ARLA/CLUSTER: radioamadorismo sem futuro

Salomao Fresco sal.fresco gmail.com
Quarta-Feira, 10 de Janeiro de 2007 - 20:40:23 WET


Caros Colegas

Vou apenas rebater os pontos divergentes encontrados entre aquilo que
escrevi e a resposta do Colega Mariano.

1, 2, 3 e 4 - Absolutamente de acordo, embora não tenha "idade" para me
pronunciar sobre casos concretos (sei que os há e quais são)

Quando considero *exagerado* o actual número de Associações, não me refiro
ao facto de poder haver um número infinito das mesmas, mas sim a inutilidade
de muitas das existentes. Não pretendo ser defensor do licenciamento de
repetidores a pessoas singulares, mas sei que há casos em que foram criadas
associações só e apenas com esse propósito, e o resultado é o que está à
vista. (mais pregos para a cruz). Esta e outras, que os Colegas bem
conhecem, são situações que descredibilizaram as Associações de
Radioamadores.
Defendo os direitos, liberdades e garantias e concordo com o principio do
livre associativismo, não concordo é com a não aplicação da Lei.

5- Crianças e jovens! Completamente de acordo, o que me leva mais uma vez a
franzir o sobrolho à questão "X anos de espera". Talvez a solução passasse
por criar dentro das Escolas, Liceus e Estabelecimentos privados de Ensino,
um programa de divulgação do hobby. Mas é uma ideia que precisa de (muito)
amadurecimento.

Um abraço

Salomão
CT2IRJ
On 1/10/07, Mariano Gonçalves <ct1xi  sapo.pt> wrote:
>
> Caro Salomão,
>
> 1 - (...) A actual conjuntura associativa, onde se colocam os interesses
> do
> individuo acima dos interesses da comunidade, é um modelo condenado ao
> fracasso.(...),
>
> Este tem sido o modelo seguido particularmente por uma associação, e seus
> dirigentes recentes, que sempre se colocaram numa postura de monopólio e
> egocentrismo (nos últimos 25 anos) imaginado-se acima dos desígnios
> nacionais do radioamadorismo português. Tem toda a razão e é oportuna a
> sua
> chama de atenção.
>
> 2 - (...) O exagerado número de Associações em Portugal vai levar à
> extinção
> de uma grande parte delas.(...)
>
> Não considero exagerado, considero sim que deveriam existir muitas mais
> associações e movimento associativo (por uma questão de descentralização
> regional e maior participação cívica dos cidadãos), mas sustentáveis, ou
> sejam, que fossem motores de um dinâmica de grupo que infelizmente não
> existe no país, e menos ainda na actividade dos amadores de rádio.
>
> 3 -  (...) Por outro lado esta situação existe devido ao facilitismo com
> que
> se cria uma Associação (...)
>
> Felizmente que a Constituição da República depois do 25 de Abril de 1974
> nos
> consagra (entre muitos) dois direitos fundamentais, 1) o direito ao livre
> associativismo, e 2) o direito e liberdade de escolha associativa.
>
> Antes todos éramos obrigados a estar associados numa só associação, cuja
> missão (passáda e presente, salvo o QSL) de triste protagonismo nacional
> todos conhecemos.
>
> 4 - (...) A ANACOM exige um relatório de actividades anual às Associações,
> se tal relatório não for entregue essa Associação "cessa" actividade junto
> da reguladora (...)
>
> Deveria cessar imediatamente, sim, num prazo máximo de 30 dias. Acho que
> tem
> absoluta razão. E responder criminalmente por esse facto, salvo se
> extinguisse ou não possuísse possibilidade de renovar os órgãos sociais,
> extinguindo-se da mesma forma.
>
> Infelizmente isso está na Lei, mas a ANACOM não tem exigido o seu cabal
> cumprimento.
> Esse modelo de fiscalização tem sido exemplarmente seguido por exemplo no
> registo nacional das ONG, ou das Associações de Ambiente, que são
> anualmente
> apoiadas pelo Estado (sim) mas para desenvolverem acções de âmbito local,
> regional e nacional, e são pagas para esse desempenho, mas tem de cumprir
> pressupostos, definidos pela administração central.
>
> Julgo que, com imenso beneficio para a educação, muitas associações  de
> radioamadorismo poderiam fazer o mesmo nas escolas, quer no
> radioamadorismo
> técnico, quer desportivo e competitivo. Os EUA tem fundações para a
> educação
> e ciência.
>
> No radioamadorismo português é a permissividade total, não se faz, não se
> exige, e nada se cumpre.
> Daqui o descrédito em que tudo se afundou.
> Quantas associações dizem que existem, sem sequer existirem de facto, e
> quantos dirigentes associativos, em nome pessoal dizem que representam
> direcções de organismos, que ou não estão legais, ou nem sequer funcionam.
> Este é o problema, para a falta da credibilidade associativa.
>
> Mas quem se atreve a vir controlar esta situação ? - A ANACOM seguramente
> que não, pois nunca o fez.
>
> 5 - (...) Para cativar a juventude, se é efectivamente aquilo que
> queremos,
> para as hostes do radioamadorismo há que "refrescar" as ideias e deixar o
> conservadores à porta (...)
>
> Abrir o acesso das crianças ao radioamadorismo (os jovens já é tarde),
> logo
> a partir dos 7 anos de idade, ainda no ensino básico.
>
> Repare que: quando em 1998 se quis criar o embrião de uma estrutura
> nacional
> (então apoiada pelo ministério da ciência, dentro de uma associação
> filiada
> na IARU, caiu o Carmo e a Trindade, porque os radicais, afirmaram que se
> estava a desvirtuar o radioamadorismo, e mais; aquilo não era escola, nem
> jardim de infância).
> A verdade foi que, naquela época, se conseguiram mais de 350 voluntários
> em
> todo o país, entre sócios e não sócios dessa associação, para participarem
> no projecto, que eu tive depois de abandonar e recusar o apoio financeiro
> do
> Estado, que era dirigido a todos aqueles que cooperavam no projecto (com
> despesas e comprovada fundamentação orçamental), depois, para concluir,
> levei roda de «gatuno».
>
> Não me parece nunca, que e salvo raríssimas excepções, alguma vez, a
> generalidade dos radioamadores se venha a empenhar nas coisas educativas e
> dos jovens, embora alguns o façam, com manifesto empenho e satisfação, mas
> são mera excepção.
>
> Mas investir nas crianças e nos jovens é determinante para o nosso país e
> para o radioamadorismo também, ou para a elevação dos aspectos da cultura
> de
> ciência e tecnologia, portadoras de componentes ocupacionais e lúdicas de
> forte pendor pedagógico e educativo também.
>
> Apenas o egocentrismo de alguns negligentes de má-fé, não lhes permitiu
> vislumbrar esta perspectiva de interesse público e nacional, mas mesmo
> assim, assumiram-se (vaidosamente) como dirigentes e deitaram tudo a
> perder,
> vejamos quais serão afinal as alternativas futuras (nenhumas).
>
> Um abraço,
>
> Mariano, CT1XI
>
>
>
>
> _______________________________________________
> CLUSTER mailing list
> CLUSTER  radio-amador.net
> http://radio-amador.net/cgi-bin/mailman/listinfo/cluster
>
>
>


-- 
Cumprimentos

Salomão Fresco
CT2IRJ

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