Re: ARLA/CLUSTER: Um desabafo, para reflexão...

Tiago Santos ct2hcq gmail.com
Segunda-Feira, 9 de Março de 2009 - 09:09:01 WET


Artur bom dia,

Espero que estejas melhor da tua saúde, e que esteja tudo bem por casa.
A mensagem que transcreveste não me passou de todo ao lado, de facto estive
a consultar a vossa página http://susf.portugal.googlepages.com/ e tomei
conhecimento sobre o assunto, assim como penso eu,  todos os utilizadores
desta lista.
De facto existem muitos lobys em todas as areas da sociedade e o
radioamadorismo não é excepção, mas eu assim como tu o fizeste, desliguei um
pouco as minhas antenas acerca desses assuntos.
Sou consumidor assiduo desta lista de amigos, leio o que tenho a ler e
participo no que me interessa.
Respondo-te a este email só mesmo para te cumprimentar e desejar as melhores
felicidades nessa batalha em que voces estão.
Mas por mim, deixei de participar nessas actividades da PC desde o segundo
ano em que estive em Palmela.

Cumprimentos ao João e ao Marco,
Cumprimentos para ti e para a familia,

Tiago Santos
CT2HCQ


2009/3/8 Riky <hfvhfuhf  gmail.com>

> Cumprimentos a todos os estimados colegas utilizadores do ARLA/Cluster, bem
> como das faixas hertzianas.
> Antes de mais quero publicamente agradecer as amigáveis e calorosas
> palavras de força dirigidas por colegas e Associações à minha pessoa aquando
> da passagem de uma fase menos boa de saúde.
> Um grande obrigado.
> Caros colegas, apesar de aparentemente ter desaparecido do convívio
> amigável e técnico do mundo radioamadoristico, tal aparência não se coaduna
> com a realidade, mas sim e apenas de uma tomada de posição em prol da
> verdade do radioamadorismo, como por exemplo a dos resultados dos concursos
> ( Concursos com vencedores antecipados e que garantem à partida uma  posição
> de relevo em relação às Associações congéneres e/ou pior ainda que ajudam em
> interesses pessoais de imagem e capacidades para fins de subida na vida
> laboral), só por isto me tornei num radioamador silencioso, mas sempre
> sedento no conhecimento e desenvolvimento das radiocomunicações.
> Espero pelo dia em que o fim desse protagonismo individual e/ou Associativo
> dê lugar ao usufruto conjunto de uma área fundamental no desenvolvimento do
> futuro, em que sempre somos os pioneiros mas que quando chegados à fase do
> desenvolvimento e aplicação no terreno, logo somos espezinhados pelos
> potentes grupos monetários (empresas) mostrando e lucrando com tudo o que
> vamos aprendendo e desenvolvendo no mundo das comunicações em colaboração
> com outros radioamadores nacionais e internacionais, amadores e
> profissionais, e que sempre vemos ser retirado dos nossos berços sem
> qualquer proveito ou reconhecimento público dele retirar.
> Esta é a segunda vez que me dirijo a vós através do ARLA/Cluster, da
> primeira para destapar o tema já atrás referido, agora para um pedido de
> refleção de todos vós sobre uma noticia anteriormente divulgada por outros
> colegas, mas que aparentemente passou ao lado deste ponto de encontro,
> acerca da noticia da dependência de meios telefónicos por parte dos agentes
> da ANPC.
> Sendo um fiel leitor do A/C, tenho noção da posição quase que generalizada
> dos radioamadores para com a ANPC, mas eis que, no meu ponto de vista,
> surgiu a oportunidade de podermos levemente dar um "tau-tau" de luva branca
> àqueles que teimosamente, além dos interesses monetarios, creem ou querem
> fazer crer os poderosos do estado, que teem ou pensam terem adquirido ao
> longo dos tempos a galinha dos ovos de ouro no que diz respeito às
> comunicações de emergência autonomas, fiáveis e seguras, sem terem de se
> preocupar em algum dia virem a precisar, ou quem sabe trabalhar sempre em
> conjunto, com (como uma vez já ouvi sair da boca de um alto cargo da ANPC
> "...quem? Esses gajos dos walkietalk..."), como dizia vir a trabalhar com os
> radioamadores.
> Pergunto: mas afinal quem são os amadores e os "profissionais"?
> Não me querendo alongar mais na apresentação desta tese, apenas vou abaixo
> transcrever um email que recebi de um nosso colega e que talvez coloque a
> questão de uma forma mais politicamente correcta em alguns aspectos, e que
> me parece de todo o interesse partilhar convosco.
> Desde já vos peço desculpa por este testamento, mas volto a dizer que não
> deveriamos perder esta oportunidade de marcar a nossa posição para com o
> sucedido, apelo pois ás Associaçoes que nos representem nesta posição de
> critica construtiva,
