ARLA/CLUSTER: A origem das letras CT dos nossos indicativos

Radiophilo radiophilo gmail.com
Sábado, 14 de Agosto de 2010 - 01:21:18 WEST


A evolução das séries de indicativos atribuídos a Portugal ainda tem a sua
história. Penso que a lista abaixo estará completa e correcta, exceptuando
talvez a data do estabelecimento da série CRA-CTZ, em 1912 ou talvez 1913, e
a data em que, após 1979, a série CQA-CUZ para Portugal passou a ser uma só.

1912, Londres (Convenção)
CUA-CUZ Portugal

1912, Londres (Efectiva)
CRA-CTZ   Portugal

1927, Washington
CRA-CRZ Colónias Portuguesas
CSA-CUZ Portugal

Como novidade adicional, o primeiro alfabeto de soletração para
radiotelefonia da UIT é estabelecido internacionalmente nesta conferência,
mas isso é outro assunto.

1932, Madrid
CQA-CRZ Colónias Portuguesas
CSA-CUZ Portugal

1938, Cairo
CQA-CRZ Colónias Portuguesas
CSA-CUZ Portugal
XXA-XXZ  Colónias Portuguesas

Na conferẽncia do Cairo, a série XXA-XXZ foi uma graciosa oferta da França
às colónias portuguesas, a pedido do representante destas.

1979, Genebra
CQA-CRZ Portugal
CSA-CUZ Portugal
XXA-XXZ  Portugal

2007, Genebra
CQA-CUZ Portugal
XXA-XXZ República Popular da China – Macau

Cumprimentos,
António Vilela
CT1JHQ

2010/8/10 Radiophilo <radiophilo  gmail.com>

> Olha que tema mais interessante!
>
> Históricamente, a atribuição internacional de indicativos começou com a
> Conferência Radiotelegráfica Internacional de Londres em 1912. Isto foi
> ainda antes da UIT tal como a conhecemos, pois as convenções telegráfica e
> radiotelegráfica, embora irmãs, apenas se viriam a unir na Conferência de
> Madrid em 1932 da União Telegráfica Internacional. Durante esta importante
> reunião plenipotenciária, ficou decidido reunir a União Radiotelegráfica
> Internacional com a União Telegráfica Internacional, criando assim a União
> Internacional das Telecomunicações.
>
> Até então, e desde a primeira Conferência radiotelegráfica internacional,
> realizada em Berlim em 1906 e na qual participara já o Reino de Portugal, os
> indicativos eram reclamados pelas administrações contratantes junto do
> Bureau internacional que se encarregava de evitar coincidências de
> indicativos. A confusão gerada era muita.
>
> Em Londres, a questão da distribuição dos indicativos de chamada foi
> entregue a uma sub-comissão técnica. O relatório dessa comissão é muito
> divertido e valeria a pena detalhar um pouco, mas de interesse para aqui
> basta referir as seguintes atribuições:
> CQA-CQZ - Mónaco
> CRA.CTZ - Noruega
> CUA-CUZ - Portugal
>
> O relatório desta sub-comissão é aceite sem discussão pela conferência, que
> encarrega então o Bureau internacional de "fazer o que for necessário". A
> tabela de atribuições não é, no entanto, incluída nas actas finais ou no
> regulamento aprovado, pelo que caberá ao Bureau a sua implementação. Como se
> verá, esta tabela não viria de todo a ser definitiva, se é que alguma vez
> entrou em vigor.
>
> Num livro publicado em 1914, o Dr Pierre Corret esclarece:
> "Como vimos, um grande número de indicativos acabam de ser alterados. A
> maior parte dos outros sê-lo-ão por sua vez em conformidade com as decisões
> da Conferência radiotelegráfica internacional de Londres que repartiu entre
> os diferentes países os grupos de três letras que devem servir de
> indicativos às suas estações costeiras ou de bordo.
> Eis como foi feita essa repartição:
> <...>
> LAA-LBZ   Noruega
> CQA-CQZ  Mónaco
> CRA-CTZ   Portugal
> <...>
>
> Esta lista, publicada no *Cosmos* (nº 1476) de 8 de Maio de 1913, está em
> desacordo em vários pontos com aquela que se encontra nos *Documentos da
> Conferência radiotelegráfica internacional de Londres*.
> <...>
> Mas, contráriamente ao que se poderia esperar, é a lista do *Cosmos* que
> parece corresponder à repartição real dos indicativos. Esta não é, aliás, a
> única incoerência que encontramos nesta questão dos indicativos!"
>
> Como se pode ver, a série CQA-CQZ começou por ser inicialmente atribuido ao
> Mónaco, enquanto a série CUA-CUZ não tinha sido atribuida a nenhum país.
>
> Interessante também notar que as séries de indicativos são definidas em
> conjuntos de três letras pois já na altura, e desde a conferência de Berlim,
> estava acordado que as estações costeiras tinham indicativos com três
> letras.
>
> Embora nesta altura a convenção apenas regulasse as comunicações
> radiotelegráficas marítimas não estando contemplado qualquer outro serviço,
> fará muito em breve 100 anos que Portugal tem os indicativos CT à sua
> disposição.
>
> 73,
> António Vilela
> CT1JHQ
>
> 2010/8/7 Vítor Oliveira <vitoroliveira2008  gmail.com>:
>
-------------- próxima parte ----------
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