ARLA/CLUSTER: Re: Repetidor CQ0DCH
Jorge Santos
nobre.santos netvisao.pt
Terça-Feira, 25 de Agosto de 2009 - 19:28:25 WEST
Caro Miguel.
Pondo um ponto final no assunto teste e virando-me agora para o D-Star,
o referido na Wikipedia é fruto de alguém que teve (ou não) acesso a um
equipamento e fala por isso mesmo, completo desconhecimento. O protocolo
D-Star é público está por demais documentado na net, o codec tal como já
referi anteriormente pode ser gerado e controlado por PIC e como tal
utilizar-se outro chip que não o AMBE-2020 (embora este último seja mais
barato que o CMX).
Existem neste momento colegas com um estudo de um novo Codec este
exclusivamente por software (sem recurso aos Chip's), a DVSI produziu um
Chip que é simultaneamente conversor AD, um Voice encoder decoder e
(aqui foi a mais valia para a ICOM) um FEC encoder e decoder que
entrega/recebe directamente por protocolo ATM (entre outros), o registo
de patente garante que mais ninguém irá produzir um chip com estas
características, no entanto se analisar por exemplo o software D-Plus
ele agarra no bit stream descodifica-o e entrega-o a outro servidor que
por sua vez o codifica (e corrige se necessário) por forma a poder ser
emitido noutro repetidor, que eu saiba a DVSI ainda não pediu royalties
ao Robin Cutshaw (AA4RC) por ele ter "usurpado" um direito deles, o
mesmo se passa com o Satoshi que ao descodificar o bit stream através de
um software residente no PIC e o enviar ao CMX (este outro vocoder de
outra Empresa) cumpre assim as especificações do protocolo D-Star sem
contudo ter violado os direitos da DVSI.
Em relação ao repetidor GB7MH ele está activo com gateway recebe
comunicações de móveis (Rf directa) e tal como lhe disse Miguel se acaso
não tem um equipamento D-Star procure alguém que o tenha e teste o
repetidor em comparação por exemplo com um nosso, irá ver que não nota
diferença alguma no áudio no entanto o mesmo está a ser processado por
software e não por hardware (embora o software esteja no PIC e como tal
poderá levar à confusão de ser considerado hardware).
Com respeito a equipamentos com sistemas proprietários, já foi por
demais debatido este assunto mas retornando, o D-Star baseia-se num
protocolo criado à uns anos pela JARL, o mesmo é público as Empresas
concorrentes servirem-se ou não dele é meramente uma questão comercial,
isto lembra-me uma certa Empresa que pretendeu lançar um sistema (este
sim era só deles) que era o WiresII e que ficou-se por isso mesmo.
Não pense caro Miguel que sou um defensor acérrimo do D-Star, pura e
simplesmente vejo-o como um novo sistema cheio de lacunas (no meu
entender) e que só com a colaboração de todos poderá talvez num futuro a
vir a ser o único modo de comunicação, mas de momento ainda está muito
verde.
Com um abraço e um obrigado
Jorge Santos
José Miguel Fonte escreveu:
> Viva caro Jorge,
>
> Olhe que nem todos conhecem a saga da guerra das estrelas :).
>
> A questão dos testes é mesmo essa, deveriam ter uma duração temporal
> bastante curta (até ao fim do ano é capaz de ser mais do que um teste)
> e deveria ser feito numa frequência, tradicionalmente, reservada para
> a utilização de repetidores (sendo este o principal ponto da discórdia).
>
> Outro facto importante é a localização geográfica onde se vai realizar
> o teste, como deve saber, é necessária uma atenção redobrada em zonas
> limítrofes do nosso país. Este teste , a ser efectuado, vai
> ocorrer numa zona muito próxima dos nossos vizinhos espanhóis que
> não têm de aceitar as regras que o nosso serviço regulador impõe
> por mero palpite irracional.
>
> Quanto ao número de utilizadores, o importante é saber o número de
> utilizadores activos em particular nesta zona. Posso sugerir um número
> qualquer e será sempre menos de uma dezena. (Agora pode perguntar e os
> que entram pela "net"... :) Isso será outra história...)
>
> Quanto ao alargamento, sugerido pela IARU, quem teria de o aceitar
> deveria ser a ITU, em particular os países integrantes da CEPT e
> respectivos orgãos oficiais (principalmente o ERO). Como deve saber o
> alargamento sugerido teria aplicabilidade na região 1 pois noutras
> regiões este alargamento é uma realidade que dura há muitos anos/décadas.
>
> Quanto à mística referida, posso sugerir a leitura, no Wikipedia, da
> descrição do D-STAR, da qual passo a citar:
>
> http://en.wikipedia.org/wiki/D-STAR
>
> "D-STAR has been criticized for its use of a patented, closed-source
> proprietary voice codec (AMBE </wiki/Advanced_Multi-Band_Excitation>).
> Hams do not have access to the detailed specification of this codec or
> the rights to implement it on their own without buying a licensed
> product. Hams have a long tradition of building, improving upon and
> experimenting with their own radio designs. The modern digital age
> equivalent of this would be designing and/or implementing codecs in
> software. Critics say the proprietary nature of AMBE and its
> availability only in hardware form (as ICs) discourages innovation.
