ARLA/CLUSTER: Re: Repetidor CQ0DCH

José Miguel Fonte etjfonte ua.pt
Terça-Feira, 25 de Agosto de 2009 - 11:24:41 WEST


Viva caro Jorge,

Olhe que nem todos conhecem a saga da guerra das estrelas :).

A questão dos testes é mesmo essa, deveriam ter uma duração temporal 
bastante curta (até ao fim do ano é capaz de ser mais do que um teste) e 
deveria ser feito numa frequência, tradicionalmente, reservada para a 
utilização de repetidores (sendo este o principal ponto da discórdia).

Outro facto importante é a localização geográfica onde se vai realizar o 
teste, como deve saber, é necessária uma atenção redobrada em zonas 
limítrofes do nosso  país.  Este  teste , a ser efectuado, vai  ocorrer 
numa zona  muito próxima dos nossos vizinhos espanhóis que  não têm  de 
aceitar  as regras que o nosso serviço regulador impõe  por mero  
palpite  irracional.

Quanto ao número de utilizadores, o importante é saber o número de 
utilizadores activos em particular nesta zona. Posso sugerir um número 
qualquer e será sempre menos de uma dezena. (Agora pode perguntar e os 
que entram pela "net"...  :) Isso será outra história...)

Quanto ao alargamento, sugerido pela IARU, quem teria de o aceitar 
deveria ser a ITU, em particular os países integrantes da CEPT e 
respectivos orgãos oficiais (principalmente o ERO). Como deve saber o 
alargamento sugerido teria aplicabilidade na região 1 pois noutras 
regiões este alargamento é uma realidade que dura há muitos anos/décadas.

Quanto à mística referida, posso sugerir a leitura, no Wikipedia, da 
descrição do D-STAR, da qual passo a citar:

http://en.wikipedia.org/wiki/D-STAR

"D-STAR has been criticized for its use of a patented, closed-source 
proprietary voice codec (AMBE </wiki/Advanced_Multi-Band_Excitation>). 
Hams do not have access to the detailed specification of this codec or 
the rights to implement it on their own without buying a licensed 
product. Hams have a long tradition of building, improving upon and 
experimenting with their own radio designs. The modern digital age 
equivalent of this would be designing and/or implementing codecs in 
software. Critics say the proprietary nature of AMBE and its 
availability only in hardware form (as ICs) discourages innovation. Even 
critics praise the openness of the rest of the D-STAR standard which can 
be implemented freely. An open-source replacement for the AMBE codec 
would resolve this issue." <#cite_note-4>

Eu compreendo que uma empresa crie patentes para proteger o seu 
trabalho, onde trabalho faz-se isso com frequência, a questão não é 
essa, a questão é a aplicabilidade ao serviço de amador, que não é um 
serviço comercial e têm a tradição de inovar (já lá vão esses tempos...) 
e desta forma ficamos limitados no acesso à documentação e implementação 
de sistemas similares.

A forma de modelação que refere é mesmo a modulação utilizada, que é o 
Gaussian Minimum Shift Keying (GMSK) e que pode ser utilizado 
livremente. É um modo como outro qualquer (FSK, PSK, QAM, MSK...) A 
questão não é o modo mas sim o protocolo e codec.

Devo assumir que não estou por dentro dos desenvolvimentos do D-STAR mas 
posso deduzir que os avanços efectuados devem ser fruto de muito 
"reverse-engineering" e análise das comunicações efectuadas. Como 
resposta a isto transcrevo uma máxima de engenharia: "Shit in - Shit out" :)

Já viu se cada marca se lembrasse de criar sistemas proprietários? Quem 
tiver icom fala com quem tiver icom, yaesu com yaesu... Até agora esse 
problema nunca se colocou mas já faz sentido pensar nisto. Mesmo a 
"internet" é o que é porque foi baseado num protocolo independente da 
plataforma e cuja documentação do protocolo é distribuída livremente e 
permite desta forma contributos de todos para eventuais melhorias. Este 
é o ponto importante. No rádioamadorismo NÃO deve haver lugar para 
sistemas proprietários como  este. Ou  se cria um "standard" livre e bem 
documentado ou então não se faz... ou faz-se (para não me chamarem velho 
do restelo) mas não se dissemina como se quer fazer.

