ARLA/CLUSTER: D-Star

José Miguel Fonte etjfonte ua.pt
Quarta-Feira, 26 de Agosto de 2009 - 01:13:58 WEST


Viva caro Jorge,

Fiz uma pesquisa breve e não foi com facilidade que encontrei 
documentação sobre o codec, alias, sobre o codec não aparece nada que 
não faça menção ao facto de ser registado. O AMBE (R)(C), acrónimo de 
Advanced Multi-Band Excitation, é, e passo a transcrever:

*"... *a proprietary </wiki/Proprietary> speech coding 
</wiki/Speech_coding> standard developed by Digital Voice Systems, Inc."

(Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Advanced_Multi-Band_Excitation)

Ou seja, o CODEC é proprietário e não apenas o integrado que o 
implementa. Este é apenas uma ferramenta também, provavelmente, registada.

Entretanto dei um salto à pagina do referido Satochi e o que vi logo à 
entrada assusta um pouco e vai de acordo com o que imaginava, a 
filosofia comercial que fundamenta todo este criticismo. Ou seja, logo 
na página inicial o Satochi aparece a vermelho:

"*Please do not buy any PCB or Kits of the node adapter from PA4BYR and 
G7LTT. They do not have the permission to produce or re-distribute any 
PC Boards designed by me. The same holds good for the PIC program and 
other related materials. These items are copyrighted to me and these 2 
have broken the Copyright law. They have stolen our intellectual 
property. The PCB also has a patented pseudo real time monitor circuit. 
Therefore any duplication of this circuit without my explicit permission 
is also a clear violation. My lawyers will be initiating legal action 
against PA4YBR and G7LTT soon. Any products purchased from them will 
also be our targets. We will be able to identify your circuits on the 
D-Star network as I clearly know and can identify the circuits supplied 
by me. Moreover, I have never sold any PCB to PA4YBR and he is lying to 
you when he says that he got it from me. *"

É a isto que me refiro,... Mesmo as PICs são vendidas já programadas e o 
que afirma ainda está por confirmar pois além de mal documentada 
(obviamente) percebe-se que há aqui muito fruto de engenharia reversa 
através da análise do protocolo quer do hardware opcional da icom 
(módulos UT). Quanto à placa sem o AMBE, não percebo muito bem o que faz 
pois ele denomina-a de "Node adapter/Digipeater Interface" mas logo a 
seguir tem um "Home Brew DV adapter", este sim (digital voice) e contém 
um AMBE2020. A informação é escassa e a filosofia reinante é a do numerário.

Assim sendo fiz uma pesquisa ultra rápida sobre o CMX589A e este não é 
um "vocoder", é simplesmente um modem gMSK. Julgo que já percebi o que 
faz a "plaquinha".

Quanto ao AA4RC o que ele faz é "trabalhar" o "data stream" e não 
propriamente, descodificar o conteúdo. A informação de voz vai 
encapsulada nestes "data streams", até aí tudo bem mas para fazer a 
conversão desta informação (a encapsulada) entre o "mundo" digital e o 
analógico, precisa de um CODEC que implemente o AMBE, por sua vez 
proprietário.

Seja como for a questão da crítica é em relação à filosofia e não 
propriamente o custo. Poderia perguntar, também não vai implementar uma 
PIC quando pode comprar uma já feita, de facto é verdade mas todo o 
conhecimento aplicado à construção da PIC é disponibilizado, ou seja, 
poderia construir algo semelhante sem restrições, sendo que a PIC é 
apenas um meio para chegar a um fim e não um bloqueio ou uma imposição.

Existem tantos codecs e teve de se escolher logo um proprietário?

Quanto à ICOM, é simplesmente uma estratégia comercial e não critico. 
Eles próprios implementam outros protocolos, a ver por exemplo, a 
mensagem que o colega João Costa enviou hoje, sobre o dPMR, em que é 
utilizada voz digital e os protocolos e especificações são "standards" e 
facultados gratuitamente.

