ARLA/CLUSTER: Notícias da AMRAD: Radiosport (radioamadorismo desportivo e competitivo)
Pedro Ribeiro (CR7ABP)
pribeiro-ham net.ipl.pt
Sexta-Feira, 3 de Setembro de 2010 - 09:59:42 WEST
No fundo acho que estamos a voltar ao assunto do fundamentalismo numa
das vertentes do radio-amadorismo.
Eu vejo o radio-amadorismo como um agregador de diversas áreas de
conhecimento e da sociedade que dependem de comunicações rádio.
Dependendo claro da formação de cada membro e da sua área de interesse,
irá explorar mais determinada vertente, no entanto, sempre que para isso
esquece por completo as restantes, está errado e aí é que considero
ocorrer a perversão do radio-amadorismo.
Quando alguém paga uma nota para lhe montarem uma estação de DX tipo
"solução chave na mão" e alguém lhe configura o rádio para ser só
carregar na PTT e trocar números, indicativos e locators, etc.
Só participa em concursos internacionais e chama sempre "CQ CQ DX Only" ...
Quando se participa num evento sobre protecção civil e tudo está à
partida planeado, incluindo os transceptores que estão pré programados
para o fim e é só falar ...
Quando se desenvolvem equipamentos de estação e se mantém o conhecimento
fechado, só se aceitam chamadas de amigos do grupo e ignoram-se todos os
QSO não puramente técnicos ...
Estas são só algumas situações hipotéticas que me vieram à cabeça para
tentar descrever algumas situações extremistas do radio-amadorismo, como
para todo o conhecimento, quanto mais se sabe, mais se tem a noção de
que muito falta saber.
Eu neste caso, não tinha mesmo a noção que em relação ao tal
"radio-sport" existissem colegas com uma visão tão redutora da actividade.
Já particivei em alguns concursos nacionais e internacionais mas
provavelmente estava a concorrer noutra "liga" em que há hipótese de
discutir gastronomia com os colegas do outro lado do país,
perguntar-lhes como está a ionosonda ou para que lado está melhor a
propagação, discutir a polarização conveniente, em que no dia anterior
ao concurso se combinam as antenas, rádios modos a usar, na montagem da
estação portátil se vai discutindo os cabos amolgados, a impedância das
antenas, a queda de tensão nos cabos das baterias, os pontos de
referência para determinados azimutes, etc. etc.
Mais, ajudar colegas que não se ouvem mutuamente a apontarem antenas,
modos e polarizações e conseguirem o contacto, dando-lhes pontos a
ganhar ... em que desporto instituído conhecem isto?
Finalmente, faz-me confusão a existência de tal fundamentalismo à volta
dos concursos quando os prémio são praticamente sempre simbólicos,
diplomas ou taças. Não acredido que isto faça despertar um interesse
muito mais que lúdico, talvez só para ter uma sala de galardões e irem
comparando entre si quem a tem maior ...
73!
On 02-09-2010 22:06, Antonio Matias wrote:
> Boas.
> Permitam-me meter aqui uma opinião contraria.
> Como sabem sou um defensor do radio-amadorismo genuíno, e assim o
> entendo conforme descrição da noticia na Amsat.
> Todavia, não posso deixar passar em claro a afirmação muito generalista
> de que o radio sport é a "ovelha ronhosa" do radio-amadorismo.
> Confesso que houve tempo em que assim o achei também, mas
> relacionamentos posteriores com colegas que se dedicam exclusivamente a
> essa vertente, obrigaram-me a reformular a minha opinião sobre essa
> actividade.
> Claro que muitos do que se dedicam a essa coisa de DX e concursos, não
> são nada mais, nada menos, que radio-amadores ermitas, sem amigos nem
> colegas e que só no DX ( falar com desconhecidos) encontram
> interlocutores. Enfim pessoas com muito dinheiro, terrenos para espalhar
> antenas e uma vaidade desmesurada, mas não todos.
> Tive a agradável surpresa quando percebi que afinal, há muitos
> contesters que não são puramente exibicionistas de estações. São pessoas
> que estudam, aperfeiçoam e optimizam as suas estações e capacidade de
> operação.
> Conheci vários colegas que confrontados com a razão dos seus sucessos e
> aparições regulares nos pódios dos principais
> concursos mundiais, revelaram-se muito abonatórias.
