ARLA/CLUSTER: Repetidor CQ0DCH
Radiophilo
radiophilo gmail.com
Quarta-Feira, 26 de Agosto de 2009 - 00:31:06 WEST
Olá,
2009/8/25 Salomao Fresco <sal.fresco gmail.com>:
> Olá,
>
> Antes de começar uma rede, devemo-nos perguntar o que é que pretendemos
> fazer com ela, quais as necessidades que levam à sua implementação, como a
> vamos implementar, quais os locais que pudemos utilizar, que
> infra-estruturas necessitamos nesses locais, etc...
Convérm lembrar, no entanto, que além da cobertura nacional, que é a
que normalmente se considera, também a cobertura local deve ser tida
em conta.
> Quanto à sua ideia de uma rede de repetidores maior, permita-me discordar.
>
> Pelas seguintes razões:
>
> - A rede actual, com os seus defeitos e virtudes, tem mais de metade dos
> equipamentos "às moscas";
Perdoe-me a franqueza, mas não vejo qualquer lógica nesse argumento.
Parece-me que o uso que se faz, ou não, dos repetidores (assim como do
resto do espectro) se prende muito mais com outros aspectos
sócio-culturais da classe do que propriamente com a qualidade do
planeamento dos mesmos.
> - A rede actual, permite a utilização abusiva, conforme outra mensagem
> reporta aqui no Cluster;
Não li essa, mas vou procurar. Mas mais uma vez, parece-me que
utilizações abusivas são mais do interesse das autoridades do que
possam ter impacto no planeamento dos repetidores.
> - A rede actual, não está estruturada, mas mesmo que estivesse, iriamos
> parar ao ponto 1;
> - Criar uma rede de repetidores com baixa potência, é pouco viável, pois
> nesse caso seria mais eficaz a comunicação em directo;
Deixe-me dar-lhe um exemplo. Existem vários outros radioamadores na
minha comarca que não consigo contactar em V/UHF a não ser via
Montejunto. Parece-me absurdo estar a ocupar um repetidor "nacional"
quando um "repetidorzeco da treta" com alguns mW no cimo de um monte
aqui local seria mais do que adequado para nos servir a todos. Isto
sem falar no benefício adicional de evitar os CBs e afins, referidos
noutras mensagens.
> - Os tons de protecção não servem para as redes de repetidores, é um erro*.
Nem sei o que lhe diga.
> - Os tons de protecção, originalmente PL - Private Line, uma patente da
> Motorola, serviam (pretérito) para que diferentes utilizadores de uma
> frequência pudessem trabalhar, sem que outros escutassem a conversação.
> Dirigia-se particularmente às empresas privadas, com pouca intensidade de
> tráfego.
> Por exemplo: Numa fábrica com diferentes sectores:
> 1 - Segurança
> 2 - Produção
> 3 - Armazém, A cada um destes sectores é atríbuido um tom, para que, mesmo
> usando uma só frequência, os diferentes sectores só possam comunicar entre
> si.
> Lembro que este protocolo é antigo e na altura o aluguer de uma frequência
> era (e ainda é) dispendioso.
Os tons PL só por si são realmente inúteis para a protecção de interferências.
Para que seja eficaz, o tom de protecção tem que ser combinado com o
efeito de captura do FM, o que obriga normalmente à separação espacial
das várias redes que partilham a frequência. Alargando o seu exemplo,
uma empresa poderia ter instalações numa localidade, onde teria um
repetidor com um tom de protecção, e poderia também ter instalações
noutra localidade vizinha (ou em várias outras), onde teria um outro
repetidor com tom de protecção diferente. Aqui a protecção contra
interferências é eficaz da seguinte forma:
1. Os tons de protecção, aplicados na entrada e saída dos repetidores
e dos equipamentos utilizadores, evitariam que os utilizadores
activassem o repetidor mais afastado. De igual forma, os utilizadores
de um dos repetidores não seriam importunados pela activação do outro.
2. Havendo comunicações simultâneas em ambos os repetidores, o efeito
de captura do FM se encarregaria, tanto nos repetidores como nos
utilizadores, de seleccionar o sinal mais forte, o que devido ao
afastamento espacial seria também o mais próximo.
Posso dizer-lhe que esta técnica é usada com muito sucesso por varias
redes de comunicações particulares, não só no nosso país, mas em todo
o mundo. Ao contrário do que geralmente se pensa, os tons de protecção
não são um meio de evitar os disparos intempestivos dos repetidores,
mas sim de eficaz protecção contra interferências.
Não posso pensar que o repetidor da minha aldeia possa partilhar a
frequência com o Montejunto, evidentemente, mas posso com toda a
propriedade sugerir que a possa partilhar com o da sua aldeia, e que
estaremos livres de interferências mútuas enquanto os utilizarmos
neste contexto.
Atrevo-me ainda a sugerir a instalação de um 2º repetidor local, com o
propósito exclusivo de servir de linque para um dos repetidores
nacionais mais longínquos. Por exemplo, embora muitos dos
radioamadores do meu concelho não consigam activar o repetidor do
Marão, não vejo inconveniente, nem dificuldades ou impedimentos
técnicos para que não se instalasse um repetidor numa zona alta que
fizesse essa ligação com o Marão. Encontro muito mais valor numa tal
realização do que nessas redes de que por aí falam que se apoiam em
redes comerciais de telecomunicações. Seria muito mais
"radioamadorístico", digo eu.
Voltando à sua afirmação inicial: "Antes de começar uma rede,
devemo-nos perguntar o que é que pretendemos fazer com ela".
Admito que este espaço que temos o privilégio de frequentar possa
servir justamente para colocarmos essas perguntas e, quem sabe,
encontrar algumas respostas.
Mourato: Será que o seu plano de repetidores ainda andará por aí?
tenho muita curiosidade em vê-lo.
Cumprimentos,
António Vilela
CT1JHQ
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