Re: ARLA/CLUSTER: A diferença do D-Star

Mariano Gonçalves ct1xi sapo.pt
Sexta-Feira, 21 de Setembro de 2007 - 18:57:22 WEST


Mourato,

Referes que: «com uma cadencia de transmissão de 17,7 Kbps, pode-se descodificar 100% das frames de audio com um SNR de 18dB ou superior» e «com uma transmissão a 11 Kbps, o SNR será cerca de 10 dB ou superior», mas nunca inferior, mesmo assim para estas velocidades eu acho muito bom, 18 e 10 dB de SNR. 

Estes modos de transmissão apenas contém FEC, não dispõe de ARQ. Pelo que necessitam de mais e melhor estabilidade da ligação de rádio, com bom SNR.

Essa diferença da qualidade do link, representa um aumento da qualidade traduzido em vários dB (entre 10 a pelo menos 3 dB mais), comparativamente com a transmissão analógica.

73, Mariano 



  ----- Original Message ----- 
  From: Carlos Mourato 
  To: Resumo Noticioso Electrónico ARLA 
  Sent: Friday, September 21, 2007 4:54 PM
  Subject: Re: ARLA/CLUSTER: A diferença do D-Star


  caros colegas
  Hoje dei aqui um saltinho para poder selecionar alguns dos 282 emails recebidos desde que estou em férias. Ainda não li muito acerca do  D-STAR, mas à primeira vista parece-me um sistema muito mais interessante do que os echolinks. Quanto à capacidade dos sinais serem descodificados com baixo SNR, ainda nada sei e por isso gostava de saber mais sobre isso. Irei estudar o sistema assim que tiver tempo para isso. Na minha vida profissional, como a maioria dos colegas sabe, trabalho com transmissões digitais, em OFDM, e com o software dream é possivel descodificar com varios niveis de SNR. Dependendo claro está do bit rate da emissão, assim o SNR necessário para descodificar as frames será mais ou menos alto. Por exemplo uma emissão em estereo com qualidade de radiodifusão em FM analógico, recorrendo ao AAC mais SBR, a uma cadencia de transmissão de 17,7 Kbps, pode-se descodificar 100% das frames de audio com um SNR de 18dB ou superior. Uma transmissão a 11 Kbps, o SNR será cerca de 10 dB ou superior. Para fonia, com uma banda passante relativamente estreita, creio que será possivel uma boa descodificação, com SNR menores que 10dBs SNR. Tudo isto depende evidentemente dos sistemas utilizados, e eu estou a referir especificamente o DRM. Convem referir, que apesar dos sistemas de proteção utilizados como sejam o "interleaving", é mais prejudicial uma interferencia num streaming digital do que a intensidade de sinal ser fraca. 
  Para terminar, quero referir que o software Hamdream, é a versão DRM para amador, e que foram feitos alguns testes em 20m ao que parece com excelente qualidade com SNRs relativamente baixos.
  Alguem me sabe informar se o software do DSTAR é dedicado, ou se é um software adaptado? Toda a maneira este sistema D-STAR parece-me muito interessante e capaz de destronar o echolink. 

  73 de CT4RK


  Em 14/09/07, Mariano Gonçalves <ct1xi  sapo.pt> escreveu:
    Prezado João Gonçalves,

    Restrinjo-me a partilhar experiências e outros saberes, apenas isso.
    Julgo ser essa a verdadeira essência do Radioamadorismo, é o que faço
    enquanto amador de Rádio.
    Infelizmente deixei de fazer rádio, pelo facto de ali não encontrar mais 
    identidade e possibilidade de partilhar outras experiências. Limito-me a
    escutar rádio, radioelectricidades e comunicações, e com isso a recordar os
    tempos em que existia aficcion entre os amadores. Lembrando figuras que 
    foram excelência humana e cultural entre radioamadores, mas isso faz mais de
    40 anos. Tudo se perdeu e transformou, para pior.

    Um dia destes, se quiseres, é possível experimentar algumas comunicações
    digitais (para um grupo de eventuais interessados) ensaiando ligações em 
    frequência fixa e salto de frequência, com uma cadência de mais de 500
    saltos por segundo.
    Assim podes avaliar da importância da qualidade do link de rádio, e
    consequente, poder determinar qual a relação sinal ruído que ele comporta ou 
    exige.
    Nessas condições extremas, é possível comparar com uma vulgar transmissão de
    SSB, NBFM ou mesmo CW, patrimónios que apesar do desenvolvimento
    tecnológico, não irão desaparecer tão depressa, nem tão pouco das 
    comunicações de HF.

    Não sei avaliar se do D-Star conseguirá vingar, mas tudo indicia que vem aí
    as comunicações digitais, com base em VOIP, mas há um longo caminho a
    percorrer, talvez depois de 2015 ou 2020 tudo mudará então (menos a cultura 
    experimental dos radioamadores).

    73, Mariano


    ----- Original Message -----
    From: "João Gonçalves Costa" <joao.a.costa  ctt.pt>
    To: "'Resumo Noticioso Electrónico ARLA'" < cluster  radio-amador.net>
    Sent: Friday, September 14, 2007 4:08 PM
    Subject: RE: ARLA/CLUSTER: A diferença do D-Star


    Caros Jorge Santos e Mariano Gonçalves, 

    Verdadeiramente EXEMPLAR a analise que o Mariano (CT1XI) faz, Parabéns.