Também sei que entrando no mundo digital, chegar a consensos será bem 
mais difícil, daí que esse trabalho, muito provavelmente, terá de ser 
feito pela nossa comunidade, pois as empresas, como se vê, estão 
dispostas a implementar as soluções propostas, comercialmente. De outra 
forma, cada empresa, tentará tomar a iniciativa, como acontecee depois 
dá nisto.

Para finalizar, devo agradecer o facto de podermos debater estas 
questões por aqui, pois permite-me aprender um pouco mais e 
provavelmente elucidar outros colegas. Fosse o teor das conversas 
diárias que se ouvem por aí desta índole, certamente daria  outra 
vontade de participar e escutar.

Cumprimentos e obrigado,
73 ct1enq

Jorge Santos escreveu:
> Caro Miguel.
>
> Pondo um ponto final no assunto teste e virando-me agora para o 
> D-Star, o referido na Wikipedia é fruto de alguém que teve (ou não) 
> acesso a um equipamento e fala por isso mesmo, completo 
> desconhecimento. O protocolo D-Star é público está por demais 
> documentado na net, o codec tal como já referi anteriormente pode ser 
> gerado e controlado por PIC e como tal utilizar-se outro chip que não 
> o AMBE-2020 (embora este último seja mais barato que o CMX).
> Existem neste momento colegas com um estudo de um novo Codec este 
> exclusivamente por software (sem recurso aos Chip's), a DVSI produziu 
> um Chip que é simultaneamente conversor AD, um Voice encoder decoder e 
> (aqui foi a mais valia para a ICOM) um FEC encoder e decoder que 
> entrega/recebe directamente por protocolo ATM (entre outros), o 
> registo de patente garante que mais ninguém irá produzir um chip com 
> estas características, no entanto se analisar por exemplo o software 
> D-Plus ele agarra no bit stream descodifica-o e entrega-o a outro 
> servidor que por sua vez o codifica (e corrige se necessário) por 
> forma a poder ser emitido noutro repetidor, que eu saiba a DVSI ainda 
> não pediu royalties ao Robin Cutshaw (AA4RC) por ele ter "usurpado" um 
> direito deles, o mesmo se passa com o Satoshi que ao descodificar o 
> bit stream através de um software residente no PIC e o enviar ao CMX 
> (este outro vocoder de outra Empresa) cumpre assim as especificações 
> do protocolo D-Star sem contudo ter violado os direitos da DVSI.
> Em relação ao repetidor GB7MH ele está activo com gateway recebe 
> comunicações de móveis (Rf directa) e tal como lhe disse Miguel se 
> acaso não tem um equipamento D-Star procure alguém que o tenha e teste 
> o repetidor em comparação por exemplo com um nosso, irá ver que não 
> nota diferença alguma no áudio no entanto o mesmo está a ser 
> processado por software e não por hardware (embora o software esteja 
> no PIC e como tal poderá levar à confusão de ser considerado hardware).
> Com respeito a equipamentos com sistemas proprietários, já foi por 
> demais debatido este assunto mas retornando, o D-Star baseia-se num 
> protocolo criado à uns anos pela JARL, o mesmo é público as Empresas 
> concorrentes servirem-se ou não dele é meramente uma questão 
> comercial, isto lembra-me uma certa Empresa que pretendeu lançar um 
> sistema (este sim era só deles) que era o WiresII e que ficou-se por 
> isso mesmo.
>
> Não pense caro Miguel que sou um defensor acérrimo do D-Star, pura e 
> simplesmente vejo-o como um novo sistema cheio de lacunas (no meu 
> entender) e que só com a colaboração de todos poderá talvez num futuro 
> a vir a ser o único modo de comunicação, mas de momento ainda está 
> muito verde.
>
> Com um abraço e um obrigado
>
> Jorge Santos
>





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