ARLA/CLUSTER: O que damos como certo pode falhar um dia... sem aviso

fernando silva ct1dz1969 gmail.com
Domingo, 26 de Abril de 2020 - 23:19:57 WEST


Não terá sido os electroliticos da fonte que se cansaram?

A domingo, 26 de abr de 2020, 23:10, Miguel Andrade <ct1etl  gmail.com>
escreveu:

> Caros colegas,
>
>
>
> No momento em que enfrentamos uma grave crise de Saúde Pública e não
> podemos simplesmente passar na loja mais próxima ao fim de um dia de
> trabalho, nem que seja no percurso de regresso a casa, temos que dar largas
> à nossa criatividade para solucionar os problemas e a lucidez para os
> antecipar.
>
> Ao fim de 25 anos de serviço, com um cadastro impecável, a fonte de
> alimentação da minha estação de radiocomunicações cedeu perante o vírus
> Covid 19 das fontes de alimentação,  precisamente quando mais falta fazia,
> ou seja, nesta quadra de confinamento em que estou a bater todos os
> recordes de horas de radiocomunicações, enfim, ainda que num rácio de 2:1,
> ou seja, 2 horas de receção para cada 60 minutos de emissão/receção, pois a
> rádio tem sido a minha companhia em momentos como este, enquanto vos
> escrevo estas linhas tendo como cenário uma conhecida estação de
> radiodifusão em Ondas Curtas.
>
> Tudo se iniciou há cerca de uma semana, quando comecei a dar conta de
> algumas anomalias que se foram tornando mais e mais frequentes.
>
> Às primeiras manifestações dos sintomas não estamos alerta, porque são
> factos espaçados no tempo e fenómenos de curta duração, pelo que a ânsia
> de, por exemplo, conseguir aquela “figurinha” no DX impediu-me de ler os
> sinais e perceber o que os intermitentes ruídos estranhos no equipamento
> “vintage” de VHF/UHF anunciavam.
>
> O segundo sinal de alerta já não passou tão despercebido.
>
> Subitamente a ventoinha de refrigeração da fonte de alimentação tornou-se
> uma presença habitual e não apenas durante as emissões prolongadas ou com
> mais consumo de energia devido à potência de emissão.
>
> O terceiro presságio que ignorei foi o comportamento do sintonizador de
> antena exterior. Também este dispositivo que nunca me havia falhado antes,
> repentinamente perdia agora a sintonia, obrigando-me a desligar toda
> estação e a esperar que a tensão chegasse aos 0 voltes antes de voltar a
> ligar tudo de novo (sim, reconheço que um simples interruptor resolvia o
> reinício do sintonizador, sempre que necessário, mas nunca antes havia
> sentido necessidade de o ter sequer previsto no esquema elétrico).
>
> Por fim, para não ser demasiado fastidioso com todas as manifestações mais
> próprias de uma obra como o Malleus Maleficarum Maleficat & earum haeresim,
> ut framea potentissima conterens, mais conhecido como Malleus Maleficarum
> ou O Martelo das Bruxas (https://pt.wikipedia.org/wiki/Malleus_Maleficarum),
> o epílogo das exteriorizações quase “paranormais” deu-se quando o mais
> moderno equipamento da estação começou, inesperadamente, a cortar o cordão
> umbilical com o computador sem razão aparente.
>
> As consequências dessa quebra de comunicação só podem ser compreendidas e
> antecipadas pelos apreciadores de um bom contacto em comunicações digitais,
> nomeado pela frustração de quando o mesmo fica incompleto e o retomar da
> operação dependente de um reinício do programa (com a correspondente perda
> dos dados e registo) assim como da irritante necessidade de desligar e
> voltar a ligar o próprio transcetor.
>
> Não sendo a perda de vários contactos coisa de pouca mota, o epílogo foi
> ter que me levantar duas vezes durante uma noite, quando o equipamento
> estava apenas em receção em WSPR.
>
> Foi assustador. Parecia que o equipamento estava possuído por demónios
> eletrónicos, ligando-se e desligando-se por vontade própria e por vezes com
> uma intermitência e cadência tão assustadoras que me levou a desliga-lo de
> vez a meio da madrugada.
>
> De início o culpado encontrado foi o computador, o qual não foi parar à
> fogueira, mas foi prontamente substituído por outro, mais antigo é certo,
> mas ainda assim teoricamente mais fiável.  Na prática a solução encontrada
> verificou-se um malogro apenas em escassos dias.
>
> Como estes fenómenos eram aleatórios e pouco consistentes, lá fui
> preenchendo os meus dias de reclusão com muita rádio, como desde o início
> dos dias de isolamento social, até que ontem, durante o QSO na estação
> repetidora que assinala quase todos os meus Sábados, após as 21:30,
> precisamente durante uma pausa nas transmissões em VHF, o “modernaço”, que
> tinha como serviço recear em WSPR as estações na faixa dos 630 metros,
> entra subitamente em convulsões num ataque digno de uma forte acometida de
> epilepsia.
>
> Assutado pela ferocidade dos acontecimentos que afetaram pela primeira vez
> os 3 equipamentos que estavam ligados à mesma fonte, reparo, pela primeira
> vez, que no vintage a luminosidade dos seus instrumentos analógicos ia
> perdendo brilho de forma sincronizada com os achaques dos restantes.
>
> Além de desligar tudo, incluindo a própria fonte, muni-me de um multímetro
> digital, pois a escala analógica do voltímetro da fonte mal se movimentava.
>
> Mesmo sem consumo, as variações de tensão eram visivelmente rápidas e
> amplas, numa dança compreendida entre os 10 e os 14 voltes, com bruscas
> quedas aos 8 voltes (precisamente quando o “modernaço” se desligava, embora
> o vintage nunca perdesse a compostura para além da diminuição do brilho e
> da potência de emissão).
>
> Moral da história: não releguem para segundo plano incidentes ou sinais de
> alerta.
>
> Partilho esta história convosco para os mais distraídos e confiantes não
> arriscarem avarias desnecessárias e quiçá dispendiosas, por negligenciarem
> a monitorização de todos os elementos da estação, nomeadamente através de
> um voltímetro digital na(s) fonte(s) de alimentação ou o essencial aferidor
> da relação de ondas estacionárias, só para mencionar dois instrumentos
> essenciais à prevenção de avarias e dissabores.
>
> É importante também não negligenciar meios redundantes na estação.
>
> Por não ter uma outra fonte de alimentação de reserva, neste momento estou
> a fazer rádio à custa de uma bateria de 12 V 25 Ah, a transmitir apenas com
> 5 watts e a fazer contas de cabeça para calcular se tenho autonomia para
> deixar o “modernaço” toda a noite a receber WSPR num dos próximos dias, nem
> que tenha que programar a temporização do ecrã para os 2 minutos e suprimir
> completamente o som nos altifalantes, a fim de poupar mais uns minutos de
> autonomia.
>
> Já tive uma estação independente da rede elétrica e com uma autonomia de
> quase uma semana em termos energéticos, mas dei como certo que a minha
> única fonte de alimentação era o suficiente para assegurar muitos anos de
> rádio e agora estou a fazer gestão de recursos à moda da Apolo 13,
> lembram-se como foi? (https://pt.wikipedia.org/wiki/Apollo_13)...
> "Houston, tivemos um problema".
>
>
>
>
>
> Um abraço e...
>
>
>
> 73 de Miguel Andrade (CT1ETL)
>
> IM58js  CQ Zone 14   ITU Zone 37
>
> www.qrz.com/db/CT1ETL
>
>
> ______________________________________________________________
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