ARLA/CLUSTER: Eu e os condemónios.

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Domingo, 16 de Dezembro de 2007 - 08:55:56 WET


Caro colega
Pode ter a certeza, que eu havia de ventilar que ia fazer emissões de  
grande potencia do interior do meu apartamento que eram altamente  
prejudiciais!!!
Ia apontar as antenas para baixo!!!!
Ia assar a visinhança!!!!!!!!!!!
No fundo é uma terapêutica inventada por mim para fazer crescer o meu  
ego e diminuir o deles...
Até quem sabe mudavam de opinião.


73 CT1HIX Gomes

Citando David Quental <ct1drb  iol.pt>:

> EU E OS CONDEMÓNIOS
>
> Melhores cumprimentos aos colegas.
>
> Antes de mais quero dizer que no título a palavra condemónios está  
> precisamente escrita desta maneira, pois é a forma como posso  
> descrever os
> seres viventes que vivem no mesmo prédio aonde eu vivo.
>
> Tudo começou em Agosto quando eu e a xyl pensámos em mudar de casa  
> pois a anterior já estava a ficar pequena para as nossas
> necessidades, assim pensado assim foi feito. Fomos ao banco, a  
> seguir a uma agência imobiliária, falámos com eles e ficou acordado  
> que
> estávamos interessados num T3 nas imediações da nossa casa e como  
> pedido adicional mencionei que pelo facto de ser radioamador, teria  
> que ser
> um prédio que autorizasse a instalação de antenas e demais sistemas de apoio.
>
> Fomos visitar alguns andares, todos T3, alguns a estrear e outros já  
> com alguns anos e finalmente decidimos por um T3 dum terceiro
> andar, pois apesar de ser o último andar, também é o que está mais  
> perto do telhado, como tal mais perto das antenas. Feita a escolha  
> fizemos
> o contrato de compra e reserva com os necessários artigos mas, coisa  
> nova, com a reserva que só iríamos morar para o andar em questão se  
> fosse
> feita uma reunião de condóminos a autorizar os meus sistemas  
> irradiantes e demais sistemas.
>
> O andar em questão seria o sonho de qualquer radioamador:
> casa com espaço, um sótão logo abaixo das telhas, telhado plano em  
> lugar duma clarabóia feita de vidro e prédios todos da mesma altura,
> excepto numa direcção.
> Enfim, dava tudo a entender que estaríamos em posição de tanto  
> melhorar em questão de espaço da casa como o futuro shack, a ser no  
> sótão,
> seria o ideal tanto para o sossego da casa como de futuras visitas  
> de colegas ao cujo dito shack.
>
> Durante o processo de aquisição da casa nunca deixei de alertar a  
> imobiliária para a necessidade da tal reunião com os condóminos para
> acelerar o processo e estar tudo pronto quando fôssemos morar para o andar.
>
> Tal não veio a acontecer porque a 10 de Setembro deste ano (como  
> ainda me lembro bem da data!) recebi uma chamada da minha xyl a dizer
> que a imobiliária queria comunicar comigo pois a escritura, que não  
> dependia da dita imobiliária mas sim duma entidade bancária, teria  
> que ser
> feita a 25 desse mesmo mês e no dia a seguir teria que ser feito o  
> descontrato da minha antiga casa. Com estas informações todas fui à
> imobiliária, falei que as coisas estavam a ser feitas em cima do  
> joelho, eles concordaram, mas como era a entidade bancária que  
> marcava as
> datas eles não podiam fazer nada, no entanto, a ideia que avançaram,  
> que foi do antigo proprietário da casa, seria visitar os restantes
> condóminos do prédio, dizer-lhes o que estava a passar-se,  
> pedir-lhes desculpa, perguntar qual a opinião deles, e caso fosse  
> positiva, avançar-
> se com a compra da casa.
>
> Assim foi feito e na noite desse dia, 10 de Setembro de 2007, lá  
> fomos nós, eu o antigo dono e o administrador do condomínio (para
> servir de testemunha), perguntar individualmente qual seria a  
> opinião das pessoas sobre este assunto. Curiosamente levei as  
> licenças, uma
> cópia do seguro e demais documentos que poderiam ser úteis,  
> documentos estes que nem sequer foram pedidos.
>
> Todos os condóminos, excepto um que não estava, disseram que não  
