FW: ARLA/CLUSTER: Ferrites e... "não ferrites" e não só.

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Segunda-Feira, 30 de Outubro de 2006 - 15:45:29 WET


Prezado Carlos Gonçalves e demais membros da lista.

Quanto á Feira da ARVM, é sem margem para duvida o maior acontecimentos em Portugal dentro do segmento radioamadoristico. Penso que tiveram presentes cerca de 2.500 pessoas, se descontarmos 500 não radioamadoras, então aproximadamente metade dos radioamadores portugueseses estiveram presentes neste acontecimento.

Entre as 10H00, hora oficial de abertura, e as 12H, foi quase impossível circular dentro do perímetro tal a afluência de gente. Este ano, ouve uma separação física entre os representantes institucionais, por assim dizer(Revista QSP,GPDX,DW e RDP Internacional) logo á entrada, e a área comercial que ficava numa tenda exterior no piso superior. Definitivamente, não é já fisicamente possível resolver o problema de falta de espaço no IPJ e urge arranjar uma outra área. Para se ter uma ideia, 16 expositores tiveram de ser excluídos. Alias, os Espanhóis querem  entrar em força, tal a sua projecção no país vizinho, mas para isso é necessário aumentar a área comercial e separa-la  da área de vendas directas em segunda - mão. Os comerciantes portugueses estavam muito contentes e uma média firma comercial espanhola, que pela primeira vez testou a sua participação ficou entusiasmada, pois segundo ele, fez mais negocio nesta Feira do que em todas as que participa em Espanha, excepto a MERCA de Barcelona. Alias, é muito atractivo para eles virem a  estes acontecimentos, pois só pela diferença do IVA -5% já compensa a deslocação. A RDP Internacional esteve a realizar toda a emissão de Domingo entre as 8H e as 13H directamente da Feira e o espaço da DW teve sempre muita procura, que o digam o CT1ADT e o  Carlos Mourato que nunca pode sair, excepto 15 m para almoçar; foi o ultimo dos comensais que vie no refeitório eram quase 15H. 

Quanto á área de radioescuta acaba sempre por aparecer algo, muito embora esteja mais virada para os transceptores, a exemplo a Yaesu lançou nesta Feira o novo FT-2000 e segundo parece foi um dos primeiros lançamentos europeus. Existiam alguns receptores em segunda - mão, mas poucos, agora estava lá um sintonizador de antenas, o nosso falado FRT-7700 que tive para o trazer. Também se viam alguns "musiqueiros" principalmente da SANGEAN e SONY, agora verdadeiros receptores de comunicações, pouca coisa, mesmo que usada. Relembro-me que numa das ultimas Feira apareceu um OM com vários receptores da JRC antigos e usados que me ficaram atravessados, mas na altura não tinha capital disponível, normalmente não aparece muita coisa desta em Portugal, mas por outras e sem se saber muito bem por quê, deparamos com 3 e 4 expositores numa Feira.
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"...a nítida hipocrisia do legislador ao reconhecer - por um lado - a importância da actividade radioamadorística, conferindo-lhe estatuto de interesse público.......  por outro lado - taxa os equipamentos como se sabe. "

Bem, este artigo do decreto-lei 5/95 é elucidativo.
Artigo 14. º 
Situação de crise ou guerra

Em situação de crise ou de guerra, a pedido das entidades competentes, pode o ICP requisitar as estações de amador para comunicações de emergência.
 
Declarada a situação de crise ou guerra, e enquanto ela durar, pode o ICP, a pedido das entidades competentes, suspender no todo ou em parte a utilização das faixas de frequências atribuídas ao serviço de amador. 
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"....as lamentações dos amadores-emissores quanto à falta de articulação em casos de catástrofe e situações análogas."

Como estamos em maré de ler o decreto-lei 5/95, o imediatamente seguinte, que tambem é muito elucidativo:

Artigo 15.º 
Outras situações de emergência

O titular de uma estação de amador pode utilizar a sua estação para a transmissão de mensagens relativas à salvaguarda da vida humana, em casos de ocorrência de acidentes graves e catástrofes naturais.
 
