Re: ARLA/CLUSTER: Off Topic: Crescente contorversia sobre o Modelo Padrão da Cosmologia e a Primeira Evidência Direta da Inflação Cósmica

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 24 de Março de 2014 - 16:08:40 WET


Caro Luís (CS7AEL),

Tenho sérias duvidas se percebeste bem o artigo do Professor
Catedrático Jubilado - Domingos Savio de Lima Soares - doutorado em
Física e Astrofísica entre outras pela Groningen University da Holanda
e Pós-Doutorado pela Cornell University dos Estados Unidos e com
extensos trabalhos científicos em  astrofisica extragalactica,
galaxias binarias, grupos de galaxias e aspectos historicos e
conceituais da cosmologia

E é neste tema, aspectos historicos e conceituais da cosmologia, que
nos chama a atenção a todos para que o estudo agora apresentado, e
independentemente do seu mérito cientifico, se reporta ao modo
polarizado detectado pelo BICEP2  que representa um contraste na
Radiação de Fundo de Micro-ondas (RFM) de 1 parte em 10.000.000. Como
descreve o professor; "  1 parte em dez milhões corresponde a um
desvio de lisura extraordinariamente pequeno e, consequentemente,
extremamente difícil de ser observado experimentalmente,
principalmente se considerarmos a enorme quantidade de fontes de ruído
— instrumentais e de emissões celestes espúrias — existentes, e que
perturbam em conjunto" . Se aqui já é difícil, não poder admitir
existir um erro por muitíssimo reduzido que seja, partir para tudo o
resto é arriscar em demasia e pôr fé na questão.

Outra coisa que nos chama indiretamente à atenção é a absoluta
submissão atualmente existente da comunidade cientifica para com o
Modelo Cosmológico Padrão.

Neste aspecto convido todos os que se possam interessar pelo tema para
visualizarem os dois episodos da serie "The Cosmology Quest"
disponível no Youtube em:
www.youtube.com/watch?v=IFFl9S39CTM
 e www.youtube.com/watch?v=Sb_EWnXCu2w

João Costa (CT1FBF)

