ARLA/CLUSTER: Veleiros robóticos participam em regata no Rio Lima em Viana do Castelo de 5 a 10 de setembro

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 29 de Agosto de 2016 - 14:02:25 WEST


ROBÓTICA <http://observador.pt/seccao/tecnologia/robotica-tecnologia-2/>Estes
veleiros navegam sozinhos e podem salvar vidas
Veleiros robóticos de 9 países participam numa regata em Viana do Castelo
para mostrar que os barcos autónomos podem poupar energia e salvar vidas,
explicou o investigador Nuno Cruz ao Observador.

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A tecnologia que permite fazer um veleiro navegar sozinho "já atingiu um
elevado nível de maturidade", e já é possível pensar em vantagens práticas,
explica ao Observador o investigador Nuno Cruz

FEUP/INESC TEC
Autor

   - João Francisco Gomes




O Rio Lima, em Viana do Castelo, vai ser o palco de umaregata de barcos
robóticos. Leu bem: uma corrida develeiros que navegam completamente
sozinhos, sem tripulação. A iniciativa, organizada pela Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), e pelo Instituto de Engenharia
de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC), pretende ser
“sobretudo uma mostra de tecnologiaâ€, nas palavras de Nuno Cruz, um dos
mentores do projeto.

Em declarações ao Observador, Nuno Cruz, investigador do Centro de Robótica
e Sistemas Autónomos do INESC TEC e docente na FEUP, explica que “além das
tradicionais regatas, pretende-se avaliar o desempenho dos robôs em
situações típicas de navegação como, por exemplo, na deteção e desvio de
obstáculosâ€.
Como funciona um veleiro autónomo?

A FEUP e o INESC TEC também participam na corrida, com o veleiro FASt. Este
barco, resultado de um projeto que já remonta a janeiro de 2007, tem 2,5
metros de comprimento, e foi parcialmente construído com materiais
compósitos.

O barco está equipado com um conjunto de sensores essenciais para a
navegação, como um recetor GPS, uma bússola digital, medidores da
velocidade e direção do vento, da temperatura da água, da luz ambiente, da
velocidade da corrente de água e ainda um sonar para detetar obstáculos no
percurso. A energia necessária ao funcionamento dos sistemas é obtida
através de um painel solar, existindo ainda capacidade de armazenamento
para permitir o funcionamento durante grandes períodos de tempo.

São os dados obtidos de forma permanente por estes sistemas que permitem ao
veleiro “tomar decisõesâ€, acionando pequenos motores elétricos que permitem
manobrar o leme e orientar as velas. Basta à equipa inserir no*software *os
pontos onde o barco deve passar e a navegação dá-se de forma autónoma.



De acordo com o investigador, esta tecnologia, que permite fazer um veleiro
navegar sozinho, “já atingiu um elevado nível de maturidadeâ€, e já é
possível pensar em vantagens práticas. “É fácil antever uma embarcação
completamente autónoma e autossuficiente do ponto de vista energético a
patrulhar uma zona da nossa costa de forma contínua, dia e noiteâ€, garante
Nuno Cruz.

Para o investigador, a introdução destes barcos autónomos no sistema
de patrulhamento
da costa iria reduzir “o custo de operações a uma pequena fração do custo
atualâ€. “No caso de detetar alguma situação fora do comum, [o barco] pode
reportar a um centro de coordenação ou controlo costeiroâ€, centro esse que
“pode supervisionar um grande conjunto de barcos autónomosâ€, esclarece Nuno
Cruz. Devidamente programados, estes barcos podem servir para a
“monitorização ambiental, proteção e segurança ou deteção e prevenção de
atividades ilegaisâ€.
Veleiros “inteligentes†podem ajudar a poupar energia. E tempo.

A tecnologia pode permitir ainda — “a mais longo prazoâ€, reconhece Nuno
Cruz — “a redução da fatura energética em grandes navios, por exemplo
no transporte
de cargas“. O investigador explica que “além do aproveitamento da força do
vento em cada local, a incorporação de modelos de previsão meteorológica
permite o planeamento dinâmico de rotas, no sentido de melhorar o consumo
global de combustível ou a rapidez na viagemâ€.

O tradicional «piloto automático», que apenas controla a direção do barco,
passa a ser mais inteligente e capaz de fazer o papel de marinheiro,
planeando as rotas e lidando com as velas e o lemeâ€, explica Nuno Cruz.

Essencialmente, podemos olhar para dois grandes tipos de aplicações desta
tecnologia. Por um lado, o sistema pode funcionar como auxílio em barcos
tripulados, servindo, por exemplo, para reduzir o impacto ambiental. “A
utilização do vento como forma de propulsão pode reduzir os custos
energéticos e o impacto ambientalâ€, afirma o responsável do projeto. Esse
processo será, em teoria, mais eficiente se for feito com recurso aos
cálculos do sistema.

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   <http://observador.pt/2016/08/21/estes-veleiros-navegam-sozinhos-e-podem-salvar-vidas/#>
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   <http://observador.pt/2016/08/21/estes-veleiros-navegam-sozinhos-e-podem-salvar-vidas/#>

Os vários sistemas permitem ao barco navegar de forma autónoma.
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FEUP/INESC TEC
4 fotos
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O sistema pode, por outro lado, estar ao serviço dos cidadãos. “Pode haver
situações inesperadas em que esta possibilidade pode salvar vidas, como no
caso de uma indisposição súbitaâ€, exemplifica Nuno Cruz. “Outro exemplo é a
queda acidental à água, que pode ser fatal a um navegador solitário. Uma
embarcação ‘inteligente’ poderia facilmente detetar a queda, lançar um
sinal de alerta e manter-se nas proximidadesâ€, acrescenta o investigador.
Além disso, os veleiros robóticos podem “estender o usufruto da vela a
pessoas com deficiências graves ou mobilidade reduzida, ou simplesmente a
quem quer desfrutar da vela de forma despreocupadaâ€.

Outro investigador responsável pelo evento, José Carlos Alves — também
professor na FEUP –, sublinha mesmo a “importância que os veleiros
robóticos têm no contexto da monitorização do oceano quer em ações de
vigilância costeira quer pela capacidade que oferecem em termos de dados
oceanográficosâ€.

O evento decorre nos próximos dias 5 a 10 de setembro, no Rio Lima, em
Viana do Castelo. No primeiro dia, os vários participantes encontram-se na
Marina de Viana para os treinos. De 6 a 9, acontecem as diferentes provas,
nas diversas categorias. O campeonato termina no sábado, dia 10 de
setembro, com uma conferência que inclui apresentações de trabalhos
científicos sobre embarcações à vela robóticas, esclarece a organização.
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