ARLA/CLUSTER: Perdoem-me o desabafo.

Afonso Marques amarques guiatel.net
Sábado, 25 de Maio de 2019 - 16:49:41 WEST


Os únicos comentários que entendo dever fazer, se me permitirem, são :

- análise realista e perfeita da actualidade dioamadoristica nacional .

- conclusões inegáveis

- bravo!

73

CT1RH

A sábado, 25/05/2019, 15:48, David Quental (CT1DRB) <ct1drb72  gmail.com>
escreveu:

> Os melhores cumprimentos aos caros colegas.
>
> Desde já aviso que este texto será um bocado longo e como tal não é
> aconselhável a colegas que não gostem de ler.
>
> Na altura em que eu era sócio da REP cheguei a conviver com alguns dos
> seus presidentes de direcção e um deles chegou a afirmar que não gostava de
> concursos (até aqui tudo bem) e que os colegas que participavam nos ditos
> concursos eram cuspidores de microfones (e aqui estragava a pintura toda).
>
> É óbvio que quem está neste hobby não é obrigado a gostar do que eu gosto
> como eu não sou obrigado a gostar do que os outros gostam, mas...há mínimos.
>
> Desde que consegui vencer a batalha com o condomínio, já lá vão alguns
> anos (mais precisamente em abril de 2012, como o tempo passa), que consegui
> instalar antenas, bem modestas por sinal, que permitem que eu faça alguma
> actividade e desde essa altura até agora já fiz cerca de 17215 qso’s.
>
> Bem entendido que alguns destes qso’s foram em portátil mas mesmo assim,
> apesar das minhas modestas condições, fico muito satisfeito com os números
> de acima pois muitos deles são devido aos diversos concursos em que eu
> participo.
>
> No entanto, uma coisa que salta à vista são as várias vezes em que sou
> campeão pelo nosso país, precisamente porque não há mais colegas
> portugueses, nos ditos concursos.
>
> A verdade é esta, se participo em concursos em Espanha há espanhóis a
> participarem, o mesmo se passa em França, Holanda, Bélgica, Alemanha,
> Suiça, Itália, Austria, República Checa, Polónia, Eslováquia, Croácia,
> Hungria, Roménia, Russia, Brasil, etc. Para falar a verdade não me lembro
> de nenhum concurso em que tenha participado em que os respectivos naturais
> não se façam presente a não ser, claro está, em concursos nacionais
> portugueses.
>
> Este contra-ciclo, demonstrado pelos exemplos acima, causa alguns
> constrangimentos. Se por um lado para quem participa, porque não há mais
> concorrência nacional, obtém boas classificações por outro lado há
> organizadores estrangeiros que se queixam da quase nula participação dos
> colegas portugueses e um deles, muito recentemente, pediu-me que divulga-se
> um dos últimos concursos em que participei.
>
> Talvez porque não desse o meu melhor, e mais uma vez, a participação de
> colegas portugueses foi outra vez baixa.
>
> O caso mais engraçado, e talvez o mais triste, é haver concursos
> patrocinados pelos colegas espanhóis em que o âmbito é peninsular e nem
> mesmo assim há participantes portugueses.
>
> Aqui convém ser justo, nos concursos em VHF, UHF e 1,2GHz patrocinados
> pelos colegas espanhois, tem havido bastante participação portuguesa e
> algumas honrosas classificações. No entanto, em HF e principalmente em CW,
> a participação é quase nula.
>
> Não quero dizer que não respeite as decisões individuais de cada um (a
> isso somos obrigados como cidadãos a viver num país democrático), mas,
> pensemos um bocado, será que é o melhor comportamento ?
>
> Voltemos ao inicio do meu texto. O tal presidente da REP, apesar de todo o
> respeito que merece a opinião dele acerca dos concursos, deixou de ter
> razão quando disse que quem participa eram cuspidores de microfones (não me
> lembro qual o nome que ele atribuía a quem fazia CW). Além de demonstrar
> alguma falta de respeito demonstrou igualmente uma enorme ignorância.
>
> Quando se participa num concurso há um sem número de áreas que temos de
> considerar:
>
> 1) que tipo de concurso vamos participar;
>
> 2) que tipo de antena iremos utilizar;
>
> 3) quais as melhores estratégias para fazer mais pontos ou multiplicadores;
>
> 4) que potência iremos utilizar;
>
> 5) que software iremos utilizar;
>
> 6) se se vai participar sozinho ou em equipa;
>
> 7) caso vá participar em equipa decidir que tipo de material cada um dos
> elementos irá disponibilizar;
>
> 8) coisas tão simples como adquirir viagens de avião se vai participar num
> concurso no estrangeiro ou num ponto mais afastado;
>
> 9) saber operar com a propagação, ou a falta dela;
>
> 10) saber utilizar os meios ao nosso alcance para aumentar a rentabilidade.
>
> E com certeza há muitos mais pontos que se podem considerar e talvez mais
> importantes dos que eu aqui enumerei.
>
> O que quero dizer é muito simples, tudo o que provoque, no bom sentido,
> tráfego nas nossas bandas é sempre positivo seja em concursos como em
> actividades de outro tipo.
>
> Igualmente há quem critique a atitude dos nossos colegas espanhóis que
> enchem os 40 metros com actividades e concursos durante os fins de semana.
> Lamento não estar de acordo com quase todos os colegas portugueses, mas
> eles é que estão certos.
>
> Também são levadas a cabo activações nacionais igualmente interessantes
> com conteúdo histórico e, mais uma vez, a participação portuguesa é muito
> baixa. Sei de fonte segura que há colegas espanhóis que agradecem este tipo
> de activações o que é sempre bom de ouvir.
>
> Por isso pergunto, aonde estão os cerca de 6000 radioamadores portugueses ?
>
> Nas bandas de radioamadores não devem estar.
>
> Outro pormenor que me deixa algo triste é o seguinte:
>
> como todos sabem o facto de ser radioamador hoje em dia poderá levar, de
> acordo com as possibilidades de cada um, a um empate de capital
> considerável e mesmo levar vários colegas a fazerem sacrifícios para
> adquirem os seus equipamentos e respectivos materiais associados. É para
> mim algo estranho saber de colegas que fizeram consideráveis esforços
> monetários para depois não fazerem qualquer tipo de actividade. A esta
> atitude, perdoem-me os colegas, chama-se esbanjar.
>
> É lógico que cada um faz aquilo que bem entender da sua propriedade, mas
> qual a lógica de ter um rádio, que transmite e recebe, para depois não o
> usar ? Se não quer usar para transmitir mais vale comprar um receptor. Se
> nem mesmo assim quer ser um SWL nem vale a pena comprar qualquer tipo de
> equipamento.
>
> Sem querer alongar este meu extenso texto quero deixar no ar as seguintes
> perguntas:
>
> será que vale a pena comprar equipamentos para o VHF, UHF ou 1,2 Ghz, como
> o IC-9700 por exemplo ?
>
> Ou comprar mais material adicional para depois não ser usado por falta de
> actividade no VHF, UHF e nos 1,2 Ghz ?
>
> Com os melhores 73/88.
>
>
> CT1DRB
>
> David Quental
>
>
> ______________________________________________________________
> Esta mensagem é da exclusiva responsabilidade
> do seu autor e não representa nem vincula a posição
> da  ARLA - Associação de Radioamadores do Litoral Alentejano
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