ARLA/CLUSTER: O sistema D-star faz isso e muito mais.

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Quarta-Feira, 26 de Agosto de 2009 - 12:50:31 WEST


Prezado Colega António Vilela,CT1JHQ.

Ao ler os seus comentários à intervenção do Salomão Fresco e à sua ideia de uma rede local e nacional analógica e com a possibilidade de linkar, a primeira com a segunda, etc, venho só sugerir que o actual sistema D-star permite já essa hipótese de comando e controle podendo qualquer simples utilizador através do seu equipamento rádio realizar essas operações carregando em meia dúzia de teclas.

Obviamente que é uma rede jacente em alta tecnologia, Internet, pouco "radioamadoristica", com custos elevados, etc,  que em caso de catástrofe regional tenho serias duvidas da sua utilidade para uma rede fiável de emergência nacional. Alias, como tenho as mais serias e fundadas duvidas da fiabilidade, em caso de catástrofe local, regional e nacional, do famoso Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP). 

No entanto, para o dia a dia, o sistema D-STAR já faz o que descreve e muitíssimo mais a partir de um único repetidor local. A própria concepção do sistema permite a partir de vários repetidores locais e de limitada cobertura, dispor de acesso a redes globais de voz e dados.

Concordo em absoluto que "Antes de começar uma rede, devemo-nos (sempre) perguntar o que é que pretendemos fazer com ela"...? E com que custo e finalidade a estamos a implementar.

Ao que li na altura, saiu inclusive um artigo na QSP, o sistema proposto pelo Carlos Mourato acentava numa pequena rede nacional, reutilizando ao máximo e com poucas alterações os recursos existentes na altura, disposta nos principais eixos rodoviários, complementada por um rede local para a restante cobertura nacional. Alias, muito na linha do que o colega aqui defende, no seu exemplo de repetidores nacionais e locais, parece-me.

João Costa, CT1FBF

-----Mensagem original-----
De: cluster-bounces  radio-amador.net [mailto:cluster-bounces  radio-amador.net] Em nome de Radiophilo
Enviada: quarta-feira, 26 de Agosto de 2009 0:31
Para: Resumo Noticioso Electrónico ARLA
Assunto: Re: ARLA/CLUSTER: Repetidor CQ0DCH

Olá,

2009/8/25 Salomao Fresco <sal.fresco  gmail.com>:
> Olá,
>
> Antes de começar uma rede, devemo-nos perguntar o que é que 
> pretendemos fazer com ela, quais as necessidades que levam à sua 
> implementação, como a vamos implementar, quais os locais que pudemos 
> utilizar, que infra-estruturas necessitamos nesses locais, etc...

Convérm lembrar, no entanto, que além da cobertura nacional, que é a que normalmente se considera, também a cobertura local deve ser tida em conta.

> Quanto à sua ideia de uma rede de repetidores maior, permita-me discordar.
>
> Pelas seguintes razões:
>
> - A rede actual, com os seus defeitos e virtudes, tem mais de metade 
> dos equipamentos "às moscas";

Perdoe-me a franqueza, mas não vejo qualquer lógica nesse argumento.
Parece-me que o uso que se faz, ou não, dos repetidores (assim como do resto do espectro) se prende muito mais com outros aspectos sócio-culturais da classe do que propriamente com a qualidade do planeamento dos mesmos.

> - A rede actual, permite a utilização abusiva, conforme outra mensagem 
> reporta aqui no Cluster;

Não li essa, mas vou procurar. Mas mais uma vez, parece-me que utilizações abusivas são mais do interesse das autoridades do que possam ter impacto no planeamento dos repetidores.

