ARLA/CLUSTER: A origem das letras CT dos nossos indicativos

Radiophilo radiophilo gmail.com
Terça-Feira, 10 de Agosto de 2010 - 21:35:45 WEST


Olha que tema mais interessante!

Históricamente, a atribuição internacional de indicativos começou com a
Conferência Radiotelegráfica Internacional de Londres em 1912. Isto foi
ainda antes da UIT tal como a conhecemos, pois as convenções telegráfica e
radiotelegráfica, embora irmãs, apenas se viriam a unir na Conferência de
Madrid em 1932 da União Telegráfica Internacional. Durante esta importante
reunião plenipotenciária, ficou decidido reunir a União Radiotelegráfica
Internacional com a União Telegráfica Internacional, criando assim a União
Internacional das Telecomunicações.

Até então, e desde a primeira Conferência radiotelegráfica internacional,
realizada em Berlim em 1906 e na qual participara já o Reino de Portugal, os
indicativos eram reclamados pelas administrações contratantes junto do
Bureau internacional que se encarregava de evitar coincidências de
indicativos. A confusão gerada era muita.

Em Londres, a questão da distribuição dos indicativos de chamada foi
entregue a uma sub-comissão técnica. O relatório dessa comissão é muito
divertido e valeria a pena detalhar um pouco, mas de interesse para aqui
basta referir as seguintes atribuições:
CQA-CQZ - Mónaco
CRA.CTZ - Noruega
CUA-CUZ - Portugal

O relatório desta sub-comissão é aceite sem discussão pela conferência, que
encarrega então o Bureau internacional de "fazer o que for necessário". A
tabela de atribuições não é, no entanto, incluída nas actas finais ou no
regulamento aprovado, pelo que caberá ao Bureau a sua implementação. Como se
verá, esta tabela não viria de todo a ser definitiva, se é que alguma vez
entrou em vigor.

Num livro publicado em 1914, o Dr Pierre Corret esclarece:
"Como vimos, um grande número de indicativos acabam de ser alterados. A
maior parte dos outros sê-lo-ão por sua vez em conformidade com as decisões
da Conferência radiotelegráfica internacional de Londres que repartiu entre
os diferentes países os grupos de três letras que devem servir de
indicativos às suas estações costeiras ou de bordo.
Eis como foi feita essa repartição:
<...>
LAA-LBZ   Noruega
CQA-CQZ  Mónaco
CRA-CTZ   Portugal
<...>

Esta lista, publicada no *Cosmos* (nº 1476) de 8 de Maio de 1913, está em
desacordo em vários pontos com aquela que se encontra nos *Documentos da
Conferência radiotelegráfica internacional de Londres*.
<...>
Mas, contráriamente ao que se poderia esperar, é a lista do *Cosmos* que
parece corresponder à repartição real dos indicativos. Esta não é, aliás, a
única incoerência que encontramos nesta questão dos indicativos!"

Como se pode ver, a série CQA-CQZ começou por ser inicialmente atribuido ao
Mónaco, enquanto a série CUA-CUZ não tinha sido atribuida a nenhum país.

Interessante também notar que as séries de indicativos são definidas em
conjuntos de três letras pois já na altura, e desde a conferência de Berlim,
estava acordado que as estações costeiras tinham indicativos com três
letras.

Embora nesta altura a convenção apenas regulasse as comunicações
radiotelegráficas marítimas não estando contemplado qualquer outro serviço,
fará muito em breve 100 anos que Portugal tem os indicativos CT à sua
disposição.

73,
António Vilela
CT1JHQ

2010/8/7 Vítor Oliveira <vitoroliveira2008  gmail.com>:
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