ARLA/CLUSTER: Re: Radioamadorismo – Necessita de um novo paradigma?

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 3 de Fevereiro de 2020 - 22:24:17 WET


A seg, 3/02/2020, 20:55, António Duarte Bebiano <ct1cpp  gmail.com> escreveu:

> Caros e ilustres colegas, boa noite.
>
> Existem profundas diferenças entre modernização e reinvenção por um lado,
> e evolução técnico-científica, por outro.
>
> A fachada de um edifício antigo pode ser modernizada/reinventada de um dia
> para o outro. A minha forma de vestir pode passar de antiga a moderna,
> decorridos excassos minutos.
>
> Sendo o radioamadorismo uma ciência, não me parece fazer sentido falar-se
> na sua modernização. As ciências não se modernizam, evoluem! A passagem do
> AM para o SSB não foi uma modernidade. As diferenças entre o CW e o FT8,
> são o produto de uma profunda evolução técnico-científica, considerando
> todos os fatores associados ao método-científico.
>
> Pensar-se que o radioamadorismo necessita de se transfigurar, vestindo
> novas vestes, para que de um dia para o outro passe de obsuleto a moderno,
> tratando de uma ciência, isso não existe.
> Não posso estar mais de acordo com a necessidade de um excelente marketing
> para recurtar gente nova. Todavia é necessário concretizar, de forma muito
> clara, como é que isso se faz!
> Como disse no meu primeiro post,  esse recrutamento não se fará por via
> de uma disputa entre o que os jovens conseguem com os seus smatphones e
> aquilo que os radioamadores conseguem com as suas estações. Disse isto
> porque todos os dias escuto colegas a dizer que muitos radioamadores
> deixaram a rádio porque estão na internet e que os jovens preferem a
> internet porque têm o mundo a seus pés, o que não conseguem na rádio. Por
> outras palavras, comparam, pondo dentro do mesmo saco a vertente lúdica com
> a técnica. Claro que num contexto recriativo, esta última sairá sempre a
> perder. Quis realçar que a abordagem não pode ser esta.
>
> O que eu proponho é o seguinte:
> Fazer-se um mapa do que é o radiamadorismo, ou seja, quais as suas grandes
> áreas de interesse técnico-ciêntifico. Como sabemos são imensas e todas
> eleas muito interessantes.
> De seguida, definir-se claramente qual o estado da arte em que cada uma
> delas se encontra e procurar evidenciar qual o obetivo a alcançar, a
> evolução pretendida, qual a melhor estratégia, qual o percurso desejável
> para a cada uma delas.
>
> Um bom universo de recrutamente poderá começar por ser feito junto dos
> estudantes na área das engenharias, por exemplo.
>
> Em suma, a meu ver é necessário identificar o alvo de recrutamento, a
> identificação clara das áreas técnico-científicas tendencialmente mais
> apelativas para estes jovens, captar o seu interesse e perceber se de facto
> têm algo a dar ao radioamadorismo e à comunidade. Tudo isto deverá ser
> embrulhado numa boa técnica de marketing e já agora, adequar a legislação
> portuguesa a esta estratégia.
>
> 73 – Duarte – CT1CPP
>
>
> domingo, 2 de Fevereiro de 2020 às 10:45:25 UTC, António Duarte Bebiano
> escreveu:
>>
>> Ilustres colegas, bom dia!
>>
>> Existe uma clara perceção de que o radioamadorismo em Portugal e um pouco
>> por todo o mundo, salvo raríssimas exceções, está em declínio, no que ao
>> número de radioamadores diz respeito.
>>
>> Aparenta não ser atrativo para os jovens do séc. XXI, nascidos já nesta
>> maravilhosa era digital. A continuar assim, por volta de 2050, poderá vir a
>> ter uma expressão meramente residual. Neste momento não pretendo abordar
>> aqui o problema da legislação portuguesa, no que à categoria 3 diz
>> respeito. Sobre esta questão em concreto, é pacífico que urge encontrar uma
>> solução para o problema, o qual constituiu mais uma acha para a fogueira do
>> declínio em causa.
>>
>> *Posto isto, coloca-se a seguinte pergunta**:*
>>
>> *O que fazer em Portugal e no mundo para atrair sangue novo para o
>> radioamadorismo**? *
>>
>> A resposta/discurso corrente alega a necessidade de repensar o
>> radioamadorismo, ou seja, um novo paradigma para as comunicações de amador.
>> Segundo esse linha, não faz sentido mostrar a um jovem, a beleza fascinante
>> de um contacto em HF, onde dois amadores se deliciam a conversar (e só pode
>> falar um de cada vez), envoltos num enorme QRM. Já nem vale a pena falar da
>> parafernália de equipamentos e antenas necessárias para o efeito, do seu
>> custo, das dificuldades de montagem, do espaço que ocupam e da chatice que
>> causam à vizinhança.
>>
>> Se um jovem sentado no carro do seu pai, a viajar a 150 km por hora, em
>> qualquer lugar, com um smartphone na mão, consegue estar em contacto com
>> cinco amigos, em cinco continentes diferentes, com imagem, som, texto, tudo
>> em alta definição, a 5G (sem necessitar de estudar para fazer exame de