> Even critics praise the openness of the rest of the D-STAR standard
> which can be implemented freely. An open-source replacement for the
> AMBE codec would resolve this issue." <#cite_note-4>
>
> Eu compreendo que uma empresa crie patentes para proteger o seu
> trabalho, onde trabalho faz-se isso com frequência, a questão não é
> essa, a questão é a aplicabilidade ao serviço de amador, que não é um
> serviço comercial e têm a tradição de inovar (já lá vão esses
> tempos...) e desta forma ficamos limitados no acesso à documentação e
> implementação de sistemas similares.
>
> A forma de modelação que refere é mesmo a modulação utilizada, que é o
> Gaussian Minimum Shift Keying (GMSK) e que pode ser utilizado
> livremente. É um modo como outro qualquer (FSK, PSK, QAM, MSK...) A
> questão não é o modo mas sim o protocolo e codec.
>
> Devo assumir que não estou por dentro dos desenvolvimentos do D-STAR
> mas posso deduzir que os avanços efectuados devem ser fruto de muito
> "reverse-engineering" e análise das comunicações efectuadas. Como
> resposta a isto transcrevo uma máxima de engenharia: "Shit in - Shit
> out" :)
>
> Já viu se cada marca se lembrasse de criar sistemas proprietários?
> Quem tiver icom fala com quem tiver icom, yaesu com yaesu... Até agora
> esse problema nunca se colocou mas já faz sentido pensar nisto. Mesmo
> a "internet" é o que é porque foi baseado num protocolo independente
> da plataforma e cuja documentação do protocolo é distribuída
> livremente e permite desta forma contributos de todos para eventuais
> melhorias. Este é o ponto importante. No rádioamadorismo NÃO deve
> haver lugar para sistemas proprietários como este. Ou se cria um
> "standard" livre e bem documentado ou então não se faz... ou faz-se
> (para não me chamarem velho do restelo) mas não se dissemina como se
> quer fazer.
>
> Quantos aos exemplos que deu, será que eles funcionam perfeitamente,
> sem estarem ligados a qualquer outro sistema D-STAR, ou seja, em
> "stand-alone"? É que por um rádio em GMSK não é o mesmo que suportar o
> protocolo D-STAR e respectivo codec. E conseguindo de alguma forma
> replicar o codec não estará a violar a patente (desconheço o conteúdo) ?
>
> Cumprimentos,
>
> 73 de ct1enq
>
> Jorge Santos escreveu:
>> Caro Miguel.
>>
>> A razão do teste a realizar prende-se exactamente com a frequência
>> empregue, 430 já todos conhecem bem como o famigerado R2D2 causado em
>> parte por reflexões, 144 ninguém conhece o comportamento e falar em
>> 1.2!!?, se o D-Star neste momento tem 300 utilizadores registados em
>> Portugal acho que operativos em 1.200 não chegam aos 100 tirando
>> lógicamente as dificuldades de propagação em montanha desta frequência.
>> Mas bem, estou perfeitamente de acordo com tudo o que foi enunciado
>> pelos colegas no entanto, volto a frisar, este licenciamento é
>> provisório, não tem de momento cariz definitivo nem é essa a ideia
>> geral, com base nestes testes, que provavelmente e se as autoridades
>> assim o facultarem, terminarão pelo fim do ano então serão tomadas
>> decisões de qual o melhor sistema para uma zona de montanhas.
>> Se acaso a IARU aceitasse o alargamento iríamos criar outra vez uma
>> espera Ad-Eternum isto porque como o colega deve saber existem N
>> serviços (militares, comercias e de dados) na faixa compreendida
>> entre os 146.001 e os 147.997 e a sua remoção levaria outros tantos
>> anos como o já foram outras frequências.
>> Desmistificando o já célebre "registo de patente" da DVSI... toda e
>> qualquer Empresa quando estuda projecta e elabora um qualquer objecto
>> tem o direito de registar essa mesma patente sendo proprietário
>> intelectual do processamento elaborado por esse mesmo dispositivo, o
>> que acontece com o D-Star é que ele utiliza uma forma de
>> "/modulação/" (GMSK) com recurso desse mesmo dispositivo que pela
>> facilidade e pelo seu custo ($ 20 USD = € 16) foi o escolhido pela
>> ICOM, nada impede ninguém de criar o seu próprio sistema desde que
>> saiba como funciona o D-Star, só para informação geral existem neste
>> momento o célebre AMBE2020, um sistema feito pelo Satoshi que utiliza
>> um CMX e 2 Pic's (como vê não precisa do integrado da DVSI) bem como
>> sistemas inteiros sem recurso ao software da ICOM como seja o Dextra
>> (mas que entra em polémica com a ICOM ao pretender linkar
>> equipamentos D-Star a Echolink+eQSO e mais variações) e o actual site
>> de G4ULF, feito com base numa distribuição Linux que não o CentOS as
>> demais aplicações foram feitas pelo próprio David, utiliza o sistema
>> GMSK com base no kit do Satoshi, ou seja não tem software ICOM e não
>> tem o vocoder da DVSI contudo está perfeitamente operativo, por
>> curiosidade este site encontra-se a trabalhar com um router 3G da
>> Cisco, quem tenha curiosidade e equipamento pode fazer a gateway a
>> GB7MH módulo B e verificar pelos seus próprios ouvidos que não existe
>> diferença entre o AMBE2020 e o kit do Satoshi feito com pic's.
>>
>> Um abraço caro colega e um bem haja pela sua atenção.
>>
>> Jorge Santos
>>
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