<div>Caros colegas,<br><br>Confesso que não sou grande entusiasta do dstar, como aliás não sou dos ecolinques, eqsos e quejandos.<br>Não acredito que seja &quot;o futuro&quot;, embora sem dúvida venha a fazer parte dele, provavelmente junto com outros modos DV e largas dezenas de diferentes modos de comunicação.<br>

<br>Acho que se está a desperdiçar muito do seu potencial de investigação por parte dos amadores, concentrando-se estes muito mais nas suas características de operação em rede (conectividade), e muito menos na codificação digital da voz. Parece-me que este segundo problema deveria ser de muito mais interesse para os radioamadores do que o primeiro.<br>

<br>Honestamente, a questão do codec parece-me uma falsa questão.<br>Em primeiro lugar, não creio que o codec AMBE tenha &quot;o intuito de obscurecer o<br>significado ou tornar a comunicação pouco clara ou imperceptível&quot;. Bem antes pelo contrário, suspeito que o seu objectivo seja tornar a comunicação o mais clara e perceptível possível, em todas as circunstâncias. <br>

Em segundo lugar, o argumento de que o codec é proprietário tem pouquíssima importância. O custo do chip codec é comparável ao que tinha um transistor há alguns anos, quando era comum os amadores comprarem-nos, e estão disponíveis a qualquer um que o queira comprar. É feio mas é prático e também disso se faz o radioamadorismo.<br>

Finalmente, o protocolo dstar é aberto e o codec pode ser substituido. Quem queira fazer um novo codec &quot;aberto&quot; para substituir o AMBE, pode fazê-lo. Até que o faça, não julgo interessante ou útil estar a reclamar do único que existe e funciona. O dstar pode ter muitos defeitos, mas é o sistema que trouxe na prática a voz digital para o radioamadorismo.<br>

<br>Quanto à substituição dos repetidores analógicos por dstar, isso tem muito que se lhe diga:<br><br>1. Todo o conceito de repetidores de V/UHF (analógicos ou não) merecia ser discutido. O modelo actual que assenta em repetidores regionais não parece ser adequado às necessidades dos amadores, e não sei se não seria preferível pensar-se numa estrutura com maior quantidade de repetidores locais, com eventual capacidade de interligação.<br>

<br>2. Por muito impressionantes que sejam as estatísticas do dstar, a sua utilização continua a ser certamente minoritária, e creio bem que a vasta maioria dos amadores ainda não terá essa capacidade.<br><br>3. As características &quot;diferentes&quot; dos repetidores dstar não lhes são na prática conferidas pela sua componente de RF mas sim pela sua conectividade. Ora enquanto a primeira é a que diz respeito mais directamente aos radioamadores pelo uso dos seus transceptores, a segunda é na prática a mais comercial, assentando na rede pública de telecomunicações, e está muito fora do controle e acesso pelos amadores. Veria com mais interesse uma interligação de múltiplos repetidores analógicos, ou dstar mas via linque dedicado de amador, do que dstar assente na rede pública.<br>

<br>4. Os radioamadores são simultaneamente progressistas e conservadores. Embora queiram e gostem das coisas novas, não deitam nada fora e não dispensam as coisas velhas. Isto daria pano para mangas noutros tópicos, mas para já e neste contexto a ideia a reter é que os modos analógicos estão para lavar e durar, e se o dstar quiser espaço terá de o conquistar. Creio que não repugnaria ninguém reservar o dstar às faixas de UHF e superiores, por exemplo.<br>

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<div><br>5. Pelas suas características, a voz digital é particularmente adequada às comunicações com condições constantes de razoáveis para boas, isto é, sinais bons para comunicações em linha de vista. Não se presta para DX ou para utilizações móveis ou portáteis. Seja como for, há certamente por aí colegas com conhecimentos e experiência para partilhar neste domínio.<br>
<br>Cumprimentos,<br>António Vilela<br>CT1JHQ<br>
<br><br><br></div>
<div class="gmail_quote">2010/4/28 João Gonçalves Costa <span dir="ltr">&lt;<a href="mailto:joao.a.costa@ctt.pt" target="_blank">joao.a.costa@ctt.pt</a>&gt;</span><br>
<blockquote class="gmail_quote" style="border-left: 1px solid rgb(204, 204, 204); margin: 0pt 0pt 0pt 0.8ex; padding-left: 1ex;">Boa tarde colega Mário Osório, CT2HTM.<br><br>Subscrevo totalmente a sua opinião e permita-me somente um acrescento neste paragrafo.<br>

&quot; As potencialidades são enormes, e num país de pequena dimensão como o nosso bastavam meia dúzia de repetidores VHF no continente e outra meia dúzia nas regiões autónomas para termos o país coberto!&quot;<br>
</blockquote></div>