>> amador), então o que é que o radioamadorismo terá de fazer para competir
>> com toda esta tecnologia de comunicação que fascina qualquer jovem? Ou
>> seja, como é que vamos arrancar o jovem desse paraíso e trazê-lo para o
>> radioamadorismo?
>>
>> Do meu ponto de vista, a primeira coisa a fazer é mudar os termos desta
>> abordagem, a qual já vai sendo um clássico e que me parece profundamente
>> errada.
>>
>> O radioamadorismo e as comunicações de amador não têm nada a ver com a
>> história do jovem do carro (discurso corrente). Daqui a seis meses a Aplle
>> fabricará um novo smatfhone, mais evoluído que o anterior, a Microsoft, a
>> Google, o FB e outras tecnológicas produzirão softwares mais evoluídos e
>> apelativos, as operadoras de internet oferecerão uma maior cobertura de
>> rede, maior velocidade e largura de banda e assim por diante. O jovem
>> apenas terá de pedir ao pai para lhe comprar o novo modelo de smartphone,
>> atualizar o contrato de fornecimento de internet e fazer o download dos
>> novos softwares. Não sabe quais são os princípios de funcionamento do
>> telemóvel, não sabe como funciona a rede de internet, não faz ideia do tipo
>> de ferramenteas que foram utilzadas para a criação dos softwares, nem lhe
>> interessa saber!
>>
>> Querer-se um novo paradigma para o radioamadorismo, pretendendo-se que
>> este ofereça um modelo de comunicação com uma atratividade superior aquela
>> que o jovem dispõe no seu smartphone, de modo a que ele se convença que o
>> radioamadorismo é mais interessante, útil e eficaz, desculpem-me mas o
>> radioamadorismo não compete com a internet, os smartphones, os computadores
>> e respetivos softwares/aplicaçãoes de comunicação. É caso para dizer, cada
>> macaco no seu galho.
>>
>> Dizer-se também que os radioamadores estão envelhecidos na idade isso
>> começa a ser uma evidência. Todavia, quanto ao seu saber técnico e
>> atualidade tecnológica, bem quanto ao melhor rumo e estratégia para o
>> futuro do radioamadorismo,  estão perfeitamente à altura dos desafios e
>> têm muito a ensinar aos poucos jovens que vão chegando, assim eles sejam
>> humildes e queiram aprender, ao contrádio do por vezes se quer fazer crer.
>>
>> *Querer-se reinventar o radioamadorismo, isso não existe!*
>>
>> O radioamadorismo é como um edifício, assente num conjunto de pilares
>> fundamentais, os quais têm em comum o estudo, a experimentação, o
>> desenvolvimento de técnicas, de equipamentos e acessórios que contribuem
>> para o desenvolvimento das comunicações rádio (hobby técnico). Os pilares
>> aos quais me refiro são o espetro radioalétrico, a propagação, as antenas,
>> a emissão de RF, a operação de satélites, a TV de amador, a relexão lunar,
>> a eletrónica (reparação, construção e modificação de equipamentos de rádios
>> e respetivos acessórios), o desenvolvimento de softwares de comunicações e
>> afins, e toda uma habilidade e conhecimentos técnicos variados aplicados na
>> montagem de uma estação e sua respetiva operação, considerando, entre
>> outras, as técnicas de operação em concurso. Não faço ideia o que significa
>> reinventar isto?
>>
>> Então fará sentido dizer-se que o radioamadorismo necessita de se
>> modernizar a fim de concorrer com a magia do smatphone, e do computador
>> ligado à internet e desse modo conseguir recrutar o nosso jovem?
>>
>> Quando se pergunta o que é que o radioamadorismo tem para oferecer aos
>> jovens, eu acho que se deverá perguntar sim, o que é que os jovens têm para
>> oferecer ao radioamadorismo?
>>
>> É importante captar o interesse dos jovens para as magias sim, associadas
>> às diversas áreas científicas que integram o radioamadorismo e fazer-lhes
>> sentir que o seu contributo pode ser importante e que tal constitui uma
>> fonte de satisfação pessoal.
>>
>> Deve-lhes ser perguntado se terão interesse pelo estudo e construção de
>> antenas, pela física solar/propagação, pelo desenvolvimento de softwares de
>> modo a tornar o FT8 obsuleto, isto meramente a título de exemplo. Todas as
>> áreas do radioamadorismo têm um grau de complexidade bastante elevado, são
>> em grande número e bastante diferenciadas. Cada uma delas está num estado
>> da arte em que se encontra e em todas elas é preciso avançar na produção de
>> conhecimento. Falar-se em reinventar o radioamadorismo, em modernizá-lo,
>>  parece-me um discurso estranho!!!
>>
>> O radioamadorismo necessita de jovens com conhecimento, com vontade de
>> aprender, mas também com valores éticos e morais.
>>
>> E nos entretantos, porque também existem outras coisas diferentes do
>> radioamadorismo,  porque não continuarmos a brincar e a comunicar com os
>> nossos smartphones e computadores ligados à internet?
>>
>> 73 – Duarte – CT1CPP
>>
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