ARLA/CLUSTER: Foto Radiobaliza VHF - CS3BRM
Carlos Pinheiro
karlus.pinheiro gmail.com
Sábado, 5 de Setembro de 2009 - 22:52:28 WEST
Caríssimo Mourato,
Muito obrigado pela excelente lição de propagação ! Não há dúvida que o
Carlos é um "expert" na matéria e embora eu conheça as tais vantagens e
desvantagens (como tudo na vida...) das polarizações horizontal / vertical,
o meu amigo escalpelizou uma série de pormenores e efeitos muito importantes
para a compreensão destes fenómenos.
Como sabe estive durante muitos anos ligado às telecomunicações via satélite
geo-estacionários e aí a situação é muito mais simples, pois 99,9% do
percurso é em espaço livre, tirando os poucos Km da travessia da atmosfera,
o resto do percurso do feixe, tem o Elipsóide de Fresnel, completamente
desobstruído, salvo as situações em que trabalhávamos com ângulos de fogo
abaixo de 7 º em que aí a influência da Terra, já se fazia sentir,
interferindo com a zona de Fresnel e prejudicando a relação G/T (Ganho /
Temperatura de Ruído) uma vez que a temperatura da Terra é muito superior à
do Céu.
Para a Banda C (Uplink em 6 GHz e Downlink em 4 Ghz) a polarização preferida
era a circular (LHCP p/ a subida e RHCP p/ a descida), com reutilização de
transponders na mesma frequência em polarizações opostas(no poupar é que
está o ganho...). No entanto quando a banda C começou a ficar saturada e
tivemos de saltar para a Ku (uplink em 14 GHz e downlink em 11 GHz) já
passou a ser preferida a polarização linear (vertical / horizontal), pois em
situação de hidrometeoros(chuva intensa) a atenuação chegava aos 25 dB e a
alteração da polarização circular era terrível... à várias teorias que
tentam explicar este fenómeno, mas está certamente relacionado com o facto
da frequência de ressonância das partículas de água em suspensão(gotas) ser
muito próxima das frequências da banda K. Este fenómeno não acontecia na
banda C, como é evidente...
Eu peço desculpa da "seca" e de me ter desviado do assunto mais "terreno"
dos nossos problemas radioamadorísticos, mas pode ser que ache uma certa
piada à correlação.
73 do CT1PT
Carlos Pinheiro
2009/9/5 Carlos Mourato <radiofarol gmail.com>
> Colega Carlos Pinheiro Realmente a propagação tem destas coisas. Agora
> mesmo, que são 13:17 UTC, o repetidor do pico do silva chega-me com 9 mais
> 40, e do BEACON nem o minimo sinal mesmo com o pré a GASFET, a yagi de 8
> elementos e a linha de Heliax de 1/2"
> . Pela minha experiencia de anos nestas coisas, nem sempre a polarização
> horizontal é a melhor. Ja fiz até testes durante um ducto para as Canárias,
> aqui à uns meses, em que o colega EA8 tinha as 2 polarizações e o melhor
> mesmo era um na horizontal e outro na vertical. Não podemos esquecer, que a
> onda electromagnética quando não percorre o seu trajecto normal dentro da
> linha de vista ou proximo, e se propaga através de varios meios, a
> diferentes altitudes, pode sofrer variações no plano de polararização, assim
> o meio reflector ou defractor esteja no plano horizontal, vertical, ou em
> qualquer angulo entre estes. Por norma, as comunicações a longa distancia
> são efectuadas em horizontal, principalmente porque o nivel de ruido é
> sensivelmente mais baixo. O ruido natural parece estar polarizado
> verticalmente e isso aumenta o noise floor e algumas unidades quando se usa
> polarização vertical. Parece tambem, que a polarização horizontal nos meios
> urbanos e especialmente em FM, sofre menos com o delay e como tal não
> apresenta tanta distorção de fase. Tambem Por outro lado, a polarização
> horizontal é mais favorável ao fenomenos de refração acompanhando as
> variações de terreno mais facilmente, conseguindo desta forma, sinais mais
> distantes. Alem destas vantagens existem tambem outras que verificamos por
> experiencia própria. No entanto nem tudo são vantagens, e uma das maiores
> desvantagens, é o facto de a polarização horizontal, ser, pela sua natureza,
> muito mais sensivel ao efeito especular. do que a polarização vertical.