Durante as situações de emergência a transmissão das mensagens deve ser efectuada nas faixas de frequências do serviço de amador previstas para esse efeito e estabelecidas em portaria do membro do Governo responsável pela área das comunicações. 

Em caso de ocorrência de acidentes graves e catástrofes naturais, o titular de uma estação de amador pode estabelecer ligação a estações de outros serviços de radiocomunicações.  
  
Apetece-me dizer, CUMPRA-SE A LEI . Esta ultima alinea deita por terra toda a confusão que existiu no passado mês de Agosto a começar por algumas declarações produzidas a quente pela propria ANACOM sob o tema
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Exames. Nada a dizer depois daquilo que escreveu e descreveu.......e que tem, infelizmente, a minha concordância em muitos pontos. Gostei particularmente desta "...Medo da entidade reguladoras/controladora em ter operadores perfeitamente ignorantes?   Mas já os tem.(sic) 
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"Passando às ferrites e "não ferrites", ....."

Guardo o artigo "Impedance Matching Transformers for Receiving Antennas at Medium and Lower Shortwave Frequencies" que é quase uma Bíblia sobre o que é necessário saber para se construir qualquer coisa nesta área. 
Obviiamente penso que recomendamos a todos uma leitura atenta,ver em:
http://www.dxing.info/equipment/impedance_matching_bryant.pdf 
e outros relacionados sobre o mesmo tema.
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Penso ter respondido ao seu amável mail e lamentamos, TODOS,  não só aqueles que tiveram na Feira da ARVM, não ter podido ainda conviver consigo algumas horas.


                                   _\\|//_
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-----Original Message-----
From: cluster-bounces  radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces  radio-amador.net]On Behalf Of Carlos L.R. de
A.Gonçalves
Sent: domingo, 29 de Outubro de 2006 22:35
To: ARLA-Cluster
Subject: ARLA/CLUSTER: Ferrites e... "não ferrites"


Caro João Costa:

Por lapso, passou-me completamente a expedição da msg. infra,
preparada na 6ª-fª, pelo que logo o seu 1º parágr. deixa de ter
razão de ser... mas, se esteve na Feira e observou algo do que refiro,
conte as novidades.
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Pude responder ainda hoje, pelo que aproveito, visto só regressar muito
depois da Feira da ARVM... e, já agora, dado calcular que irá visitá-la,
peço-lhe que dê, por mim, uma espreitadela àquilo susceptível de poder
interessar um DXista - falo de rxs, claro, mas não de coisas assim tão
básicas como to tipo FRG-100 e semelhantes.    Creio não me enganar se
disser, à priori, que só por (muita) sorte encontraria algo que captasse a
m/ atenção - mas oxalá esteja enganado!!!

Bom, feito o pedido, pego na sua questão dos exames p/ dizer-lhe que não sei
exactamente a que se refere ao indicar o tal DL, v.g. nº /95, embora
calcule.    Se a m/ suposição bate certo, só confirmo o que lhe disse, agora
c/ maior "audiência" - não reconheço ao Estado nem a qq. destas
"entidades-zinhas" o mín. dtº de fazerem c/ o que é nosso quanto ao que se
sabe nessas circunstâncias.   Recordo que já durante o período '39-'45,
tanto cá como no ultramar, procuraram fazer o mesmo, inclusive nos raros
casos em que os txs e rxs eram meras instalações p/ comunicações em
propriedades.

Curiosamente, algumas delas, pertencentes a imigrantes alemães radicados por
lá, conseguiram manter-se a operar, estimando-se que tenham sido utilizadas
p/ fins... digamos, menos adequados, mas justificáveis no ponto de vista
deles.    Isto e as estações de números estão ligados...

