[ARLA/CLUSTER]: RE: Experiências com sintonizadores de antena automáticos

Sérgio Matias sergio.matias gmail.com
Sexta-Feira, 27 de Abril de 2007 - 16:12:41 WEST


Olá a todos.
Pegando novamente no assunto, permitam-me escrever mais alguns comentários.
Gostaria de ter obtido mais respostas em relação ao tópico exposto, mas
infelizmente só o colega Carlos Mourato é que apresentou algumas ideias..

O tema em discussão refere-se a "sintonizadores de antena automáticos de
montagem junto ao elemento radiante" (tipo Icom AH-4 ou Yaesu FC-40).

-----Mensagem original-----

> Caro colega Sérgio
> A opção horizontal é sem dúvida a melhor opção, pois as antenas verticais
> são mais ruidosas. No seu caso isso não aconteceu possivelmente porque a
> fonte de ruído estaria mais próxima do fio horizontal. No entanto as
> verticais são bastante mais sensíveis ao ruído atmosférico. É por isso que
> em DX se usa exclusivamente polarização horizontal.

Efectivamente. No entanto, impõe-se algumas restrições no que respeita à
montagem de elementos radiantes, principalmente no topo de edifícios de
habitação. A configuração em horizontal permitiria sem dúvida um outro tipo
de vantagens em relação á vertical, tais como direccionalidade e maior
rejeição ao ruído, como indica. Por outro lado, a configuração vertical é
omnidireccional (ou aproximadamente), e é mais fácil de implementar neste
caso em particular.
Não podendo optar por uma configuração direccional, ou omnidireccional com
polarização horizontal, resta-me apenas a vertical omnidireccional..

> Quanto ao comprimento das antenas, não se pode esperar milagres de um
> pequeno arame. Lembre-se que o sintonizador de antena não faz milagres,
> pois ele não modifica a resistência de radiação das antenas, que é o que
> faz com que radiem para o espaço energia electromagnética. Uma antena
> curta até pode ser sintonizada com um sintonizador...Isso só depende da
> bobine e dos condensadores...
> Um vulgar PI de saída de um qualquer emissor a válvulas, se
> se colocar um variável de 3 secções na saída sintoniza em 80m o fio do
> ferro de soldar..Eu já fiz um QSO assim!!!!..
> E não é anedota!..O problema é que neste caso a resistencia de radiação é
> tão baixa (alguns miliohms) que apenas umas dezenas de miliwatts ( de
> 100watts aplicados) são efectivamente mandados para o "éter", quando a
> restante potência se dissipa em calor na resistência de perda. Para um bom
> funcionamento do sistema sintonizador/antena, deve-se ter em conta que o
> comprimento mínimo do fio deve ser pelo menos 1/4 de onda da frequência
> mais baixa a utilizar. (esses sintonizadores modernos são muito limitados 
> em termos de gama de ajuste).

Consultando a documentação dos sintonizadores, é referenciado que não é
aconselhável escolher comprimentos de fio que se situem em múltiplos de 1/2
onda da frequência a utilizar, devido à alta tensão gerada no terminal de
saída de RF, que pode limitar a sintonia do elemento radiante.
No entanto, recorrendo a uma folha de cálculo, conseguem-se encontrar
comprimentos que possibilitam a sintonia em todas as bandas de amador, e que
não interferem com a "regra dos múltiplos de 1/2 onda".
Será que esta premissa deriva do facto de uma antena deste tipo ser
considerada aperiódica à partida? Neste ponto faz falta a consulta de mais
documentação sobre teoria de antenas, distribuições de corrente e tensão,
etc..

Outros documentos referem a possibilidade de sintonizar antenas com linha de
transmissão balanceada, tipo dipolo ou mesmo em "loop", sem ser necessário
recorrer a artifícios de adaptação de impedância no ponto de alimentação,
sendo essa a função do sintonizador.

> Por exemplo para funcionar em 80m o fio deve ter no minimo 20m. No seu
> caso não se trata nem de longe de uma "longwire" (fio longo), mas sim de
> uma simples antena "Marconi" aperiódica,  alimentada a um extremo. A
> designação de "longwire" aplica-se a antenas unifilares com vários
> comprimentos de onda.