> Neste contexto, e analizando a propagação entre a Madeira e o Continente,
> verificamos que 99,9% do percurso é sobre o Oceano, um meio excelente para
> as ondas se reflectirem. O efeito especular, como presumo que saiba,
> acontece, quando existe num ponto ou varios pontos reflectores entre a
> antena emissora e a antena receptora, com fase inversa. Ou seja, quando está
> visivel a antena imagem. Como a radiação da "antena imagem" é 180 graus fora
> de fase. e se for suficientemente forte, pode, ao chegar ao dipolo anular a
> radiação principal. Este fenomeno de anulação, pode tambem ocorrer numa zona
> de irregularidades das camadas atmosféricas reflectoras (acontece por
> vezes em HF, nas camadas F, pela mistura de 2 sinais de emissoras
> diferentes e é conhecido pelo efeito Luxemburgo) Convem salientar que a
> reflexão imaginária da antena (como se fosse uma antena verdadeira vista ao
> espelho) pode acontecer no mar ou numa camada atmosférica e como, tal se
> acontecer acima do meio médio de propagação, o efeito especular pode-se
> manisfestar a muita distancia. Dou-lhe como exemplo os testes que fiz
> durante anos em TVA com a Arrãbida, que se encontrava em polarização
> horizontal. Ao cair da noite potenciado pela mudança de temperatura, esse
> fenomeno era muito frequente entre a minha estação e o repetidor. Recordo
> que estou em perfeita linha de vista com a Arrábida, pese embora o facto de
> me encontrar a cerca de 70 da mesma, com praticamente apenas agua entre
> Sines e a Arrábida.. Muitas vezes, eu com a antena da torre, uma tona de 32
> elementos na horizontal, que "via" perfeitamente a superficie do oceano e o
> repetidor, os sinais ficavam tão fracos que chegava ao ponto do repetidor
> desaparecer. nessas ocasiões, passava para uma antena interior, do tipo
> helicoidal, com meia duzia de espiras, e o sinal era fabuloso...Abria a
> janela, e colocava a helicoidal a jeito de esta"ver o Oceano", e o sinal
> caia bruscamente. No entanto, e na mesma hora, o repetidor de Sintra, em
> polarização vertical, bastante mais longe, mas tambem com muito Oceano pelo
> meio, chegava perfeitamente mesmo com a tona em horizontal. Esta é a minha
> ideia sobre o assunto. Não sou um matemático que possa explicar por modelos
> o que acabei de escrever, e tal baseia-se no que sei sobre o assunto, e nas
> observações em campo, que ao longo dos muitos anos de experiencia na area
> tive oportunidade de efectuar.
> Para terminar, horizontal, ou vertical, depende do tipo de comunicação que
> queremos, e do local onde estamos. Qualquer uma tem as suas vantagens e
> desvantagens.
>
> 73 de CT4RK
>
> 2009/9/5 Carlos Pinheiro <karlus.pinheiro gmail.com>
>
> Bom dia,
>>
>> Algum colega me pode confirmar se este Beacon da Madeira está mesmo a
>> funcionar ?
>>
>> É que estou a receber o repetidor do Pico do Silva, em 145.700 MHz, com
>> S9+10 dB e activo com 5W, e não escuto absolutamente nada em 144.421, mesmo
>> em CW e com o filtro de 250 Hz...
>>
>> E por acaso neste momento não há QSO's em 144.425, hehe...
>>
>> Obrigado.
>>
>> De CT1PT
>> Carlos Pinheiro
>>
>>
>>
>> 2009/9/3 Antonio Matias <ct1ffu gmail.com>
>>
>> Pois é. Só é pena que ainda haja por partes de muitos colegas um
>>> total desrespeito pelas novas normas
>>> em vigor.
>>> Não se consegue escutar este beacon nem os próximos desta frequência,
>>> porque ainda há colegas que persistem em manter os QSO's locais nos
>>> segmentos exclusivos a Beacons..
>>> Todas as noites, pelo menos, lá estão em conversa descansadinhos da vida
>>> eles em 144.425 Mhz.
>>>
>>> Enfim...
>>>
>>>
>>>
>>> 2009/9/3 João Gonçalves Costa <joao.a.costa ctt.pt>
>>>
>>>> Indicativo:* CS3BRM*;
>>>> Frequência: *144,421MHz (A1A)*;
>>>> QTH Locator: *IM12or
>>>> *Altitude: *602 m*;
>>>> Potência: *5 watts* .
>>>>
>>>> Fonte: Delegação REP-Madeira
>>>>
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>>>> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
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> Best 73 from: regards from: CT4RK Carlos Mourato - Sines - Portugal
>
> Save the Radio Spectrum! Eliminate Broadband over Power Line. Salve o
> espectro electromagnético!. Não use a rede electrica para transmitir dados.
> Os "homeplugs power line" e a tecnologia "power line" causa fortes
> interferencias noutro serviços sem voce se aperceber. Diga não à tecnologia
> power line. Proteja o ambiente
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