ARLA/CLUSTER: O presente mais desejado (mesmo para alguns radioamadores) é um tablet, mas qual deles comprar?

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 19 de Dezembro de 2012 - 20:51:25 WET


A oferta é muita e as marcas estabelecidas têm todas bons produtos. Mas há
alguns que valem mais o dinheiro gasto.

No outro dia, estive na NPR [cadeia de rádios públicas norte-americanas], a
participar numa rubrica acerca de prendas de Natal na área das tecnologias.
Discorri sobre câmaras fotográficas, telemóveis, computadores portáteis,
aparelhos de áudio e consolas de jogos. Estava preparado para falar acerca
de limitar o tempo à frente de um ecrã, vícios digitais, ciberviolência.
Sabia onde se conseguem os melhores negócios.

Mas todos os seis ouvintes que telefonaram para o programa tinham a mesma
pergunta: “Que tablet devo comprar?â€

Havia variações, claro. “… para o meu filho?â€, “… para o meu pai idoso?â€,
“… apenas para ler?â€, “… e que não seja muito caro?†Mas, em geral, era
bastante claro: o dispositivo que tem mais probabilidades de encontrar
debaixo da sua árvore de Natal este ano é fino, trabalha a bateria e é
plano.

Não admira que as pessoas andem confusas. Os locais de venda enlouqueceram
com o tablet. Existe praticamente um modelo diferente para cada homem,
mulher e criança.

Existe o venerável iPad, claro. E agora o iPad Mini. Existem novos tablets
da Google, também em tamanho pequeno e grande. Existem tablets Note da
Samsung, numa grande variedade de tamanhos e estilos. Existem, por 200
dólares, leitores de vídeo e livros electrónicos coloridos, com ecrã
sensível ao toque. Existe uma nova vaga de leitores de livros electrónicos
a preto e branco. Existem modelos de plástico assombrosamente baratos de
que nunca tínhamos ouvido falar. Existem tablets para crianças (e com isto
não queremos dizer uma tablete de minichocolates).

Assim, como é que você, o consumidor confuso, conseguirá manter o rasto a
todos estes tablets? Seguindo-me nesta conveniente excursão pela selva dos
tablets de 2012. Mantenham as mãos e os pés sempre dentro da carruagem.

Cópias baratíssimas

Consegue encontrar tablets de marca branca por 100 euros, ou até menos.
Também encontra tablets chineses de marcas misteriosas em lojas de
brinquedos, destinados às crianças.

Não os compre. Não possuem as aplicações, as funcionalidades, os
acabamentos ou a apresentação dos melhores. O balde do lixo já está a
chamar por eles.

Leitores de livros electrónicos

Os tablets mais pequenos e leves, menos caros, mais fáceis de ler, são os
leitores de livros electrónicos a preto e branco. Se a sua intenção é
simplesmente ler – e não, digamos, ver filmes ou jogar –, estes meninos são
uma delícia.

Não se preocupe com as marcas menores; se vai ficar comprometido com um
formato de livro com proprietário e protegido contra cópias ilegais, então
reduza as suas hipóteses de ter uma biblioteca obsoleta ficando fiel à
Amazon ou à Barnes&Noble.

Cada companhia oferece uma grande gama de modelos. Mas nos modelos mais
recentes, o fundo das páginas ilumina-se suavemente, para que possa ler no
escuro sem ter que utilizar uma lanterna. (Estes modelos a preto e branco
também ficam fantásticos à luz directa do sol – agora consegue o melhor das
duas condições de iluminação.)

O mais aconselhável para si é o Kindle PaperWhite (120 dólares), cuja
iluminação é mais uniforme e agradável do que a do equivalente Nook.

É verdade que Kindles simples, sem ecrã sensível ao toque, sem iluminação,
e com anúncios no screen saver se vendem a partir de um míseros 70 dólares.
Mas vale realmente a pena ter a iluminação e o ecrã sensível.

Leitores de livros electrónicos a cores

Tanto a Amazon como a Barnes&Noble vendem um tablet com ecrã de sete
polegadas que, a nível de funcionalidades, fica algures entre um leitor de
livros electrónicos e um iPad. Têm ecrãs sensíveis ao toque, muito bonitos
e de alta definição. Passam música, programas de televisão, filmes e livros
electrónicos. Podem surfar na Internet. Até podem correr algumas aplicações
Android escolhidas a dedo, como o Netflix e o Angry Birds.

Não têm, nem nada que se pareça, capacidades como os tablets completos,
tipo computador, do género do iPad/Nexus, essencialmente porque têm muito
poucas aplicações, acessórios e add-ons. Mas custam 200 dólares, pelo que
você está apenas a pagar uma fracção do preço.

Aqui, os dois maiores são, mais uma vez, a Amazon e a Barnes & Noble. Se
ainda não estiver comprometido com os livros e vídeos de uma destas
companhias, por ter comprado um modelo anterior, o Nook HD é o que deve
adquirir. É muito mais pequeno e leve do que o Kindle Fire HD. Tem um ecrã
muito mais definido. E o preço de 200 dólares inclui um carregador (o Fire,
não) e nada de anúncios (o Fire, sim). Ou compre o Google Nexus 7, cheio de
classe, a 249 euros. Apesar de o seu catálogo de livros/música/filmes ser
muito mais reduzido, o catálogo de aplicações Android é muito maior (mas
veja “iPad contra Androidâ€, mais em baixo neste texto).