Em 23 de março de 2014 18:10, Luís Garcia Filipe
<afterhours36  gmail.com> escreveu:
>
>
> A fé!
>
> A eterna perseguição da "fé" á ciência, uma guerra milenar, sem dúvida
>
> Eu terei "fé", quando, as religiões deste mundo e os seus arquitectos, nos
> forneçam:
>
> -Vacinas para doenças incuráveis
> -O apoio inconfessável aos fracos e pobres
> - Nos forneçam tecnologia verde e sustentável
> - Nos devolvam mais de 1000 anos de atraso de evolução cientifica
> - E que devolvam a vida a milhões de pessoas mortas em nome da "fé"
> -Que nos forneçam tecnologia para o Homem colonizar o espaço (assim sempre
> podem ir pregar para outras freguesias)
>
> Até lá era bom que não metessem o bedelho na descoberta cientifica, que
> tanto tem ajudado o progresso humano
>
> ".... O conceito de fé, eminentemente religioso, tem também o seu
> lugar no domínio científico, mas sempre em pequeníssima dose.."
>
> HAHAHAH Boa tentativa, assim se forjam os grandes charlatães e políticos,
> colar-se aquilo que nada tem a ver.
>
>
> COSMOLOGIA?
>
>
> HE PÁ, dediquem-se á física
>
> Juntem-se ao relvas e vão estudar
>
> Resto de um "SANTO" domingo :)
>
> 73,
>
>
> CS7AEL
>
>
>
>
> No dia 23 de Março de 2014 às 17:03, João Costa > CT1FBF <ct1fbf  gmail.com>
> escreveu:
>>
>> A inflação cósmica: fé de mais
>>  Domingos S.L. Soares
>>  21 de março 2014
>>
>> Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova
>> das coisas que se não veem.
>> Hebreus 11, 1 — Paulo de Tarso, ca. 70
>>
>> Andar com fé eu vou, que a fé não costuma “faiá”.
>> Andar com fé — Gilberto Gil, 1985
>>
>> Prólogo
>>
>> Este artigo trata essencialmente de questões de fé. As palavras do
>> sábio turco apresentam a definição de fé, enquanto que os versos do
>> músico baiano declaram o otimismo em relação às perspectivas de seus
>> desígnios. O conceito de fé, eminentemente religioso, tem também o seu
>> lugar no domínio científico, mas sempre em pequeníssima dose. De fato,
>> a fé é inerente a toda e qualquer atividade humana. Ela só chama a
>> atenção quando presente em doses elevadas, ou seja, fé de mais
>> assusta, pela desvinculação exagerada da realidade. Em outras
>> palavras, anuncia comportamento irregular. Tratarei de um caso destes,
>> no domínio da ciência, especificamente, na cosmologia moderna, no
>> Modelo Padrão da Cosmologia (MPC).
>>
>> O MPC, conhecido vulgarmente como Modelo do Big Bang ou do Estrondão,
>> é um exemplo vivo onde a fé é de mais. O modelo só prevalece porque os
>> seus defensores têm a inabalável fé de que várias suposições inerentes
>> ao MPC um dia tornar-se-ão comprovadas. A inflação cósmica é uma
>> destas suposições. Menciono outras a seguir, associadas ao balanço de
>> matéria-energia do universo, segundo o MPC.
>>
>> matéria bariônica: 4%, sendo 0,5% de matéria luminosa e 3,5% de matéria
>> escura
>> matéria não bariônica (só escura): 23%
>> energia escura: 73%
>> total: 100%
>>
>> O modelo atual do universo é espacialmente plano. O espaço-tempo é
>> curvo já que, neste instante cósmico, o modelo possui expansão
>> acelerada. A aceleração é causada pela energia escura.
>>
>> No balanço descrito acima há pelo menos três artigos de fé. O modelo
>> exige matéria bariônica, que é outro nome para a matéria usual,
>> constituída por prótons e nêutrons, em quantidade superior ao que é
>> observado. Há dezenas de anos tem-se a fé de que em algum dia os
>> bárions faltantes serão encontrados. O MPC exige também grande
>> quantidade de matéria exótica, a chamada matéria não bariônica. Há
>> mais de 30 anos tem-se a fé de que ela será encontrada, apesar de não
>> se saber nem o que ela seja. E agora o artigo de fé maior, a crença no
>> “monstro” desconhecido da energia escura, a qual acelera a expansão do
>> universo e nos remete a um futuro em que até os constituintes mais
>> básicos da matéria serão finalmente desintegrados! Tal excrescência
>> natural, cuja existência foi proposta há mais de 20 anos, é totalmente
>> desconhecida — sabe-se apenas que deve ser uma forma de energia.
>> Existem inúmeras teorias sobre a sua natureza, mas permanece a