De facto a designação de "longwire" foi mal escolhida, como pude constatar
através de uma leitura posterior sobre teoria de antenas.
A denominação de antena "Marconi" aperiódica estará correcta se a mesma for
instalada junto ao solo e numa configuração vertical, onde a antena imagem
será reflectida no solo ou se dispuser de um eficaz plano de terra.

E é aqui que entraria a discussão de tão falado plano de terra (ou
"counterpoise", como dizem alguns), onde recomendo a consulta do sítio do
radioamador W4RNL, que tem um artigo bastante interessante sobre este tema,
mas que vos poderá baralhar um pouco as ideias.


Para terminar, refira-se que experiências efectuadas por alguns
radioamadores indicam que, comparativamente a antenas verticais "de compra",
não se notam grandes diferenças entre uma antena vertical com um
sintonizador deste tipo e a de compra.
Entende-se então que, na impossibilidade de adquirir uma antena vertical
multibanda, o mesmo efeito pode ser conseguido com um sintonizador
automático e um pedaço de fio instalado na vertical, não esquecendo a devida
ligação à terra ou na sua impossibilidade, um ou vários pedaços de fio em
forma de radiais, cujo comprimento total pode ser determinado de uma forma
mais ou menos empírica.

Outra leitura adicional apresentava algumas ideias acerca da instalação de
"chapéus capacitivos" ("capacitive hats" ou "top hats"), para melhorar o
comportamento nas bandas mais baixas, sem alterar o comprimento do radiante.


Mais se seguirá sobre este assunto, se entretanto surgir mais interesse.
As perguntas originais mantêm-se e agradecem-se comentários.



Cumprimentos,

--
Sérgio Matias, ct2hmn


Em 15/04/07, Sérgio Matias escreveu:
>
> Boas.
>
> Aproveitando um pouco do fim-de-semana, dediquei mãos à obra.
>
> Como possuo um sintonizador de antena automático para longwire (daqueles
> que se instalam no mastro), resolvi instalá-lo, juntamente com um fio de
> comprimento aleatório (leia-se "que o comprimento do telhado permite.").
> Como antena de comparação, tinha disponível uma vertical para os 28 MHz.
>
> Os primeiros resultados mostraram que, relativamente à vertical, a antena
> de fio comprido (longwire) apresentava maior ruído em algumas bandas e
> alguma RFI, devido talvez a qualquer deficiência na instalação.
> Apesar de a recepção ser em alguns casos bastante boa, não me contentei
> com os resultados.
>
> Uma vez que o sintonizador estava montado no mesmo mastro que a vertical,
> somei 2 mais 2 (que nem sempre dá 4!) e em vez de utilizar o fio comprido
> como elemento radiante, passaria a utilizar o elemento vertical (sem o
> circuito de acoplamento) como radiante e o fio comprido como plano de
> terra (counterpoise).
>
> Feitas as alterações necessárias (lá se foi a antena de comparação),
> obtive no final uma antena vertical que é sintonizável em toda a gama
> que o acoplador permite, e onde o efeito do sintonizador não se faz
> sentir no cabo coaxial (será?).
>
> Feitos alguns testes, noto que o comprimento do elemento radiante (5,5m)
> não é suficiente para as bandas abaixo de 20m, apesar de não apresentar
> problemas de ROE/SWR. No entanto a RFI ainda é uma questão, que será
> estudada noutra ocasião. Como não sobrou tempo suficiente para alguns
> testes práticos de emissão/recepção, fiquei só pela recepção, que provou
> ser boa, mas não muito diferente da configuração em horizontal.
>
> Após este resumo, gostaria de obter alguns comentários acerca da
> configuração na vertical, uma vez que estou a pensar substituir o elemento
> radiante por um mastro telescópico em fibra, de comprimento superior, onde
> será colocado paralelamente um condutor eléctrico. Todas as limitações de
> espaço que tenho apontam esta como a melhor opção.
>
>
> Para finalizar deixo algumas questões:
>
> - Qual a melhor configuração? Horizontal ou vertical?
> - Que considerações deverão ser tidas relativamente ao plano de terra?
> - Quais as vossas experiências com este tipo de sintonizadores?
> - O que será expectável com esta solução (comparativamente a antenas
> verticais multibanda, dipolos ou outros)?





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