ARLA/CLUSTER: O que damos como certo pode falhar um dia... sem
aviso
Joo Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 27 de Abril de 2020 - 00:00:55 WEST
Dá toda a impressão Fernando que os condensadores electrólitos do Miguel
deram a "alma ao criador" mas por vezes, mas nem sempre deitam um cheiro
característico ou aquecem em demasia antes.
João Costa (CT1FBF)
A domingo, 26/04/2020, 23:47, fernando silva <ct1dz1969 gmail.com> escreveu:
> Não terá sido os electroliticos da fonte que se cansaram?
>
> A domingo, 26 de abr de 2020, 23:10, Miguel Andrade <ct1etl gmail.com>
> escreveu:
>
>> Caros colegas,
>>
>>
>>
>> No momento em que enfrentamos uma grave crise de Saúde Pública e não
>> podemos simplesmente passar na loja mais próxima ao fim de um dia de
>> trabalho, nem que seja no percurso de regresso a casa, temos que dar largas
>> à nossa criatividade para solucionar os problemas e a lucidez para os
>> antecipar.
>>
>> Ao fim de 25 anos de serviço, com um cadastro impecável, a fonte de
>> alimentação da minha estação de radiocomunicações cedeu perante o vírus
>> Covid 19 das fontes de alimentação, precisamente quando mais falta fazia,
>> ou seja, nesta quadra de confinamento em que estou a bater todos os
>> recordes de horas de radiocomunicações, enfim, ainda que num rácio de 2:1,
>> ou seja, 2 horas de receção para cada 60 minutos de emissão/receção, pois a
>> rádio tem sido a minha companhia em momentos como este, enquanto vos
>> escrevo estas linhas tendo como cenário uma conhecida estação de
>> radiodifusão em Ondas Curtas.
>>
>> Tudo se iniciou há cerca de uma semana, quando comecei a dar conta de
>> algumas anomalias que se foram tornando mais e mais frequentes.
>>
>> Às primeiras manifestações dos sintomas não estamos alerta, porque são
>> factos espaçados no tempo e fenómenos de curta duração, pelo que a ânsia
>> de, por exemplo, conseguir aquela “figurinha” no DX impediu-me de ler os
>> sinais e perceber o que os intermitentes ruídos estranhos no equipamento
>> “vintage” de VHF/UHF anunciavam.
>>
>> O segundo sinal de alerta já não passou tão despercebido.
>>
>> Subitamente a ventoinha de refrigeração da fonte de alimentação tornou-se
>> uma presença habitual e não apenas durante as emissões prolongadas ou com
>> mais consumo de energia devido à potência de emissão.
>>
>> O terceiro presságio que ignorei foi o comportamento do sintonizador de
>> antena exterior. Também este dispositivo que nunca me havia falhado antes,
>> repentinamente perdia agora a sintonia, obrigando-me a desligar toda
>> estação e a esperar que a tensão chegasse aos 0 voltes antes de voltar a
>> ligar tudo de novo (sim, reconheço que um simples interruptor resolvia o
>> reinício do sintonizador, sempre que necessário, mas nunca antes havia
>> sentido necessidade de o ter sequer previsto no esquema elétrico).
>>
>> Por fim, para não ser demasiado fastidioso com todas as manifestações
>> mais próprias de uma obra como o Malleus Maleficarum Maleficat & earum
>> haeresim, ut framea potentissima conterens, mais conhecido como Malleus
>> Maleficarum ou O Martelo das Bruxas (
>> https://pt.wikipedia.org/wiki/Malleus_Maleficarum), o epílogo das
>> exteriorizações quase “paranormais” deu-se quando o mais moderno
>> equipamento da estação começou, inesperadamente, a cortar o cordão
>> umbilical com o computador sem razão aparente.
>>
>> As consequências dessa quebra de comunicação só podem ser compreendidas e
>> antecipadas pelos apreciadores de um bom contacto em comunicações digitais,
>> nomeado pela frustração de quando o mesmo fica incompleto e o retomar da
>> operação dependente de um reinício do programa (com a correspondente perda
>> dos dados e registo) assim como da irritante necessidade de desligar e
>> voltar a ligar o próprio transcetor.
>>
>> Não sendo a perda de vários contactos coisa de pouca mota, o epílogo foi
>> ter que me levantar duas vezes durante uma noite, quando o equipamento
>> estava apenas em receção em WSPR.