>> inabalável fé de que um dia ela será encontrada.
>>
>> Em cima de tudo isto, em cima de fé de mais, ainda sobra espaço para
>> mais um artigo de fé, qual seja, a inflação cósmica, o objeto deste
>> singelo artigo.
>>
>> A notícia
>>
>> No dia 17 de março passado, o Harvard-Smithonian Center for
>> Astrophysics anunciou em nota para a imprensa, sob o título “Primeira
>> Evidência Direta da Inflação Cósmica”, a seguinte notícia:
>>
>> “Há quase 14 bilhões de anos, o universo em que habitamos explodiu
>> para existência em um extraordinário evento que iniciou o Estrondão.
>> Na primeira fugaz fração de um segundo, o universo expandiu
>> exponencialmente, esticando-se muito além da visão de nossos melhores
>> telescópios. Tudo isto, é claro, era apenas teoria.
>>
>> Pesquisadores da colaboração BICEP2 anunciaram hoje a primeira
>> evidência direta desta inflação cósmica. Seus dados representam também
>> as primeiras imagens de ondas gravitacionais, ou ondulações no
>> espaço-tempo. Tais ondas têm sido descritas como os “primeiros
>> tremores do Estrondão”. Finalmente, os dados confirmam uma conexão
>> profunda entre mecânica quântica e relatividade geral.
>> (...)” A nota completa está em www.cfa.harvard.edu/news/2014-05.
>>
>> Comentarei os dois primeiros parágrafos reproduzidos em tradução livre
>> acima. Trata-se de uma pérola da arrogância pseudocientífica que
>> assola a comunidade cosmológica dominante, cujo fundamento é a fé.
>> Vamos lá.
>>
>> O extraordinário evento que, do nada, explodiu é a inflação cósmica,
>> ou seja, uma perturbação estrondosa na quietude e limpidez do nada.
>> Foi esta perturbação provocada por algo ou por alguém? Muito bem, ela
>> foi provocada por Alan Guth, através de palavras escritas em 1980 no
>> prestigioso periódico científico estadunidense Physical Review D.
>> Guth, britanicamente, deu o preciso instante do ocorrido: é a tal
>> “fugaz fração de um segundo” mencionada acima. A poesia dos termos
>> diminui o impacto do que Guth quis dizer, i.e., a fração de 1 segundo
>> dividido por dez trilhões de trilhões de trilhões. Em potência de dez:
>> 10-37 segundo. Foi este o momento da ocorrência extraordinária. Em
>> seguida a nota comete um salto extemporâneo: o universo expandiu (...)
>> muito além da visão de nossos melhores telescópios. O universo criado
>> pela inflação é muito maior do que a “pequena” porção que tornar-se-ia
>> acessível aos observadores humanos.
>>
>> BICEP, Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarization
>> (Imageamento do Fundo de Polarização Extragaláctica Cósmica), é o nome
>> genérico de uma série de experimentos destinados a medir a polarização
>> da Radiação de Fundo de Micro-ondas (RFM). BICEP2 é um destes
>> experimentos. Trata-se de um radiotelescópio localizado no Polo Sul,
>> onde o meio ambiente seco, gelado e com enorme limpidez atmosférica
>> reproduzem da melhor forma, em terra, as condições prevalecentes em um
>> observatório espacial. Pois bem, os pesquisadores do BICEP2
>> encontraram os sinais da inflação cósmica, ocorrida há 14 bilhões de
>> anos. Mesmo tendo sido produzidos há tanto tempo, eles foram
>> detectados agora. E com a fidedignidade suficiente a ponto de serem
>> anunciados em vários meios científicos e leigos de comunicação. A
>> putativa descoberta justifica desta forma todos os recursos
>> financeiros nela investidos. E tem mais. Não só a inflação cósmica foi
>> evidenciada. De um só golpe, o BICEP2 esclareceu vários outros
>> mistérios da ciência moderna: a existência das ondas gravitacionais,
>> uma previsão ainda não comprovada da Teoria da Relatividade Geral de
>> Albert Einstein (1879-1955) e a natureza quântica da própria
>> gravitação einsteiniana. Não é só isto, no entanto. Para que a
>> inflação cósmica seja uma realidade é necessário que o próprio MPC
>> seja válido! Então, de quebra, o BICEP2 comprovou necessariamente a
>> existência da matéria escura bariônica, da matéria escura não
>> bariônica e da energia escura. Nada mal para um só experimento. Bota
>> fé que a fé não costuma “faiá”, canta o bom baiano.
>>
>> O Estrondão
>>