> Ora vejam:
> -Eles, estudam e aprendem a prever a propagação elaborando mapas
> e horários de acordo com dados e programas por eles criados.
> -Eles, aperfeiçoam antenas, calculam ganhos, ângulos de radiação,
> enfasamentos, foot-prints etc etc.
> -Eles, comparam sistemas radiantes, Rádios, amplificadores, filtros,
> micros etc.
> -Eles, comprovam a fiabilidades dos PA's dos radios e lineares pondo-os
> no red-line durante 48h em contests.
> -Eles, publicam pareceres de grande utilidade aos fabricantes sob os
> mais diversos materiais.
> -Eles, têm iniciativa, esforço e dedicação, montado estações em
> locais inóspitos e distantes, por vezes com grande esforço físico.
> -Eles, tem uma impressionante capacidade de "desenrrascanso", contra
> ventos e marés, sempre põem a estação no ar a tempo.
> -Eles, têm uma invulgar e rara entre nós amadores, ligação de amizade,
> que os mantêm unidos em grupos/equipas por anos a fio.
>
> Assim sendo, e perante tais características que alguns destes
> radio-amadores revelaram ter, não posso deixar de
> afirmar que: com radio-amadores destes, estamos nós muito bem.
> Se isto não é radio-amadorismo também, então não sei o que
> radio-amadorismo possa ser.
>
> É como em tudo na vida, em todas as vertentes há bons e maus
> personagens, e, até no famigerado radio-sport, há bons amadores.
>
> 73
> Matias
> CT1FFU
>
>
>
>
>
> 2010/9/2 Carlos Mourato <radiofarol gmail.com <mailto:radiofarol gmail.com>>
>
> É está 100% correcto...Só discordo da seguinte afirmação:
> "Complementarmente, outros praticantes dedicam os seus tempos livres
> ao radioamadorismo de base tecnológica e científica, outra versão do
> Radioamadorismo"...Aqui o radioamadorismo tradicional é considerado
> "complementar"...Acho que complementar é o tal radio sport!!!...Não
> estou minimamente preocupado com quem discordar comigo...Uma coisa é
> mais que certa. Eu não sou atleta de rádio...Sou amador de rádio. O
> radio sport é uma "moda" de senhores cheios de dinheiro, que nem
> sabem o que é um andar final...escusam de me tentar convencer do
> contrário, que não conseguem...No entanto quem tiver opinião
> contrária à minha tem exactamente o mesmo direito do que eu, de
> exprimir a sua opinião.
> O radio sport, não trouxe nada de util ao radioamadorismo. antes
> pelo contrario...E depois ainda dizem mal dos amadores que concordam
> com o apoio dos radioamadores à proteção civil!!!!
> Esta é a minha opinião, e não vou contestar qualquer comentário.
>
> 73 de CT4RK
>
>
>
> No dia 2 de Setembro de 2010 13:31, João Gonçalves Costa
> <joao.a.costa ctt.pt <mailto:joao.a.costa ctt.pt>> escreveu:
>
> O termo Radiosport é moderno e de origem ocidental,
> recorrentemente usado para descrever as múltiplas actividades
> desportivas e competitivas que hoje se inserem no
> Radioamadorismo. Foi a abertura do comércio e indústria da
> electrónica que permitia a partir dos anos de 1980 o acesso
> rápido a novas práticas ocupacionais e desportivas ligadas com a
> rádio e radiocomunicações, assim como as telecomunicações
> celulares e a informática que se banalizaram a partir do ano 2000.
> Centenas e centenas de milhares de cidadãos em todo o mundo, tem
> hoje acesso a dispositivos de rádio e radiocomunicações que
> antes dos anos de 1980 lhes estavam vedados, em parte, pela
> complexidade tecnológica, depois pelos preços, e ainda, pela
> necessidade de possuírem competências técnicas essenciais à
> construção e exploração dos meios radioeléctricos.
>
> A definição e os objectivos maiores do Radioamadorismo como
> cultura científica e serviço público não mudaram em mais de um
> século, contudo, as administrações europeias das
> radiocomunicações facilitaram recentemente o acesso das
> crianças, de jovens e adultos ao que se denomina de Serviço de
> Amador, o serviço emissor dos postos de amador, popularmente
> chamados dos radioamadores.