Quantos aos exemplos que deu, será que eles funcionam perfeitamente, sem 
estarem ligados a qualquer outro sistema D-STAR, ou seja, em 
"stand-alone"? É que por um rádio em GMSK não é o mesmo que suportar o 
protocolo D-STAR e respectivo codec. E conseguindo de alguma forma 
replicar o codec não estará a violar a patente (desconheço o conteúdo) ?

Cumprimentos,

73 de ct1enq

Jorge Santos escreveu:
> Caro Miguel.
>
> A razão do teste a realizar prende-se exactamente com a frequência 
> empregue, 430 já todos conhecem bem como o famigerado R2D2 causado em 
> parte por reflexões, 144 ninguém conhece o comportamento e falar em 
> 1.2!!?, se o D-Star neste momento tem 300 utilizadores registados em 
> Portugal acho que operativos em 1.200 não chegam aos 100 tirando 
> lógicamente as dificuldades de propagação em montanha desta frequência.
> Mas bem, estou perfeitamente de acordo com tudo o que foi enunciado 
> pelos colegas no entanto, volto a frisar, este licenciamento é 
> provisório, não tem de momento cariz definitivo nem é essa a ideia 
> geral, com base nestes testes, que provavelmente e se as autoridades 
> assim o facultarem, terminarão pelo fim do ano então serão tomadas 
> decisões de qual o melhor sistema para uma zona de montanhas.
> Se acaso a IARU aceitasse o alargamento iríamos criar outra vez uma 
> espera Ad-Eternum isto porque como o colega deve saber existem N 
> serviços (militares, comercias e de dados) na faixa compreendida entre 
> os 146.001 e os 147.997 e a sua remoção levaria outros tantos anos 
> como o já foram outras frequências.
> Desmistificando o já célebre "registo de patente" da DVSI... toda e 
> qualquer Empresa quando estuda projecta e elabora um qualquer objecto 
> tem o direito de registar essa mesma patente sendo proprietário 
> intelectual do processamento elaborado por esse mesmo dispositivo, o 
> que acontece com o D-Star é que ele utiliza uma forma de "/modulação/" 
> (GMSK) com recurso desse mesmo dispositivo que pela facilidade e pelo 
> seu custo ($ 20 USD = € 16) foi o escolhido pela ICOM, nada impede 
> ninguém de criar o seu próprio sistema desde que saiba como funciona o 
> D-Star, só para informação geral existem neste momento o célebre 
> AMBE2020, um sistema feito pelo Satoshi que utiliza um CMX e 2 Pic's 
> (como vê não precisa do integrado da DVSI) bem como sistemas inteiros 
> sem recurso ao software da ICOM como seja o Dextra (mas que entra em 
> polémica com a ICOM ao pretender linkar equipamentos D-Star a 
> Echolink+eQSO e mais variações) e o actual site de G4ULF, feito com 
> base numa distribuição Linux que não o CentOS as demais aplicações 
> foram feitas pelo próprio David, utiliza o sistema GMSK com base no 
> kit do Satoshi, ou seja não tem software ICOM e não tem o vocoder da 
> DVSI contudo está perfeitamente operativo, por curiosidade este site 
> encontra-se a trabalhar com um router 3G da Cisco, quem tenha 
> curiosidade e equipamento pode fazer a gateway a GB7MH módulo B e 
> verificar pelos seus próprios ouvidos que não existe diferença entre o 
> AMBE2020 e o kit do Satoshi feito com pic's.
>
> Um abraço caro colega e um bem haja pela sua atenção.
>
> Jorge Santos
>




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