>> Deixemos de pessimismo, tenhamos fé, e falemos um pouco sobre as
>> realizações do BICEP2. Farei o possível para explicar o que eu mesmo
>> tentei entender a partir das diversas notas entusiasmadas divulgadas
>> recentemente. Farei primeiro uma analogia do tecido espaçotemporal com
>> a superfície tranquila e límpida de um lago. Peçamos a ajuda de Alan
>> Guth em nossa história. Quer dizer, vamos agora brincar de Guth.
>>
>> Guth lança uma pedra para o alto, de forma que ela caia sobre o lago.
>> A pedra produzirá ondas circulares que se propagarão pela superfície
>> do lago. Estas ondas, diremos, são circularmente polarizadas. Mas ao
>> mesmo tempo em que estas ondas circulares são produzidas também o são
>> outras ondas de polarizações diferentes, as quais são imperceptíveis
>> aos nossos olhos. Outros modos de polarização são produzidos, na
>> linguagem da polarimetria. Entre estes modos estão modos lineares,
>> i.e., perturbações lineares na superfície do lago, semelhantes às
>> oscilações para frente e para trás de uma criança numa gangorra.
>>
>> Voltemos agora ao nosso objeto, a inflação cósmica. Guth joga agora
>> uma “pedra”, que tem o sugestivo nome de infláton, sobre a singeleza
>> do nada — atenção, o tecido espaçotemporal ainda não existe. Guth vai
>> criá-lo com o infláton, através dos eventos que se seguem. Duas coisas
>> simultâneas ocorrem: o infláton cria o tecido do espaço-tempo e
>> perturba-o, como uma pedra o faz na superfície do lago. As ondas
>> produzidas no tecido espaçotemporal denominam-se ondas gravitacionais.
>> São análogas às ondas mecânicas que ocorrem na superfície do lago. Da
>> mesma forma como ocorre no lago, temos aqui também vários modos de
>> polarização.
>>
>> As ondas gravitacionais, por sua vez, produzem perturbações
>> equivalentes na RFM. A RFM torna-se, portanto, polarizada com vários
>> modos diferentes. O modo detectado pelo BICEP2 foi um modo linear,
>> devido a facilidades experimentais, apesar desta perturbação ser muito
>> menor do que outros modos. A RFM é um fundo observado no céu em
>> micro-ondas extremamente uniforme. O modo detectado pelo BICEP2
>> representa um contraste na lisura da RFM de 1 parte em 10.000.000. O
>> que significa isto? Pense na superfície espelhada de um telescópio,
>> por exemplo, o conhecido Telescópio Espacial Hubble. O seu espelho
>> possui falhas de lisura de 1 parte em 10, no máximo! Agora, 1 parte em
>> dez milhões corresponde a um desvio de lisura extraordinariamente
>> pequeno e, consequentemente, extremamente difícil de ser observado
>> experimentalmente, principalmente se considerarmos a enorme quantidade
>> de fontes de ruído — instrumentais e de emissões celestes espúrias —
>> existentes, e que perturbam em conjunto a lisura da RFM.
>>
>> Epílogo
>>
>> A evidência da inflação cósmica é esta perturbação de 1 parte em dez
>> milhões. E ela foi encontrada. Não tenhamos dúvida, tenhamos fé, o
>> firme fundamento das coisas que se esperam.
>>
>> Termino pedindo desculpas por qualquer coisa, os erros são meus.
>> Afinal de contas, eu não sou Guth.
>>
>>
>> Professor Catedrático Jubilado - Domingos Savio de Lima Soares
>> Possui graduação em Fisica - Departamento de Física - Universidade
>> Federal de Minas Gerais (1976), mestrado em Astrofisica - Departamento
>> de Física - UFMG (1982) e doutorado em Astrofisica - Groningen
>> University, Groningen, The Netherlands - Kapteyn Astronomical
>> Institute (1989). Estagio de pos-doutoramento - Astronomy Department -
>> Center for Radiophysics and Space Research - Cornell University,
>> Ithaca, NY, USA (1997). É professor e astronomo (Universidade Federal
>> de Minas Gerais, Departamento de Física, (aposentado em 2011). Tem
>> experiência na área de Ciências Exatas e da Terra, atuando
>> principalmente nos seguintes temas: astrofisica extragalactica,
>> galaxias binarias, grupos de galaxias e aspectos historicos e
>> conceituais da cosmologia.
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> Cumprimentos;
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> Luís Filipe Garcia S.
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