Re: ARLA/CLUSTER: Off Topic: Crescente contorversia sobre o Modelo Padrão da Cosmologia e a Primeira Evidência Direta da Inflação Cósmica

Luís Garcia Filipe afterhours36 gmail.com
Domingo, 23 de Março de 2014 - 18:10:01 WET


A fé!

A eterna perseguição da "fé" á ciência, uma guerra milenar, sem dúvida

Eu terei "fé", quando, as religiões deste mundo e os seus arquitectos, nos
forneçam:

-Vacinas para doenças incuráveis
-O apoio inconfessável aos fracos e pobres
- Nos forneçam tecnologia verde e sustentável
- Nos devolvam mais de 1000 anos de atraso de evolução cientifica
- E que devolvam a vida a milhões de pessoas mortas em nome da "fé"
-Que nos forneçam tecnologia para o Homem colonizar o espaço (assim sempre
podem ir pregar para outras freguesias)

Até lá era bom que não metessem o bedelho na descoberta cientifica, que
tanto tem ajudado o progresso humano

".... O conceito de fé, eminentemente religioso, tem também o seu
lugar no domínio científico, mas sempre em pequeníssima dose.."

HAHAHAH Boa tentativa, assim se forjam os grandes charlatães e políticos,
colar-se aquilo que nada tem a ver.


COSMOLOGIA?


HE PÁ, dediquem-se á física

Juntem-se ao relvas e vão estudar

Resto de um "SANTO" domingo :)

73,


CS7AEL




No dia 23 de Março de 2014 às 17:03, João Costa > CT1FBF
<ct1fbf  gmail.com>escreveu:

