Re: ARLA/CLUSTER: Voyager 1: Um transmissor de 23 watts a quase 19 mil milhões de quilómetros do Sol.
pmafer
pmafer gmail.com
Sexta-Feira, 13 de Setembro de 2013 - 21:22:40 WEST
Para os colegas um pouco mais curiosos sobre as comunicações usadas na
missão:
http://descanso.jpl.nasa.gov/DPSummary/Descanso4--Voyager_new.pdf
Espero que gostem e quem sabe se mais algum Português além do ilustre DMK a
escutara!!!
73's Paulo Fernandes
2013/9/13 João Costa > CT1FBF <ct1fbf gmail.com>
> Voyager 1 é o primeiro objecto feito por humanos a sair do sistema solar
>
> Sonda espacial lançada em 1977 para estudar Júpiter e Saturno continuou
> viagem até aos limites do sistema solar. Continua a comunicar com a Terra,
> 36 anos depois.
>
> A quase 19 mil milhões de quilómetros do Sol, a Voyager 1 era há muito o
> objecto construído por humanos que mais longe tinha chegado. Agora,
> tornou-se oficialmente no primeiro a ultrapassar os limites do sistema
> solar. A sonda espacial norte-americana, que continua a enviar dados para a
> Terra, entrou no espaço interestelar.
>
> A Voyager 1 foi lançada a 5 de Setembro de 1977 de Cabo Canaveral,
> Florida. Uns dias antes, a 20 de Agosto, tinha sido a Voyager 2. A missão
> era observar o sistema solar exterior. A primeira deveria sobrevoar Júpiter
> e Saturno (o que fez em 1979 e em 1980). A segunda, além do grande gigante
> gasoso do sistema solar e do planeta dos anéis, teria de sobrevoar Úrano
> (1986) e Neptuno (1989). E seguir viagem.
>
> Estão há mais de 36 anos no espaço e a expectativa era que a Voyager 1
> ultrapassasse os limites do sistema solar em 2015. Nesta quinta-feira, num artigo
> publicado na revista *Science*<http://www.sciencemag.org/content/early/2013/09/11/science.1241681.abstract>,
> a equipa de cientistas da NASA que acompanha a missão revelou que a sonda
> atravessou a heliopausa e chegou ao “abismo do espaço interestelar” a 25 de
> Agosto de 2012.
>
> “Não sei se isto está no mesmo campeonato que aterrar na Lua, mas está bem
> lá em cima – material *Star Trek*, de certeza”, ilustra Donald A.
> Gurnett, um dos autores do artigo, citado pelo *The New York Times*.
> “Quer dizer, considere a distância [19 mil milhões de quilómetros do Sol].
> É difícil até para os cientistas compreenderem”, sublinha o professor de
> Física da Universidade do Iowa.
>
> Aos 77 anos, Edward C. Stone é, para a NASA, o maior especialista em
> missões Voyager. O cientista trabalha neste projecto desde 1972 e está a
> viver o momento com entusiasmo. Mais do que isso, já anseia pela porta
> aberta para novas descobertas. “Isto é histórico, um pouco como a primeira
> exploração da Terra”, afirma, citado pelo mesmo diário norte-americano.
>
> O último ano foi de intenso debate. Os cientistas da NASA tiveram de
> avaliar os dados enviados pela Voyager 1 com “muito, muito cuidado” – diz
> Stone – até os líderes da missão chegarem a um consenso sobre se a sonda
> teria atingido o espaço interestelar. Acabaram por concordar que de facto
> tinha acontecido, mais cedo do que o esperado.
>
> As derradeiras provas chegaram entre Abril e Maio, quando se receberam na
> Terra as gravações sonoras das vibrações captadas pela antena de ondas
> plasma da sonda <http://youtu.be/LIAZWb9_si4>. Calculada a densidade do
> plasma à volta da nave, acabaram-se as incertezas. “Era exactamente o que
> esperávamos de plasma interestelar”, diz Gurnett. Depois, compararam os
> dados com os do Verão de 2012.
>
> *Rock n’ roll para extraterrestres*
> Os recursos de que a Voyager 1 dispõe para recolher informação são
> obsoletos e a própria NASA tem dificuldade em encontrar quem, a partir da
> Terra, consiga tirar o melhor partido possível do material disponível. A
> bordo existe um gravador de oito pistas e computadores com tão pouca
> memória que um nativo digital não saberia como dar-lhe uso.
>
> Mas a sonda também leva alguns objectos intemporais. É o caso da *Quinta
> Sinfonia* de Beethoven ou de *Johnny B. Goode*, de Chuck Berry. Ou os
> sons de trovões, vulcões e terramotos, de hienas e elefantes, do vento, da
> chuva, do riso.
>
> Para esta missão, a NASA decidiu ser mais ambiciosa nas mensagens que
> enviava para o Espaço, na eventualidade de as sondas se cruzarem no futuro
> com vida inteligente extraterrestre. Até ali, as naves levavam uma placa
> com o local e o ano de origem. Em 1977, as Voyager levavam uma parafernália
> de imagens, sons, música e mensagens em 55 línguas<http://voyager.jpl.nasa.gov/spacecraft/goldenrec.html>– incluindo do Presidente norte-americano Jimmy Carter e do então
> secretário-geral da ONU, o austríaco Kurt Waldheim. A selecção foi feita
> por um comité encabeçado por Carl Sagan.
>
> Se alguma vez os discos analógicos (que estão munidos de instruções, por
> símbolos) chegarem a ser tocados, a 16-2/3 rotações por minuto, nunca o
> saberemos. Pelo menos pelos nossos próprios meios. Isto porque a Voyager 1
> deve perder a capacidade para enviar informação para o Jet Propulsion
> Laboratory por volta de 2025 e a sonda só deve cruzar-se com um planeta
> dentro de 40 mil anos. Mais ou menos. Aliás, a sonda ainda consegue enviar
> dados – que demoram 17 horas a chegar à Terra, devido à distância – por
> estar a poupar energia desde 1990.
>
> Nesse ano, tirou a sua última fotografia: um retrato de família do sistema
> solar. Foi o fim de uma carreira que deu aos seres humanos imagens nunca
> vistas de Júpiter e de Saturno. Há dias, o University College de Londres disponibilizou
> em alta resolução <http://www.publico.pt/n1604911> um mosaico de
> fotografias das luas de Júpiter. Outras imagens captadas pela Voyager 1
> podem ser vistas no *site* que a NASA dedica à missão<http://voyager.jpl.nasa.gov/>
> .
>
> Uma década antes de se acabarem as fotografias, em 1980, já o instrumento
> de medição da energia nas partículas de plasma tinha deixado de funcionar.
> Resta o sensor que permitiu concluir o histórico acontecimento que os
> cientistas agora festejam. Quando uma erupção solar voltar a agitar a
> antena, a Voyager 1 voltará a enviar uma mensagem para a Terra, através do
> seu transmissor de 23 watts.
>
> Fonte: Por Hugo Torres <http://www.publico.pt/autor/hugo-torres> no
> Jornal Publico
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