>
> Neste contexto o radiosport ou o radioamadorismo desportivo e
> competitivo é cada vez mais praticado por desportistas animados
> pela pura competição, a maioria não se importa sequer em dominar
> tecnologias radioeléctricas, grande número não estuda, nem se
> qualifica para o conhecimento técnico e científico da Rádio,
> apenas querem ter acesso às radiocomunicações ionosféricas,
> aceder aos meios de rádio dos postos de amadores, para poderem
> falar com lugares indeterminados situados em todo o mundo.
> Querem fazer ligações, numa cadência com elevado número de
> comunicações bilaterais feitas através da rádio, que lhes
> permitem em escassos segundos apenas, fazer troca do indicativo
> da estação (o prefixo do país e o sufixo da estação) e ainda a
> troca de um número de série, o número que os colocará no topo da
> competição, em troca, enviam postais de QSL (confirmação), com
> os quais lhes é depois permitido adquirir troféus, as taças e
> diplomas dos concursos em que participam.
>
>
> Complementarmente, outros praticantes dedicam os seus tempos
> livres ao radioamadorismo de base tecnológica e científica,
> outra versão do Radioamadorismo onde raramente se fala, a versão
> histórica e original do operador amador das radiocomunicações,
> daqueles que há mais de um século, estudam, constroem e exploram
> os seus meios radioeléctricos, tentando através deles, fazer
> ligações, mas sem entrar em concursos nem fazer competição pelo
> número de QSO, mas tão somente, pelo alcance, pela qualidade
> dessas radiocomunicações e pelos meios técnicos e disciplinas
> que exploram e aprendem.
>
> Na recente legislação nacional que permite o acesso à instalação
> e exploração de um posto emissor do serviço de amador, Ver
> website do ICP-ANACOM e o Decreto-Lei n.º 53/2009 de 2 de Março
> onde o legislador nacional num esforço de modernização
> estrategicamente concertada abriu o acesso a crianças e jovens
> com idade superior a 12 anos. Tal como nos primórdios da Rádio,
> os jovens amadores manterão um período de auto-aprendizagem,
> findo o qual, e depois de se candidatarem a novos exames, mas
> técnicos, poderão ter acesso a um posto emissor de rádio.
>
> Esta situação tem sido questionada, mas é verdade que ela
> tenderá a consolidar o gosto e a determinação de prosseguir,
> apenas com todos aqueles que na verdade se interessam e investem
> no conhecimento das ciências radioeléctricas, filtrando de certo
> modo, o acesso populista de quem apenas, por dispor de recursos
> financeiros, tenderia a fazer da Rádio e do Serviço de Amador
> mais um vulgar espaço de consumo e exibição ao invés da cultura
> do conhecimento científico e competência tecnológica.
>
> Definição:
>
> Serviço de amador - serviço de radiocomunicações que tem por
> objectivo a instrução individual, a intercomunicação e os
> estudos técnicos efectuados por amadores;
>
>
> Fonte:AMRAD - Associação Portuguesa de Amadores de Rádio para a
> Investigação Educação e Desenvolvimento.
>
> _______________________________________________
> CLUSTER mailing list
> CLUSTER radio-amador.net <mailto:CLUSTER radio-amador.net>
> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>
>
>
>
> --
> Best 73 from: regards from: CT4RK Carlos Mourato - Sines - Portugal
>
> Save the Radio Spectrum! Eliminate Broadband over Power Line.
> Salve o espectro electromagnético!. Não use a rede electrica para
> transmitir dados. Os "homeplugs power line" e a tecnologia "power
> line" causa fortes interferencias noutro serviços sem voce se
> aperceber. Diga não à tecnologia power line. Proteja o ambiente
> -----------------------------------------------------------
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> _______________________________________________
> CLUSTER mailing list
> CLUSTER radio-amador.net <mailto:CLUSTER radio-amador.net>
> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>
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Pedro Ribeiro
Indicativo: CR7ABP
QTH: São Francisco, Alcochete
GRID LOC: IM58MR
** Limitado a RX em Classe3 até 31/03/2012 **
( Decreto-Lei 53/2009, Art 8, 2a e Art 5, 3a )
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