> Os erros existem para isso mesmo, para reconhecer e admitir que há mais
> soluções, mesmo que aparentemente banais ou de terceiro mundo.
> 73´s, cumprimentos deste vosso colega radioamador silencioso.
> ARTUR CORREIA - CT2GPU
>
> *Transcrevendo*:
>
> Tenho ao longo de muitos anos criticado a forma como o sistema de proteção
> civil se dotou de recursos de radiocomunicações, tendo mesmo chegado a
> afirmar que era o cúmulo da ignorância em proteção civil, a recorrente
> aquisição de sistemas desconexos e incompatíveis, que faziam de bons
> sistemas, sistemas tidos por obsoletos, quando na realidade são eficientes.
> Porém os portugueses sabem hoje que por de trás destas operações estão
> "negociatas" e que a mudança de sistema raramente se prende com a
> argumentação apresentada, mas sim com aquela que o grupo interessado no
> negócio vende ao adquirente e ao país.
>
> O sistema TETRA da MOTOROLA que constitui o SIRESP, não é mais de que um
> telefone celular profissional. Tal como um telefone celular este equipamento
> "SIRESP" pode conectar-se à internet, pode ser programado on-line, pode
> estabelecer comunicações de grupo, e disponibiliza ligeiramente mais
> potência de áudio que um telefone celular comum, o que mesmo assim se revela
> insuficiente para os agentes de proteção civil a operar no terreno. Tal como
> um telefone celular o rádio "SIRESP" conecta-se a uma estação
> retransmissora, que por sua vez está interligada por linha telefónica da PT
> a outra estação retransmissora, ou seja em caso de abalo sísmico será uma
> das primeiras redes a deixar de funcionar, visto que as redes da VODAFONE,
> OPTIMUS, e TMN, possuem algumas redundâncias rádio, bem como baterias na
> fonte de alimentação que suportam o sistema a funcionar durante algumas
> horas em caso de falha de energia.
>
> No caso de agentes de proteção civil como os Bombeiros, Cruz Vermelha
> Portuguesa, a hoje Autoridade Nacional de Proteção Civil, Forças Policiais e
> outras, o curso histórico das radiocomunicações ficou marcado por diversas
> incongruências que em muito condicionam a proficiência dos sistemas. Todos
> estes agentes começaram por usar a célebre banda do cidadão (C.B.) tendo
> posteriormente uns evoluído para a banda alta de VHF, outros para a banda
> média de VHF, outros para a banda baixa de VHF e por fim outros para UHF, ou
> seja cada um para uma banda o que impossibilitava a ligação entre si e
> forçava então a que a ligação fosse feita com recursos à rede fixa da então
> Companhia de Telefones de Lisboa e Porto (T.L.P.) entre outras. Com o
> aparecimento da telefonia celular em Portugal na década de noventa esta
> ligação entre agentes passou a ser efetuada por "telemóvel", face às
> limitações dos sistemas de cada agente decorrentes de falta de manutenção ou
> evolução na dimensão dos sistemas por forma a suprir as necessidades de
> ampliação decorrentes do aumento de tráfego, no entanto é preciso dizer ao
> país que estas redes sempre estiveram subaproveitadas, por causa de receios
> decorrentes de condicionamentos regulamentares quanto ao seu uso. Assim e já
> no final da década de noventa, alguns agentes iludidos por uma falsa
> privacidade, e cobertura anunciada pelos operadores de Trunking, adquiriram
> terminais de ligação a esta rede móvel de recursos partilhados que tal como
> o SIRESP não serve as necessidades dos agentes de proteção civil, porque não
> dispõe de prioridade, porque a cobertura é limitada, e porque não garante os
> modos de operação próprios de uma rede de emergência.
>  Alheios às potencialidades do sistema convencional (porque assim
> interessava aos operadores privados de comunicações publicas) os agentes de
> proteção civil foram então procurando soluções alternativas sob a ilusão de
> que estavam a rumar em direção ao avanço tecnológico, quando de facto a
> tecnologia era a mesma mas com funcionalidades diferentes e diferentes
> opções.
>
> Outro aspeto a considerar é que com exceção da ligação à internet, os
> sistemas utilizados nas diversas bandas do espetro radioelétrico também
> disponibiliza todas as outras funções que o SIRESP disponibiliza, incluindo
> a multi-operabilidade por multiplexagem do canal e aqui estamos já a falar
> de redes digitais nas bandas anteriormente usadas e que alguém considera
> estarem superlotadas, o que é falso, pois a superlotação das bandas deixou
> de existir quando os operadores das redes de telefonia celular passaram no