Grandes leitores a cores

Este ano, tanto a Amazon como a Barnes & Noble apresentaram as versões de
ecrã gigante (nove polegadas) dos seus tablets de alta definição. Aqui, e
mais uma vez, a Barnes & Noble oferece um melhor valor do que o Kindle Fire
HD de nove polegadas da sua rival. Por 270 dólares, o Nook HD+ oferece um
ecrã mais definido, menos peso, nada de anúncios, uma entrada para cartão
de memória e um carregador.

O “nove-polegadas†da Amazon também não é nada mau, mas custa mais 30
dólares (ou mais 50 dólares, se se quiser livrar dos anúncios). Tem o dobro
da memória, mas não entrada para cartão, e tem uma câmara na parte da
frente para falar pelo Skype vídeo; os modelos Nook HD não têm câmaras.

iPad contra Android

A Google está mesmo a perseguir a Apple. Esta companhia vende agora dois
tablets, o Nexus 7 (ecrã de sete polegadas) e o muito rápido e bem
fornecido Nexus 10 (ecrã de dez polegadas), produzidos pela Asus e pela
Samsung sob supervisão da Google.

O modelo de dez polegadas tem um ecrã lindo. A nível técnico, contém ainda
mais pontos por polegada do que a resolução Retina do iPad, apesar de não
se conseguir realmente ver qualquer diferença.

Os tablets do Google também têm mais elementos de hardware do que os iPads,
como seja uma saída de vídeo e altifalantes estereofónicos – e custam
menos. O Nexus 10 custa 400 dólares, o que é menos 100 dólares do que o
iPad equivalente (de 16GB de memória).

A Samsung também está a colocar tablets Android em campo. Os seus tablets
Galaxy Note vêm com uma caneta e um punhado de aplicações destinadas à
caneta que lhe permitem desenhar ou tirar apontamentos, por exemplo.

Mas as partes de trás dos tablets Android são de plástico, e parecem rascas
quando comparadas com o metal do iPad. As câmaras não são tão boas como as
do iPad. As baterias geralmente também não duram tanto.

E, acima de tudo, o catálogo de aplicações do tablet Android continua a
desapontar, e muito. As aplicações que existem são, muitas vezes, versões
alteradas à pressa de aplicações Android para telemóveis, e não tanto
aplicações pensadas especificamente para um ecrã maior. Por exemplo, as
aplicações Android para Twitter, Yelp, Pandora, Vimeo, eBay, Spotify, Rdio,
Dropbox, LinkedIn e TripAdvisor são recuperadas de aplicações Android para
telemóveis – basicamente, são apenas listas. No iPad, o ecrã está recheado
de informações visuais úteis acerca do que quer que esteja seleccionado.

Por muitos progressos que façam os tablets Android a nível de hardware e de
preço, aquelas 275 mil aplicações pensadas para tablets não podem deixar de
tornar o iPad mais atraente. (A Google não diz quantas aplicações existem
para os tablets Android, e não existe uma zona para tablets na loja de
aplicações Android.)

E isso aplica-se ainda mais ao novo tablet Surface, da Microsoft. É um
aparelho com estilo, mas exige aplicações totalmente novas – e ainda não
existem muitas.

iPad contra iPad Mini

O iPad Mini corre as mesmas aplicações que o iPad grande, sem modificações.
Mostra os mesmos conteúdos no ecrã, apenas em mais pequeno.

O ecrã do iPad grande é muito mais definido. Aposto que a resolução Retina
apenas aparecerá no Mini no modelo do próximo ano. Mas, tirando isto, o
Mini faz todo o sentido. Pode levá-lo numa carteira de mão ou no bolso de
um casaco. Pode manipulá-lo durante muito mais tempo sem cansar os dedos (é
muito leve e fino). E pode pagar apenas 339 euros, em vez de 509 euros.

Lembra-se do velho ditado dos fotógrafos “A melhor câmara é aquela que
temos connosco?â€. A mesma coisa pode ser dita em relação ao seu tablet.

Agora, ouça: se não encontrar debaixo da sua árvore de Natal um dos tablets
que recomendei neste texto, não se ponha a chorar em cima das filhoses. Nos
dias que correm, a competição é intensa e a qualidade é elevada. Não
existem "porcarias" entre os tablets das marcas estabelecidas.

Mas se desembrulhar um Kindle PaperWhite, um Nook HD ou um iPad Mini – ou
se embrulhar um destes para dar a outra pessoa – terá à sua volta uma aura
extra de satisfação. Saberá que, pelo menos neste exacto momento do tempo
de compras, você ou a pessoa de que gosta acabou por receber o melhor que o
dinheiro pode comprar, na mais desejada categoria de presentes na Terra.

No próximo ano, o presente mais na moda poderá ser uma câmara fotográfica,
um telemóvel, um computador portátil, um leitor de música ou uma consola de
jogos. Mas neste ano o mercado de vendas já se pronunciou: pelo menos no
que toca à tecnologia, o mundo é plano.

Alguns dos aparelhos referidos no artigo não estão à venda em Portugal. Os
aparelhos à venda em Portugal têm o preço indicado em euros.

Tradução: Eurico Monchique do artigo original de David Pogue publicado no
The New York Times

©2012 The New York Times. Distributed by The New York Times Syndicate.

Fonte: Jornal Publico
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