Olha que tema mais interessante!<br><br>Históricamente, a atribuição internacional de indicativos começou com a Conferência Radiotelegráfica Internacional de Londres em 1912. Isto foi ainda antes da UIT tal como a conhecemos, pois as convenções telegráfica e radiotelegráfica, embora irmãs, apenas se viriam a unir na Conferência de Madrid em 1932 da União Telegráfica Internacional. Durante esta importante reunião plenipotenciária, ficou decidido reunir a União Radiotelegráfica Internacional com a União Telegráfica Internacional, criando assim a União Internacional das Telecomunicações.<br>



<br>Até então, e desde a primeira Conferência radiotelegráfica internacional, realizada em Berlim em 1906 e na qual participara já o Reino de Portugal, os indicativos eram reclamados pelas administrações contratantes junto do Bureau internacional que se encarregava de evitar coincidências de indicativos. A confusão gerada era muita.<br>
<br>Em Londres, a questão da distribuição dos indicativos de chamada foi entregue a uma sub-comissão técnica. O relatório dessa comissão é muito divertido e valeria a pena detalhar um pouco, mas de interesse para aqui basta referir as seguintes atribuições:<br>

CQA-CQZ - Mónaco<br>CRA.CTZ - Noruega<br>CUA-CUZ - Portugal<br><br>O relatório desta sub-comissão é aceite sem discussão pela conferência, que encarrega então o Bureau internacional de &quot;fazer o que for necessário&quot;. A tabela de atribuições não é, no entanto, incluída nas actas finais ou no regulamento aprovado, pelo que caberá ao Bureau a sua implementação. Como se verá, esta tabela não viria de todo a ser definitiva, se é que alguma vez entrou em vigor.<br>
<br>Num livro publicado em 1914, o Dr Pierre Corret esclarece:<br>
&quot;Como vimos, um grande número de indicativos acabam de ser alterados. A maior parte dos outros sê-lo-ão por sua vez em conformidade com as decisões da Conferência radiotelegráfica internacional de Londres que repartiu entre os diferentes países os grupos de três letras que devem servir de indicativos às suas estações costeiras ou de bordo.<br>



Eis como foi feita essa repartição:<br>&lt;...&gt;<br>LAA-LBZ   Noruega<br>CQA-CQZ  Mónaco<br>CRA-CTZ   Portugal<br>&lt;...&gt;<br><br>Esta lista, publicada no <i>Cosmos</i> (nº 1476) de 8 de Maio de 1913, está em desacordo em vários pontos com aquela que se encontra nos <i>Documentos da Conferência radiotelegráfica internacional de Londres</i>.<br>



&lt;...&gt;<br>Mas, contráriamente ao que se poderia esperar, é a lista do <i>Cosmos</i> que parece corresponder à repartição real dos indicativos. Esta não é, aliás, a única incoerência que encontramos nesta questão dos indicativos!&quot;<br>



<br>Como se pode ver, a série CQA-CQZ começou por ser inicialmente atribuido ao Mónaco, enquanto a série CUA-CUZ não tinha sido atribuida a nenhum país.<br><br>Interessante também notar que as séries de indicativos são definidas em conjuntos de três letras pois já na altura, e desde a conferência de Berlim, estava acordado que as estações costeiras tinham indicativos com três letras.<br>
<br>Embora nesta altura a convenção apenas regulasse as comunicações radiotelegráficas marítimas não estando contemplado qualquer outro serviço, fará muito em breve 100 anos que Portugal tem os indicativos CT à sua disposição.<br>



<br>73,<br>António Vilela<br>CT1JHQ<br><br>2010/8/7 Vítor Oliveira &lt;<a href="mailto:vitoroliveira2008@gmail.com" target="_blank">vitoroliveira2008@gmail.com</a>&gt;:<br>