> inicio desta década a oferecer produtos e serviços acessíveis a qualquer
> empresa ou particular. Podemos ainda dizer que a atual rede de proteção
> civil em banda alta tem um aproveitamento de cerca de 20%, decorrente da
> incapacidade da ANPC gerir adequadamente a rede pela via da formação dos
> agentes interlocutores.
>
> Outra das lacunas das radiocomunicações em em especial no que respeita à
> intervenção em graves acidentes ou mesmo numa catástrofe é o facto dos
> diferentes agentes falarem "línguas" diferentes. Em meu entender a solução
> passa por criar organismos especializados na formação em radiocomunicações,
> com programas de formação aprovados pelos diferentes ministérios da tutela e
> que comportem especialistas das áreas: militar, aeronáutica civil, marinha,
> e proteção civil. Desta forma podem ser estabelecidos programas de formação
> que visem preparar os formandos para a interoperabilidade das redes, para
> que num qualquer teatro de operações todos os agentes independentemente das
> fardas que envergam, se compreendam, deixando assim de co-existir a barreira
> linguística operativa.
>
> Em suma e em meu entender a solução ideal passaria por devolver à Sociedade
> Lusa de Negócios o sistema TETRA, sob a alegação de ineficiência, qualidade
> de áudio deplorável e inaplicabilidade para emergência e catástrofe. De
> seguida com a verba arrecadada o estado português complementaria a rede de
> banda alta de VHF a ser distribuída e interligada com outras redes de outros
> agentes, conferindo à rede características próprias da necessidade de cada
> agente nas suas comunicações internas, e de que é exemplo a necessidade de
> confidencialidade, bem como poria a funcionar a funcionalidade de
> transmissão de dados que embora exista na maioria dos equipamentos
> convencionais, nunca foi convenientemente explorada, ou seja a sua
> exploração nunca ultrapassou 4% das suas verdadeiras potencialidades
> Paralelamente e reconhecendo a necessidade de por um lado existir uma rede
> estratégica e por outro uma rede de catástrofe, seriam distribuídos a todos
> os agentes de proteção civil e entidades com fins de apoio à emergência,
> segurança, socorro, e solidariedade, equipamentos de HF (High Frequency)
> também conhecidos por "equipamentos de onda curta" para que caso tudo falhe
> (incluindo os satélites) a capacidade de comunicação está assegurada ao
> nível estratégico, tático, e até de informação. Complementarmente como rede
> de recurso e não como rede prioritária, uma rede de telefones de satélite,
> sabendo-se que em caso de incidente continental ou global este sistema está
> condicionado à vontade política dos países detentores das constelações de
> satélites.
>
> Para terminar gostaria de denunciar o facto de em Portugal existirem dois
> especialistas em radiocomunicações internacionais de emergência e
> catástrofe, porém apesar destes serem reconhecidos internacionalmente, e
> como tal e outros países aproveitarem o seu saber, a ANPC ou o Governo nunca
> os chamou a dar a sua opinião sobre sistemas de comunicação, em minha
> convicção porque o que está em causa são outros valores que não os da
> eficiência dos sistemas e defesa dos interesses do povo português.
>
> Senhor Presidente da ANPC, Senhoras e Senhores Governantes: De nada adianta
> a um país da nossa dimensão possuir uma rede digital multiplexada que
> aumenta o número de vias de comunicação, quando a capacidade de recursos
> humanos para receção nas centrais de emergência e despacho ficam aquém das
> vias de comunicação possíveis de disponibilizar numa rede convencional,
> reforçada com aplicações de transmissão de dados. Temos hoje equipamentos
> capazes de assegurar simultaneamente a fonia em modo convencional e a
> transmissão de dados (grafia) em modo digital. TETRA não é solução é
> negociata, ter o TETRA ou o Telemóvel no SIRESP é o mesmo e no caso do
> segundo a rede garante melhor qualidade de áudio e melhor cobertura podendo
> semente servir de rede auxiliar de recurso.
>
> Aparte: Provavelmente estranhou o texto, a forma aparentemente errática
> como foi redigído, pois foi revisto de acordo com o novo acordo ortográfico
> aprovado pela Assembleia da Républica.
>
> Cumprimentos,
> João - CT1 EBZ
>
>
>
>
>
>
> _______________________________________________
> CLUSTER mailing list
> CLUSTER  radio-amador.net
> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>
>
-------------- próxima parte ----------
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