ARLA/CLUSTER: PoSat-1 sai da lista de keplerianos da AMSAT

Mário Osório ct2htm gmail.com
Domingo, 14 de Setembro de 2008 - 12:48:13 WEST


2008/9/12 Radiophilo <radiophilo  gmail.com>

> Sr. Dr.,
>
> Perguntar, é sem dúvida a mais nobre atitude do ignorante.
>
> Eu não estou nem nunca estive ligado ao PoSAT, mas tendo já entrevistado
> quem esteja, penso que posso aqui deixar algumas informações em 2ª mão, de
> resto públicas para quem as queira procurar.
>
> O PoSAT-1 foi o fruto de um esforço de investimento de um consórcio
> industrial e académico português.
> O objectivo deste programa, para além das missões concretas a desempenhar
> pelo satélite, era adquirir competências científicas, tecnológicas e
> industriais neste domínio. Estas seriam materializadas na construção do
> PoSAT-2, que não se veio a verificar por diversos motivos, e em mais algumas
> outras oportunidades, entretanto perdidas.
>
> O custo do satélite foi de 1 milhão de contos, pagos pela indústria
> portuguesa e parcialmente financiados pelo PEDIP. Foi estabelecido um
> contrato de transferência de tecnologia com a SST (Surrey Satellite
> Technology) que foi encarregada de projectar, fabricar e montar o satélite.
> O consórcio ficou detentor de direitos de reutilização e industrialização do
> projecto.
>
> O satélite adquirido é uma plataforma modular, anteriormente desenvolvida e
> testada pela SST à qual o consórcio português decidiu acrescentar alguns
> módulos experimentais opcionais.
>
> Durante este processo, vários engenheiros portugueses participaram nas
> diversas fases do projecto e industrialização do satélite, em particular no
> desenvolvimento em conjunto com a SST dos módulos opcionais e das interfaces
> com a plataforma, na montagem da electrónica do satélite e nos ensaios do
> mesmo.
>
> A atribuição de responsabilidades operacionais à equipa portuguesa foi
> crescendo ao longo do programa, e a sua colaboração foi muito bem apreciada
> pela SST. No desenvolvimento do software do satélite, várias soluções foram
> criadas pela engenharia portuguesa e inclusivé várias melhorias ao projecto
> já existente foram apresentadas à SST, e incorporadas no satélite. Também ao
> nível da industrialização, a participação portuguesa foi notada.
>
> Alguns dos módulos experimentais, como a câmara fotográfica CCD, o sensor
> de estrelas, o sensor de raios cósmicos ou a experiência de processamento
> digital de sinais, envolveram vários engenheiros portugueses provenientes
> dos vários parceiros do consórcio (INETI, OGMA, ou IST), tendo gerado algum
> impacto na produção de trabalhos académicos. Alguns dos investigadores que
> colaboraram no programa do PoSAT encontraram depois o seu lugar na indústria
> aeroespacial. Creio que a experiência de estabilização do satélite através
> do sensor de estrelas, da responsabilidade do INETI, não será vergonha
> nenhuma para a nossa academia.
>
> O programa incluia também a construção de plataformas terrestres de
> suporte, como estações de rastreio, estações de comunicação (fixas e móveis)
> algumas delas desenvolvidas pela indústria nacional.
>
> O PoSAT também utiliza frequências de amador, tendo aliás chegado a
> realizar este serviço durante algum tempo. Desde 2005 que o consórcio tem
> dado passos para activar novamente as comunicações do serviço de amador, mas
> ao que parece desde 2007 que o satélite está inoperativo.
>
> Sabe-se que para além das utilizações civis, o satélite realizou também
> missões militares.
>
> E agora, não querendo ser nem menos nobre nem mais ignorante que o Sr. Dr.,
> pergunto-lhe eu:
> Da sua estação de amador, qual a percentagem de equipamentos projectados,
> construídos ou programados por si?
>
> Passar bem.
> António Vilela
> CT1JHQ
>
>
> 2008/9/11 Rui Penaguião <rui.penaguiao  gmail.com>
>
>> *Boa tarde amigos e Prezados Om,s*
>>
>> *Fico pasmado em saber que o dito satélite é considerado por muitos com
>> sendo o primeiro satélite Português.*
>> **
>> *Derá mesmo????*
>> **
>> *Pergunto?*
>> **
>> *1-Quem o projectou*
>> *2-Onde foi fabricado ou montado*
>> *3-Que banda de frequências usa; as de Ham ou outras?*
>> *4-Com que orçamento foi mandado fabricar?*
>> *5- Será que algum componete do dito cujo foi feito, fabricado;
>> projectado ou montado em Território Nacional (PORTUGAL) ?*
>> **
>> *Haverá algum Prezado e Distinto Om que me possa ilucidar?*
>> **
>> *Obrigado e 73's*
>> **
>> *Rui Penaguião*
>>
>> *CT0298 / CT1ZX
>> *
>>
>
>
> _______________________________________________
> CLUSTER mailing list
> CLUSTER  radio-amador.net
> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>





Não podia estar mais de acordo e subscrevo na totalidade o comentário do
colega Vilela. Afinal, o "bota-baixismo" português ainda paira em muitas
cabecinhas, infelizmente para nós... talvez por isso estejamos nos lugares
em que estamos a nível europeu e da OCDE. Há pessoas que são apologistas de
que "o que é nacional não presta", no meu entender não é bem bem assim. O
PoSat foi exemplo disso, apesar de eu não estar muito a par do projecto,
lembro-me de ouvir falar muito disso no meu tempo de aluno do secundário e
era sem dúvida um projecto científico sem precedentes na história de
Portugal, e lembrem-se, Portugal já tem 800 anos de história.

Mas como em tudo na vida, ainda existem uns "velhos do restelo" que não
deixam evoluir o mundo com a sua retrógrada análise e constante descrença...

Tenho pena que seja assim...


 Já o meu avô dizia "cada um tem o que merece" e nós portugueses merecemos
isto?




Tenho dito

Mário
CT2HTM
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