Re: ARLA/CLUSTER: As Associações, os radioamadores e as reuniões
José Luís Proença (CT1GZB)
ct1gzb netcabo.pt
Sexta-Feira, 3 de Dezembro de 2010 - 00:52:50 WET
Caro colega António Vilela, obrigado para mais uma "achega" bem elaborada neste tópico.
Algumas respostas ponto por ponto
----- Original Message -----
From: Radiophilo
To: Resumo Noticioso Electrónico ARLA
Sent: Thursday, December 02, 2010 11:57 PM
Subject: Re: ARLA/CLUSTER: As Associações, os radioamadores e as reuniões
Estimado José Luis Proença,
Achei a sua pergunta muito pertinente: "Para que servem as Associações de Radioamadores?"
Como diz e muito bem, servem para muitas coisas, e este seria sem dúvida um espaço adequado para discuti-las. E é um pouco nesse espírito que redijo a minha resposta às suas questões.
1. As associações têm privilégios e responsabilidades especiais consagradas na lei e nos procedimentos da Anacom.
Responsabilidades essas que estão "nas mãos" de uns poucos, tendo em conta, que somos cerca de cinco mil mas...e quantos pertencem a qualquer associação?
2. Para além destas, têm ainda privilégios e responsabilidades que decorrem moralmente das primeiras, mas também da sua natureza social.
Por exemplo, o privilégio exclusivo das associações de poderem instalar repetidores converte-se assim numa responsabilidade de os colocar à disposição de todos os amadores, independentemente da sua filiação associativa.
Igualmente, porque as associações são o parceiro natural e preferencial do regulador para o diálogo com a comunidade, daí decorre a sua responsabilidade de servir de elo de ligação bidireccional entre um e os outros. Não apenas entre o regulador e os associados, mas entre o regulador e a comunidade de todos os radioamadores.
Não estando em causa a representatividade mas, convenhamos, que num universo de cinco mil nem metade é filiado em nenhuma Associação, significará isso que o que está bom para os outros estará bom para mim?
3. Para mim é muito claro que, em consequência do que vai acima exposto, qualquer associação tem o dever moral de esclarecer todo e qualquer amador que se lhe dirija em busca de informações provenientes da Anacom.
Diria mesmo mais. Atendendo à generalização do uso de foruns virtuais para a discussão do radioamadorismo, tal como estamos aqui a fazer, penso que não será exagero considerar igualmente um dever das associações a publicação ou divulgação dessas informações, de forma espontânea e não solicitada, nestes espaços públicos.
Poderá ter o dever moral mas não obrigatório de o fazer, pelo menos poderá haver quem pense assim o que, na minha opinião, não será o mais correcto.
4. Outra coisa será que uma associação alargue o âmbito de discussão das suas propostas para além do conjunto dos seus associados.
Mais uma vez, cabe a cada um delas decidir isso, não pode ser imposto.
Penso que todos nós temos consciência, em maior ou menor escala, daquilo a que se vulgarmente se chama crise associativa, e que afecta muitos outros sectores da nossa sociedade para além do radioamadorismo.
Tem havido importantes alterações, quer sociais, quer no estilo de vida, quer mesmo nos nossos valores, que promovem o individualismo contra o colectivismo e o contacto e discussão virtuais contra o diálogo em assembleia.
Independentemente de juízos de valor que se possam fazer sobre este estado de coisas, penso que é importante a comunidade dos radioamadores olhar para si própria e adaptar-se aos novos tempos.
Plenamente de acordo só que há o revés das discussões virtuais, que é, o esvasiamento da vida associativa física o que pode promover
e até desincentivar o ponto de encontro na sede física e isso, poderá ser meio caminho andado para o desmembramento e por conseguinte...fecho. Quantas Associações existem neste momento que nem plano de actividades tem?
Parece-me a mim que reservar informação com o objectivo de captar mais sócios ou encorajar a participação dos que já existem, poderá não ser uma táctica particularmente eficaz.
Pelo contrário, o envolvimento da comunidade em geral na discussão das propostas concretas de cada associação poderá ter três efeitos secundários benéficos:
- Promover de forma directa o diálogo inter-associações, ao juntar no mesmo forum amadores de diferentes regiões e diferentes filiações associativas.
Isso já é feito actualmente a exemplo da última reunião em Leiria.
Já agora, se fosse para levar o "virtualismo" das trocas de ideias, porque é que a reunião de Leiria não foi feita via Skipe ou MSN?
Porque, obviamente, é muito melhor cara a cara, há a sã convivência e nada como esclarecer as opiniões de viva voz para não haver mal entendidos.
(Estou a dar o exemplo de reunião Leiria só porque foi a última nada mais do que isso)
- Trazer para a discussão amadores que sendo "independentes" poderão acrescentar valor à mesma, senão do ponto de vista "associativo" pelo menos do ponto de vista técnico.
- Aumentar o interese de alguns desses independentes pela vida associativa.
Ainda não consegui perceber a aversão que existe em ser-se sócio de qualquer Associação, a mais valia dos "independentes" seria, com certeza, muito mais valorizada e reconhecida se esse elemento, como grande técnico, integrasse as fileiras de uma qualquer Associação.
5. Não vou, evidentemente, ao ponto de achar que deva haver unanimismo entre as associações ou entre os radioamadores. Cada associação deve definir as suas propostas ao regulador, baseando-se, por definição, na vontade expressa e exclusiva dos seus sócios, e pela forma que entender.
No entanto, por virtude da discussão pública alargada, é maior a probabilidade de que cada sócio esteja mais bem informado e a par das restantes propostas, e que possa portanto apresentar à sua associação um voto de maior qualidade.
Em conclusão, não só penso que é dever de cada associação relatar a todos os radioamadores toda e qualquer informação relevante que lhe seja facultada pela Anacom, como penso também que poderá ser benéfico para toda a comunidade, incluindo as associações, que todas as propostas sejam discutidas publicamente antes da sua redacção final e consequente submissão à Anacom.
Se as Associações assim o entenderem óptimo, saímos TODOS a ganhar.
73 de José Luís Proença
Operador do Posto Emissor, CT1GZB
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REP # 1418
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73,
António Vilela
CT1JHQ
2010/11/25 José Luís Proença (CT1GZB) <ct1gzb netcabo.pt>
>
> Tendo em conta as reuniões realizadas com a ANACOM e a Associações de Radioamadores e, se o conteúdo dessas mesmas reuniões deveriam ou não ser tornados público ou não, vou dar a minha opinião.
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