> - A rede actual, não está estruturada, mas mesmo que estivesse, 
> iriamos parar ao ponto 1;
> - Criar uma rede de repetidores com baixa potência, é pouco viável, 
> pois nesse caso seria mais eficaz a comunicação em directo;

Deixe-me dar-lhe um exemplo. Existem vários outros radioamadores na minha comarca que não consigo contactar em V/UHF a não ser via Montejunto. Parece-me absurdo estar a ocupar um repetidor "nacional"
quando um "repetidorzeco da treta" com alguns mW no cimo de um monte aqui local seria mais do que adequado para nos servir a todos. Isto sem falar no benefício adicional de evitar os CBs e afins, referidos noutras mensagens.

> - Os tons de protecção não servem para as redes de repetidores, é um erro*.

Nem sei o que lhe diga.

> - Os tons de protecção, originalmente PL - Private Line, uma patente 
> da Motorola, serviam (pretérito) para que diferentes utilizadores de 
> uma frequência pudessem trabalhar, sem que outros escutassem a conversação.
> Dirigia-se particularmente às empresas privadas, com pouca intensidade 
> de tráfego.
> Por exemplo: Numa fábrica com diferentes sectores:
> 1 - Segurança
> 2 - Produção
> 3 - Armazém, A cada um destes sectores é atríbuido um tom, para que, 
> mesmo usando uma só frequência, os diferentes sectores só possam 
> comunicar entre si.
> Lembro que este protocolo é antigo e na altura o aluguer de uma 
> frequência era (e ainda é) dispendioso.

Os tons PL só por si são realmente inúteis para a protecção de interferências.
Para que seja eficaz, o tom de protecção tem que ser combinado com o efeito de captura do FM, o que obriga normalmente à separação espacial das várias redes que partilham a frequência. Alargando o seu exemplo, uma empresa poderia ter instalações numa localidade, onde teria um repetidor com um tom de protecção, e poderia também ter instalações noutra localidade vizinha (ou em várias outras), onde teria um outro repetidor com tom de protecção diferente. Aqui a protecção contra interferências é eficaz da seguinte forma:

1. Os tons de protecção, aplicados na entrada e saída dos repetidores e dos equipamentos utilizadores, evitariam que os utilizadores activassem o repetidor mais afastado. De igual forma, os utilizadores de um dos repetidores não seriam importunados pela activação do outro.
2. Havendo comunicações simultâneas em ambos os repetidores, o efeito de captura do FM se encarregaria, tanto nos repetidores como nos utilizadores, de seleccionar o sinal mais forte, o que devido ao afastamento espacial seria também o mais próximo.

Posso dizer-lhe que esta técnica é usada com muito sucesso por varias redes de comunicações particulares, não só no nosso país, mas em todo o mundo. Ao contrário do que geralmente se pensa, os tons de protecção não são um meio de evitar os disparos intempestivos dos repetidores, mas sim de eficaz protecção contra interferências.

Não posso pensar que o repetidor da minha aldeia possa partilhar a frequência com o  Montejunto, evidentemente, mas posso com toda a propriedade sugerir que a possa partilhar com o da sua aldeia, e que estaremos livres de interferências mútuas enquanto os utilizarmos neste contexto.

Atrevo-me ainda a sugerir a instalação de um 2º repetidor local, com o propósito exclusivo de servir de linque para um dos repetidores nacionais mais longínquos. Por exemplo, embora muitos dos radioamadores do meu concelho não consigam activar o repetidor do Marão, não vejo inconveniente, nem dificuldades ou impedimentos técnicos para que não se instalasse um repetidor numa zona alta que fizesse essa ligação com o Marão. Encontro muito mais valor numa tal realização do que nessas redes de que por aí falam que se apoiam em redes comerciais de telecomunicações. Seria muito mais "radioamadorístico", digo eu.

Voltando à sua afirmação inicial: "Antes de começar uma rede, devemo-nos perguntar o que é que pretendemos fazer com ela".
Admito que este espaço que temos o privilégio de frequentar possa servir justamente para colocarmos essas perguntas e, quem sabe, encontrar algumas respostas.

Mourato: Será que o seu plano de repetidores ainda andará por aí?
tenho muita curiosidade em vê-lo.

Cumprimentos,
António Vilela
CT1JHQ

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