    Isto, quando temos especialistas deste gabarito entre nós, até esquecemos as
    "bacoradas" que todos os dias ouvimos e lemos. 

    Como vários colegas tem referido, é com muita mágoa e algum desalento que
    constatamos que estes assuntos não são discutidos a este nível, nas bandas
    do Serviço de Amador. Afinal, muitos de nós, antes de sermos internautas, 
    somos Amadores de Rádio (vulgo, radioamadores).

    Sinceramente, comungo cada vez mais, infelizmente, da opinião que os
    verdadeiros assuntos de interesse do radioamadorismo passam cada vez mais
    pela Internet. 

    Poderíamos aqui apresentar várias razões para isso acontecer, mas tenho
    muita pena que estas coisas não cheguem a um maior numero de Amadores de
    Rádio, via rádio

    Como moderador, desta lista, só tenho de agradecer terem aceite o convite 
    para fazerem parte deste Grupo e a vossa participação atenta.

    Muito OBRIGADO.

    João Costa
    CT1FBF
    Moderador da Lista ARLA/CLUSTER



    -----Original Message-----
    From: cluster-bounces  radio-amador.net
    [mailto:cluster-bounces  radio-amador.net] On Behalf Of Mariano Gonçalves
    Sent: quinta-feira, 13 de Setembro de 2007 19:29
    To: nobre.santos  netvisao.pt; Resumo Noticioso Electrónico ARLA
    Subject: Re: ARLA/CLUSTER: A diferença do D-Star

    Caro Jorge Santos,



    Os meus cumprimentos e obrigado pelo seu exemplo. 

    Porque faz alguns anos, que trabalho no desenvolvimento e fabrico de
    sistemas de transmissão digital (para aplicações militares e tácticas)
    alguns que funcionam por salto de frequência e são dotados de dispositivos 
    de COMSEC e TRANSEC, para comunicações seguras, o exemplo que refere
    suscita-me o seguinte ponto de vista:



    A transmissão analógica, permite uma degradação substancial no link (ligação
    rádio), com degradação na relação sinal ruído até ao patamar em que ambos os 
    níveis se confundem (quando se situam no mesmo nível), este é o momento em
    que a transmissão é imperceptível e a relação S/N será próxima de 0 dB
    (imperceptível). Até se atingir esse patamar de degradação (que é total), 
    dependendo do operador e da sua capacidade de correlação, muitas partes da
    mensagem são perceptíveis e podem ser interpretadas.

    A relação S/N numa emissão analógica, dependendo da largura de banda, pode
    ir de 12, 10 a cerca de 5 ou 3 dB (caso da telegrafia). 



    No entanto, uma emissão digital, dependendo da velocidade de transmissão e
    largura de banda, regra geral, exige qualidade do link, que nunca será
    inferior a 20 ou mesmo 25 dB de relação S/N (20 a 30 vezes mais potência). 

    Para a transmissão digital, não existe lugar à degradação progressiva ou
    diminuição da relação S/N, como no SSB, FM ou CW.



    Quando os CODEC mesmo com o apoio do FEC, por degradação do link já não
    descodificam a informação digital (descodificação dos pacotes), ocorre a
    perda parcial ou total dos pacotes e deixa de existir informação útil.

    Significa que 1) a qualidade do link radioeléctrico para transmissão 
    digital, tem de ser sempre melhor e muito mais estável que para o analógico
    e 2) a qualidade da informação descodificada, será sempre melhor que a
    analógica, sim, mas em virtude de não tolerar a mesma degradação (é tudo ou 
    nada).



    No exemplo da sua gravação, enquanto se recebe o sinal da emissão analógica,
    com degradação do sinal, eventual relação S/N de 8 a 6 dB, para a emissão
    digital, o que se escuta na emissão digital, significa uma relação S/N 
    superior a 20 ou 25 dB, caso contrário, para as mesmas condições do link
    analógico, na transmissão digital já não se escutaria absolutamente nada.


    Para além disto, a transmissão digital tem sempre as vantagens que a 
    analógica não permite conferir.

    Mas, é importante referir que, nas comunicações extremas (extrema degradação
    do link) numa transmissão em tempo real, ainda nada supera as emissões
    analógicas de banda estreita entre 300 a 3000 Hz. 



    73, Mariano CT1XI




    ----- Original Message -----
    From: "Jorge Santos" <nobre.santos  netvisao.pt>
    To: "Cluster" < cluster  radio-amador.net>
    Sent: Thursday, September 13, 2007 3:16 PM
    Subject: ARLA/CLUSTER: A diferença do D-Star


    Boas tardes colegas.

    Para quem ainda não tenha ouvido (ou assistido a uma emissão de televisão 
    digital) o som fantástico de um sistema digital, junto anexo (e espero que
    passe) um ficheiro em formato mp3 para que possam ver a diferença entre um
    sinal fraco D-Star e o mesmo transmitido em modo analógico.


    /3's de Jorge Santos - CT2JIB



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