ARLA/CLUSTER: Ruminações sobre associativismo
Jorge Santos
nobre.santos netvisao.pt
Sexta-Feira, 17 de Abril de 2009 - 18:26:49 WEST
Boas Paulo.
Acho que não teria dito melhor, o problema das associações, dos
radioamadores, dos políticos e da sociedade portuguesa em geral é só
um... NÓS a massa que constitui este país.
Paulo Calvo escreveu:
>
> Esta minha ruminação não pretende de forma alguma melindrar seja quem
> for e se isso acontecer peço desde já desculpa. No entanto tenho
> direito a ter opinião sobre este assunto já que sou radioamador e a
> situação presente me afecta.
>
> Muitos criticam a forma como os radioamadores estão organizados em
> Portugal, mas como é nosso costume, poucos tentam fazer algo para que
> a realidade se altere.
>
> Na minha opinião o problema reside não na multiplicidade de
> Associações, mas na falta de coordenação entre elas, na falta de
> objectivos comuns e, entre outras, na canibalização entre Associações.
>
> Tem sido difícil, para não dizer impossível, conseguir que as diversas
> Associações realizem projectos em comum. Salvo raríssimas excepções
> isso não acontece e muitas vezes são criados eventos para abafar os
> eventos alheios. Esta tentativa resulta muitas vezes em acontecimentos
> simultâneos medíocres... Este problema só pode ser resolvido com uma
> nova mentalidade em que a competição dê lugar à cooperação. A
> competição por si só não é má, o problema está que muitas vezes se
> tenta destruir o que outros tentam fazer.
> Não participar nos eventos de outras Associações só por não serem
> “nossas” é uma forma comum de agir entre nós...
>
> Também não existem objectivos comuns a todas as Associações, ou
> melhor, a maior parte dos radiomadores não sabem o que querem, nem a
> maior parte das Associações tem rumo definido. Este problema é
> estrutural e não tem solução à vista.
>
> Por fim a canibalização... É um fenómeno que resulta das nossas
> idiossincrasias lusas. Não vou falar do assunto para não ser
> insultado, como já aconteceu de outras vezes. Só digo que nenhuma
> Associação tem o direito de tentar retirar a outra sócios, serviços,
> espaço ou o que seja.
>
> Agora qual é a solução para esta situação?
>
> O modelo da URE é interessante e funciona bem. A URE não é uma
> federação, a URE é uma União de radioamadores que possui delegações
> autónomas em diversas regiões de Espanha. A URE tem a seu cargo a
> cobrança de quotas, o poder disciplinar, a gestão do orçamento, a
> publicação mensal, a representação oficial dos seus sócios e mais
> algumas que não interessam ao caso.
>
> Devo realçar que os sócios são da URE e não das delegações.
>
> Cada delegação é autónoma e recebe anualmente fundos da URE que gere
> de forma autónoma. Tem obrigações estatutárias para com a URE e tem
> obrigações em relação aos poderes locais.
>
> Na URE a tomada de decisões de fundo é feita em Assembleia constituída
> por delegados das delegações, sendo o número de delegados calculado em
> função do número de sócios agregados à delegação. Existe ainda um
> conselho consultivo com antigos Presidentes da Junta Directiva.
>
> Esta é a meu ver a forma de organização mais correcta e não padece dos
> problemas das federações.
>
> Uma federação não tem sócios mas tem de ter fundos para funcionar.
> Quem paga? As Associações. E quanto paga cada Associação? Em função do
> número de sócios? Ou a quota é fixa? E o número de delegados às
> Assembleias? É igual para todos ou é em função do número de sócios?
> Aqui reside um problema engraçado, cada Associação quer pagar o mínimo
> possível e ter o máximo de poder de decisão...
>
> E quanto custa uma Federação? E onde fica instalada?
>
> Em 2006 durante o colóquio de Almeirim perguntei quem pagava os custos
> de uma federação e não houve resposta. Também fui acusado de lançar um
> balde de água sobre o debate que até aí corria tão bem... uma chamada
> à realidade é necessária meus senhores.
>
> Meus senhores acordem, se até hoje não foi possível fazer um Field Day
> nacional com estações de associações espalhadas pelo país, como é que
> querem fazer uma federação?
>
> Para que o radioamadorismo luso se desenvolva tem de haver cooperação,
> objectivos definidos e estratégia para os alcançar. Pelo que tenho
> visto a situação está a mudar, de forma lenta mas sustentada.
>
> 73 de Paulo Calvo
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