>>
>> Foi assustador. Parecia que o equipamento estava possuído por demónios
>> eletrónicos, ligando-se e desligando-se por vontade própria e por vezes com
>> uma intermitência e cadência tão assustadoras que me levou a desliga-lo de
>> vez a meio da madrugada.
>>
>> De início o culpado encontrado foi o computador, o qual não foi parar à
>> fogueira, mas foi prontamente substituído por outro, mais antigo é certo,
>> mas ainda assim teoricamente mais fiável. Na prática a solução encontrada
>> verificou-se um malogro apenas em escassos dias.
>>
>> Como estes fenómenos eram aleatórios e pouco consistentes, lá fui
>> preenchendo os meus dias de reclusão com muita rádio, como desde o início
>> dos dias de isolamento social, até que ontem, durante o QSO na estação
>> repetidora que assinala quase todos os meus Sábados, após as 21:30,
>> precisamente durante uma pausa nas transmissões em VHF, o “modernaço”, que
>> tinha como serviço recear em WSPR as estações na faixa dos 630 metros,
>> entra subitamente em convulsões num ataque digno de uma forte acometida de
>> epilepsia.
>>
>> Assutado pela ferocidade dos acontecimentos que afetaram pela primeira
>> vez os 3 equipamentos que estavam ligados à mesma fonte, reparo, pela
>> primeira vez, que no vintage a luminosidade dos seus instrumentos
>> analógicos ia perdendo brilho de forma sincronizada com os achaques dos
>> restantes.
>>
>> Além de desligar tudo, incluindo a própria fonte, muni-me de um
>> multímetro digital, pois a escala analógica do voltímetro da fonte mal se
>> movimentava.
>>
>> Mesmo sem consumo, as variações de tensão eram visivelmente rápidas e
>> amplas, numa dança compreendida entre os 10 e os 14 voltes, com bruscas
>> quedas aos 8 voltes (precisamente quando o “modernaço” se desligava, embora
>> o vintage nunca perdesse a compostura para além da diminuição do brilho e
>> da potência de emissão).
>>
>> Moral da história: não releguem para segundo plano incidentes ou sinais
>> de alerta.
>>
>> Partilho esta história convosco para os mais distraídos e confiantes não
>> arriscarem avarias desnecessárias e quiçá dispendiosas, por negligenciarem
>> a monitorização de todos os elementos da estação, nomeadamente através de
>> um voltímetro digital na(s) fonte(s) de alimentação ou o essencial aferidor
>> da relação de ondas estacionárias, só para mencionar dois instrumentos
>> essenciais à prevenção de avarias e dissabores.
>>
>> É importante também não negligenciar meios redundantes na estação.
>>
>> Por não ter uma outra fonte de alimentação de reserva, neste momento
>> estou a fazer rádio à custa de uma bateria de 12 V 25 Ah, a transmitir
>> apenas com 5 watts e a fazer contas de cabeça para calcular se tenho
>> autonomia para deixar o “modernaço” toda a noite a receber WSPR num dos
>> próximos dias, nem que tenha que programar a temporização do ecrã para os 2
>> minutos e suprimir completamente o som nos altifalantes, a fim de poupar
>> mais uns minutos de autonomia.
>>
>> Já tive uma estação independente da rede elétrica e com uma autonomia de
>> quase uma semana em termos energéticos, mas dei como certo que a minha
>> única fonte de alimentação era o suficiente para assegurar muitos anos de
>> rádio e agora estou a fazer gestão de recursos à moda da Apolo 13,
>> lembram-se como foi? (https://pt.wikipedia.org/wiki/Apollo_13)...
>> "Houston, tivemos um problema".
>>
>>
>>
>>
>>
>> Um abraço e...
>>
>>
>>
>> 73 de Miguel Andrade (CT1ETL)
>>
>> IM58js CQ Zone 14 ITU Zone 37
>>
>> www.qrz.com/db/CT1ETL
>>
>>
>> ______________________________________________________________
>> Esta mensagem é da exclusiva responsabilidade
>> do seu autor e não representa nem vincula a posição
>> da ARLA - Associação de Radioamadores do Litoral Alentejano
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>> CLUSTER radio-amador.net
>> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
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