> A inflação cósmica: fé de mais
>  Domingos S.L. Soares
>  21 de março 2014
>
> Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova
> das coisas que se não veem.
> Hebreus 11, 1 -- Paulo de Tarso, ca. 70
>
> Andar com fé eu vou, que a fé não costuma "faiá".
> Andar com fé -- Gilberto Gil, 1985
>
> Prólogo
>
> Este artigo trata essencialmente de questões de fé. As palavras do
> sábio turco apresentam a definição de fé, enquanto que os versos do
> músico baiano declaram o otimismo em relação às perspectivas de seus
> desígnios. O conceito de fé, eminentemente religioso, tem também o seu
> lugar no domínio científico, mas sempre em pequeníssima dose. De fato,
> a fé é inerente a toda e qualquer atividade humana. Ela só chama a
> atenção quando presente em doses elevadas, ou seja, fé de mais
> assusta, pela desvinculação exagerada da realidade. Em outras
> palavras, anuncia comportamento irregular. Tratarei de um caso destes,
> no domínio da ciência, especificamente, na cosmologia moderna, no
> Modelo Padrão da Cosmologia (MPC).
>
> O MPC, conhecido vulgarmente como Modelo do Big Bang ou do Estrondão,
> é um exemplo vivo onde a fé é de mais. O modelo só prevalece porque os
> seus defensores têm a inabalável fé de que várias suposições inerentes
> ao MPC um dia tornar-se-ão comprovadas. A inflação cósmica é uma
> destas suposições. Menciono outras a seguir, associadas ao balanço de
> matéria-energia do universo, segundo o MPC.
>
> matéria bariônica: 4%, sendo 0,5% de matéria luminosa e 3,5% de matéria
> escura
> matéria não bariônica (só escura): 23%
> energia escura: 73%
> total: 100%
>
> O modelo atual do universo é espacialmente plano. O espaço-tempo é
> curvo já que, neste instante cósmico, o modelo possui expansão
> acelerada. A aceleração é causada pela energia escura.
>
> No balanço descrito acima há pelo menos três artigos de fé. O modelo
> exige matéria bariônica, que é outro nome para a matéria usual,
> constituída por prótons e nêutrons, em quantidade superior ao que é
> observado. Há dezenas de anos tem-se a fé de que em algum dia os
> bárions faltantes serão encontrados. O MPC exige também grande
> quantidade de matéria exótica, a chamada matéria não bariônica. Há
> mais de 30 anos tem-se a fé de que ela será encontrada, apesar de não
> se saber nem o que ela seja. E agora o artigo de fé maior, a crença no
> "monstro" desconhecido da energia escura, a qual acelera a expansão do
> universo e nos remete a um futuro em que até os constituintes mais
> básicos da matéria serão finalmente desintegrados! Tal excrescência
> natural, cuja existência foi proposta há mais de 20 anos, é totalmente
> desconhecida -- sabe-se apenas que deve ser uma forma de energia.
> Existem inúmeras teorias sobre a sua natureza, mas permanece a
> inabalável fé de que um dia ela será encontrada.
>
> Em cima de tudo isto, em cima de fé de mais, ainda sobra espaço para
> mais um artigo de fé, qual seja, a inflação cósmica, o objeto deste
> singelo artigo.
>
> A notícia
>
> No dia 17 de março passado, o Harvard-Smithonian Center for
> Astrophysics anunciou em nota para a imprensa, sob o título "Primeira
> Evidência Direta da Inflação Cósmica", a seguinte notícia:
>
> "Há quase 14 bilhões de anos, o universo em que habitamos explodiu
> para existência em um extraordinário evento que iniciou o Estrondão.
> Na primeira fugaz fração de um segundo, o universo expandiu
> exponencialmente, esticando-se muito além da visão de nossos melhores
> telescópios. Tudo isto, é claro, era apenas teoria.
>
> Pesquisadores da colaboração BICEP2 anunciaram hoje a primeira
> evidência direta desta inflação cósmica. Seus dados representam também
> as primeiras imagens de ondas gravitacionais, ou ondulações no
> espaço-tempo. Tais ondas têm sido descritas como os "primeiros
> tremores do Estrondão". Finalmente, os dados confirmam uma conexão
> profunda entre mecânica quântica e relatividade geral.
> (...)" A nota completa está em www.cfa.harvard.edu/news/2014-05.
>
> Comentarei os dois primeiros parágrafos reproduzidos em tradução livre
> acima. Trata-se de uma pérola da arrogância pseudocientífica que
> assola a comunidade cosmológica dominante, cujo fundamento é a fé.
> Vamos lá.
>
> O extraordinário evento que, do nada, explodiu é a inflação cósmica,
> ou seja, uma perturbação estrondosa na quietude e limpidez do nada.
> Foi esta perturbação provocada por algo ou por alguém? Muito bem, ela
> foi provocada por Alan Guth, através de palavras escritas em 1980 no
> prestigioso periódico científico estadunidense Physical Review D.
> Guth, britanicamente, deu o preciso instante do ocorrido: é a tal
> "fugaz fração de um segundo" mencionada acima. A poesia dos termos
> diminui o impacto do que Guth quis dizer, i.e., a fração de 1 segundo
> dividido por dez trilhões de trilhões de trilhões. Em potência de dez:
> 10-37 segundo. Foi este o momento da ocorrência extraordinária. Em
> seguida a nota comete um salto extemporâneo: o universo expandiu (...)
> muito além da visão de nossos melhores telescópios. O universo criado
> pela inflação é muito maior do que a "pequena" porção que tornar-se-ia
> acessível aos observadores humanos.
>
> BICEP, Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarization
> (Imageamento do Fundo de Polarização Extragaláctica Cósmica), é o nome
> genérico de uma série de experimentos destinados a medir a polarização
> da Radiação de Fundo de Micro-ondas (RFM). BICEP2 é um destes
> experimentos. Trata-se de um radiotelescópio localizado no Polo Sul,
