protocolo D-STAR num 
qualquer microprocessador mas depois fico com a informação de DV 
(digital voice) codificada sem forma de a descodificar (ou codificar) 
sem recorrer a um integrado da empresa que o desenvolveu.

Em aplicações comerciais tudo bem, mas no serviço de amador e amador por 
satélite, isto é simplesmente inaceitável.

Quanto à questão do Analógico Vs. Digital, deixo o meu comentário para 
depois, no entanto o digital anda aí à imenso tempo. Isto é 
simplesmente, Propaganda.

73 de ct1enq

Pedro Ribeiro (CR7ABP) escreveu:
> Codificação é diferente de cifra, se assumirmos que o áudio 
> digitalizado ao ser codificado é uma forma de obfuscação, também se 
> teria de aceitar a modulação FM como tal já que não transmite o sinal 
> de banda base directamente "transladado" na frequência, como o AM ou o 
> SSB o faz ...
>
> Eu não conheço quase nada do DSTAR mas diria que o codec apenas 
> codifica o a voz da forma mais eficiente que consegue, para minimizar 
> a ocupação de largura de banda, tentando por outro lado dar a melhor 
> qualidade possível de voz (à semelhança do que os codecs do GSM fazem 
> nos telemóveis), no entanto no GSM os dados são cifrados e 
> supostamente só o terminal e o operador conseguem decifrar o que passa 
> no canal.
> No DStar diria que o resultado da codificação passa em claro no éter, 
> apenas encapsulado em células semelhantes à do ATM (Asynchronous 
> Transfer Mode) usado à uns anos para suportar as ligações de alta 
> capacidade, tipicamente entre "centrais" da rede fixa.
> Qualquer terminal que tenha o codec consegue escutar, sem precisar de 
> uma chave "secreta" de decifra ...
>
> Em relação à minha opinião sobre este, é mista ...
> - Acho que é o futúro inevitável a digitalização
> - Trás muitas vantagens que resolvem complicações chatas que hoje em 
> dia em analógico e que já são um bocado incomodas (ex. mensagens 
> curtas de texto, identificação automática, transmissão embebida de 
> dados opacos)
> - Acho que a dependência de recursos externos não controlados pela 
> comunidade (ligações Internet de operadores) é um contra-senso quando 
> se costuma defender os amadores pelo aspecto de que conseguem 
> comunicar quando o resto todo vai abaixo ...
> - Odeio o facto de usar um codec proprietário e que me parece 
> abusivamente explorado comercialmente e muito estranho ainda não terem 
> aparecido marcas concorrentes a disponibilizar uma plataforma em tudo 
> idêntica mas baseada num dos milhentos codecs abertos que andam por 
> aí, alguns provavelmente até mais eficientes na codificação que o do 
> DStar, provavelmente o do DRM seria um bom candidato a ocupar o cargo.
>
> Alguém tem uma ideia clara de como é actualmente o radio-amadorismo no 
> Japão, onde, tendo em conta que foram os inventores, o processo está 
> bem mais avançado.
> O analógico desapareceu? se ainda sobrevive, porquê?
> Que aplicações dão ao DStar para além das que já conhecemos?
>
> Convém aprendermos com os erros e sucessos dos outros, sempre 
> poderemos saltar uns degraus e chegar lá mais rápido e melhor ...
>
> 73!





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