> haveria problemas em instalar as antenas no entanto pediram para não
> fazer barulho e só um levantou dúvidas quanto às interferências de  
> televisão pois ainda continuava a usar a antena normal. Eu disse-lhe  
> que só
> com as antenas colocadas é que poderia verificar se haveria  
> interferências ou não, a pessoa em questão ficou mais sossegada.
>
> Com a aprovação de todos os condóminos, exceptuando o que não estava  
> presente e do administrador do condomínio que anteriormente tinha
> dito que estava sobre reserva mas que no fim disse que não iria ser  
> por ele que eu não colocaria as antenas, fomos embora todos  
> contentes (eu
> o antigo dono) e no dia seguinte fiquei a manhã em casa e fui ao  
> banco fazer o descontrato.
>
> Tudo correu bem durante essa semana até que na sexta-feira, dia 14  
> de Setembro, a xyl recebeu uma comunicação da imobiliária a pedir
> que eu fosse ter com eles, longe estava eu de pensar no pesadelo que  
> estava prestes a começar. Fui á imobiliária e disseram-me o que eu não
> estava à espera de ouvir:
> pedimos desculpa mas parece que vai ter problemas em instalar as  
> suas antenas.
>
> É evidente que comecei a enervar-me e saí da imobiliária sem saber  
> bem o que fazer. Fui para casa, entrei em contacto com o antigo
> dono o qual me disse mais ou menos tudo o que se tinha passado nessa  
> semana, em que não fui informado de nada e sem dar a entender que  
> sabia
> de algo, entrei em contacto com o administrador do prédio novo. O  
> referido sujeito, para não lhe chamar outro nome, foi muito educado,  
> muito
> delicado, mas lá acabou por dizer aquilo que eu mais ou menos já sabia:
> que tinham feito uma reunião na noite do dia 11 dessa semana com 3  
> condóminos, ou seja 1 noite mais tarde, tinham decidido que não  
> concordavam
> com as minhas antenas. Mais tarde, no dia 14, fizeram outra reunião,  
> com mais condóminos, em que por unanimidade decidiram contra as minhas
> antenas, é evidente que foram atacados por um ataque de senilidade,  
> ou de amnésia, pois já se tinham esquecido do que me tinham dito na  
> noite
> do dia 10 de Setembro.
>
> Faço notar aos leitores deste, longo, artigo que segundo o nº 1 do  
> artigo 1432 do código civil, que as reuniões de condóminos têm de
> se fazer anunciar com uma antecedência de 10 dias e não como foi  
> feito no meu novo prédio. Outro pormenor interessante é que a  
> reunião foi
> precisamente feita numa sexta-feira pois sabia-se que o antigo  
> proprietário do meu futuro andar estava de serviço (é militar como  
> eu) e que a
> presença dele não seria necessária pois estava de partida. Como  
> estão a ver é um perfeito caso do emprego da democracia. Já dá para  
> ver de que
> quilate são feitos os meus 'queridos vizinhos'.
>
> Antes de fazer a escritura pedi ao antigo proprietário para fazer  
> uma carta, registada, a impugnar, e bem, a reunião do dia 14 de
> Setembro, o que foi feito.
>
> Quando fizemos a escritura no dia 25 de Setembro enviei no mesmo dia  
> uma carta registada ao administrador a solicitar uma reunião a
> pedir autorização para instalar as antenas. Reunião que foi marcada  
> para dia 12 de Outubro. Escusado será dizer que quando há uma  
> escritura é
> sempre uma data alegre, pois vamos mudar para melhor, posso dizer  
> que foi um dos dias mais tristes da minha vida.
>
> É evidente que eu já sabia qual seria o resultado da reunião de dia  
> 12 de Outubro, mas como a esperança é a última coisa a morrer, lá
> fiz o trabalho de casa e levei tudo preparado para a dita cuja reunião.
>
> Chegados ao dia 12 lá fomos à reunião, que começou às 22 horas. Para  
> sintetizar só vou dizer as dúvidas dos meus queridos vizinhos:
> 1)qual era o peso das minhas antenas e torre;
> 2)qual era a altura da minha antena (fiquei confundido com a  
> pergunta pois tenho antenas direccionais e só uma vertical dualbanda  
> para vhf/
> uhf);