> onde o meio ambiente seco, gelado e com enorme limpidez atmosférica
> reproduzem da melhor forma, em terra, as condições prevalecentes em um
> observatório espacial. Pois bem, os pesquisadores do BICEP2
> encontraram os sinais da inflação cósmica, ocorrida há 14 bilhões de
> anos. Mesmo tendo sido produzidos há tanto tempo, eles foram
> detectados agora. E com a fidedignidade suficiente a ponto de serem
> anunciados em vários meios científicos e leigos de comunicação. A
> putativa descoberta justifica desta forma todos os recursos
> financeiros nela investidos. E tem mais. Não só a inflação cósmica foi
> evidenciada. De um só golpe, o BICEP2 esclareceu vários outros
> mistérios da ciência moderna: a existência das ondas gravitacionais,
> uma previsão ainda não comprovada da Teoria da Relatividade Geral de
> Albert Einstein (1879-1955) e a natureza quântica da própria
> gravitação einsteiniana. Não é só isto, no entanto. Para que a
> inflação cósmica seja uma realidade é necessário que o próprio MPC
> seja válido! Então, de quebra, o BICEP2 comprovou necessariamente a
> existência da matéria escura bariônica, da matéria escura não
> bariônica e da energia escura. Nada mal para um só experimento. Bota
> fé que a fé não costuma "faiá", canta o bom baiano.
>
> O Estrondão
>
> Deixemos de pessimismo, tenhamos fé, e falemos um pouco sobre as
> realizações do BICEP2. Farei o possível para explicar o que eu mesmo
> tentei entender a partir das diversas notas entusiasmadas divulgadas
> recentemente. Farei primeiro uma analogia do tecido espaçotemporal com
> a superfície tranquila e límpida de um lago. Peçamos a ajuda de Alan
> Guth em nossa história. Quer dizer, vamos agora brincar de Guth.
>
> Guth lança uma pedra para o alto, de forma que ela caia sobre o lago.
> A pedra produzirá ondas circulares que se propagarão pela superfície
> do lago. Estas ondas, diremos, são circularmente polarizadas. Mas ao
> mesmo tempo em que estas ondas circulares são produzidas também o são
> outras ondas de polarizações diferentes, as quais são imperceptíveis
> aos nossos olhos. Outros modos de polarização são produzidos, na
> linguagem da polarimetria. Entre estes modos estão modos lineares,
> i.e., perturbações lineares na superfície do lago, semelhantes às
> oscilações para frente e para trás de uma criança numa gangorra.
>
> Voltemos agora ao nosso objeto, a inflação cósmica. Guth joga agora
> uma "pedra", que tem o sugestivo nome de infláton, sobre a singeleza
> do nada -- atenção, o tecido espaçotemporal ainda não existe. Guth vai
> criá-lo com o infláton, através dos eventos que se seguem. Duas coisas
> simultâneas ocorrem: o infláton cria o tecido do espaço-tempo e
> perturba-o, como uma pedra o faz na superfície do lago. As ondas
> produzidas no tecido espaçotemporal denominam-se ondas gravitacionais.
> São análogas às ondas mecânicas que ocorrem na superfície do lago. Da
> mesma forma como ocorre no lago, temos aqui também vários modos de
> polarização.
>
> As ondas gravitacionais, por sua vez, produzem perturbações
> equivalentes na RFM. A RFM torna-se, portanto, polarizada com vários
> modos diferentes. O modo detectado pelo BICEP2 foi um modo linear,
> devido a facilidades experimentais, apesar desta perturbação ser muito
> menor do que outros modos. A RFM é um fundo observado no céu em
> micro-ondas extremamente uniforme. O modo detectado pelo BICEP2
> representa um contraste na lisura da RFM de 1 parte em 10.000.000. O
> que significa isto? Pense na superfície espelhada de um telescópio,
> por exemplo, o conhecido Telescópio Espacial Hubble. O seu espelho
> possui falhas de lisura de 1 parte em 10, no máximo! Agora, 1 parte em
> dez milhões corresponde a um desvio de lisura extraordinariamente
> pequeno e, consequentemente, extremamente difícil de ser observado
> experimentalmente, principalmente se considerarmos a enorme quantidade
> de fontes de ruído -- instrumentais e de emissões celestes espúrias --
> existentes, e que perturbam em conjunto a lisura da RFM.
>
> Epílogo
>
> A evidência da inflação cósmica é esta perturbação de 1 parte em dez
> milhões. E ela foi encontrada. Não tenhamos dúvida, tenhamos fé, o
> firme fundamento das coisas que se esperam.
>
> Termino pedindo desculpas por qualquer coisa, os erros são meus.
> Afinal de contas, eu não sou Guth.
>
>
> Professor Catedrático Jubilado - Domingos Savio de Lima Soares
> Possui graduação em Fisica - Departamento de Física - Universidade
> Federal de Minas Gerais (1976), mestrado em Astrofisica - Departamento
> de Física - UFMG (1982) e doutorado em Astrofisica - Groningen
> University, Groningen, The Netherlands - Kapteyn Astronomical
> Institute (1989). Estagio de pos-doutoramento - Astronomy Department -
> Center for Radiophysics and Space Research - Cornell University,
> Ithaca, NY, USA (1997). É professor e astronomo (Universidade Federal
> de Minas Gerais, Departamento de Física, (aposentado em 2011). Tem
> experiência na área de Ciências Exatas e da Terra, atuando
> principalmente nos seguintes temas: astrofisica extragalactica,
> galaxias binarias, grupos de galaxias e aspectos historicos e
> conceituais da cosmologia.
>
>
> _______________________________________________
> CLUSTER mailing list
> CLUSTER  radio-amador.net
> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>
>


-- 
Cumprimentos;

Luís Filipe Garcia S.
-------------- próxima parte ----------
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