> 3)se iria operar com 100 watts ou mais;
> 4)se as minhas frequências iriam prejudicar as wirelesses ou não;
> 5)se iriam haver interferências de televisão;
> 6)se eu iria danificar o telhado;
> 7)etc, etc, etc, ...
>
> Todas estas perguntas foram só feitas por um condómino, que mais  
> parecia o administrador do condomínio, pois os restantes praticamente
> só ouviram. O administrador só falou no principio e no fim, de resto  
> nada. Como podem depreender, já estava tudo combinado para ser aquela
> pessoa a falar pois tinha feito o trabalho de casa e a decisão já  
> estava tomada, ou seja, foi um rotundo não. Posso dizer que o  
> instigador
> tinha ficada muito chateado por nós o termos incomodado na noite do  
> dia 10 de Setembro pois tinha sofrido uma operação 2 dias antes.
>
> Vários factos ilegais foram tomados por aquela assembleia, tanto a  
> nível da aprovação que teria de ser por maioria de 2/3 e não por
> unanimidade, como pelo facto que apesar de me poderem proibir de  
> instalar antenas nas partes comuns, não o podem fazer dentro da  
> minha casa,
> mais uma vez foi o tal instigador que fez a proibição. Ainda mais  
> curioso é o facto deste fulano estar a morar no prédio à cerca de 4  
> meses,
> como tal mais 2 meses do que eu, mas ter sido o que mais falou  
> (praticamente foi o único que falou), o que mais parvoíces disse e  
> por último o
> que incomoda mais no prédio (música alta, xyl que anda de saltos  
> altos, arrumações barulhentas, danos na pintura interior do prédio,  
> etc etc
> etc.).
>
> Como poderão adivinhar, passei uma noite para esquecer e a tal  
> alegria que se sente numa mudança de casa não a senti nunca, mas lá
> tivemos que a fazer.
>
> Para não alongar mais este texto, que já se encontra bastante  
> grande, posso dizer que devido a um grande colega, o CT1AVC Valentim,
> foi-me permitido instalar a estação no batente dele, por sinal a  
> cerca de 5 minutos da minha nova casa e na qual a tenho montado  
> lentamente.
> Igualmente o NRA deixou-me fazer contestes desde as instalações  
> deles no Alfeite, o qual muito me satisfez.
>
> No entanto esta situação não é das melhores pois gosto de estar em  
> casa com a família e quando vou para a estação deixo a minha xyl e
> xtalina sozinhas, o que não me agrada muito.
>
> Para terminar vou tecer alguns passos para os colegas, os que ainda  
> têm antenas montadas em prédios de regime horizontal, e que
> queiram mudar para outra casa maior, desde que esteja na mesma  
> condição da anterior, para o que NÃO devem fazer:
>
> 1)não sejam ingénuos como eu que me fui fiar na palavra das pessoas  
> em vez de exigir um documento escrito;
> 2)não confiem nas imobiliárias pois não estão preparadas para o nosso hobby;
> 3)as pessoas estão totalmente contra aquilo que desconhecem e mais  
> agora quando a nossa comunicação social tanto faz eco das antenas de
> telemóveis e dos cabos de electricidade;
> 4)basta haver uma ovelha negra num prédio para influenciar todas as outras;
> 5)se forem viver para um prédio aonde não conhecem ninguém, serão  
> sempre vistos como alguma espécie de virús, ou bactéria, e como tal  
> têm que
> ser 'erradicados';
> 6)todos os documentos que possam arranjar podem não servir de nada  
> pois as pessoas pensam que vocês são mentirosos ou desonestos;
> 7)se tiverem que mudar de habitação tentem mudar para uma moradia,  
> de preferência bem longe de outras e no campo.
>
> Não sei, como todos os outros não sabem, como será o meu futuro, mas  
> com estas limitações todas não sei mesmo como irei sobreviver
> neste estado actual, apesar da excelente vontade de outros colegas  
> para me ajudarem. Para o CT1AVC bem como para a direcção do NRA os  
> meus
> maiores agradecimentos do fundo do coração.
>
> Termino desejando que mais nenhum colega passe pelo mesmo que eu  
> tenho estado a passar.
>
> Melhores 73s.
>
> CT1DRB/OK8RB
> David Quental
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