Depois há a outra faceta de que lhe falei, i.e. a nítida hipocrisia do
legislador ao reconhecer - por um lado - a importância da actividade
radioamadorística, conferindo-lhe estatuto de interesse público, coisa que
não se aplicara no passado, enquanto - por outro lado - taxa os equipamentos
como se sabe.   A manter a fiscalidade nesse aspecto, retire-se, então, o
estatuto, seja-se mais honesto.

Curiosamente, como observador à distância, noto as lamentações dos
amadores-emissores quanto à falta de articulação em casos de catástrofe e
situações análogas.   Ora, se os ditos amadores parecem querer prestar
ajuda, colocando-se à disposição, e - ao que parece - nem sabem bem como,
tal a desorganização, justifica-se tal preocupação, tal empenho da sua parte
face a quem é incapaz mercê de desinteresse, burocracia e outros interesses?
Para quê teimar?   Bom, mas os amadores-emissores lá sabem.

Exames.  O que tenho notado, e desde sempre, é que a muita da matéria
exigida, mormente a aplicável à actual cat. B, p/ não falar da A, é coisa
"para inglês ver", ou seja, estuda-se, faz-se o exame e tudo acaba aí.  C/ a
sofisticação dos equipamentos, qual é o que pode fazer intervenções,
actualmente?   Medo da entidade reguladoras/controladora em ter operadores
perfeitamente ignorantes?   Mas já os tem!   E não é isso que faz um bom
operador.   Volto à mesma: há por aí muitos amadores-emissores que foram
parar às actuais categs. B e A por passagem administrativa devido a
reajustes no regulamento e outros pormenores - ou não será?
______________

Passando às ferrites e "não ferrites", salientaria o seguinte graças ao que
muito que tenho aprendido:  enquanto p/ recepção, se opta habitualmente pelo
material ferrite, p/ transmissão, é mais o aglomerado de limalha de ferro,
não a ferrite!  Há motivos p/ tal - e estou certo de que, na plateia da ARLA
há quem poderia explicar isto muito melhor do que eu.   Já em tempos falei
nisto mesmo ao Colega Miguel Andrade, quando lhe contei que construí uns
transformadores passíveis de funcionar 10-160 m c/ linha de 450 Ohm e
aguentando uma potência superior à do transceptor vulgar, que ronda, pelos
vistos, os míseros 100 watt - se de pico ou não, ignoro.   Aproveito p/
sugerir: Amidon T-200-2.   Calculando-o p/ o dobro da potência, aplicar 2
núcleos, um por cima do outro.

Agora, c/ a internet, nem é difícil obter as ferrites, apenas - volto a
dizer - será escusado perdas de tempo no mercado nacional, que as tem, mas
mais voltadas p/ outras aplicações.

O cuidado a ter nas encomendas é simplesmente este: não restringir o pedido
a escassos núcleos, caso contrário - e isto depende do custo unitário -
corre-se o risco de recusarem.

Sintonizadores automáticos.   O princípio terá surgido nas aplicações onde a
celeridade imperava: as comunicações militares, nem mais.   Aqui, a
portuguesa EID foi, e creio que ainda é, uma das empresas do ramo que, entre
outras aplicações, tb. "tratava" disso, dirigido ao exército e, sobretudo, à
armada.   Costumo estabelecer um paralelo entre estes sint. autom. e os
comandos das peças nos navios: podem ir ao azimute e ao ângulo de fogo
automàticamente... apenas a regulação das espoletas da munição é doutra
forma.

Os sintonizadores manuais são, digamos, outra "graça", outro deleite.... p/
quem gosta.    Seria o m/ caso.

Já utilizei um L inv. de 25 m c/ o transformador "MLB da RF SYSTEMS
(Holanda) e nunca precisei de sinton. de ant.: o desempenho foi simplesmente
formidável: 9 m de altura, sem qsq. obstáculos à volta, tudo limpo, até de
ruído eléctrico... que o mais próxº provinha de uma linha de alta tensão a
ca. de 1,5 km.   Aqui, na cidade, a coisa muda de figura.

Esse seu conhecido dono do FRT-7700 deverá manger a peça, que rareia!  O meu
é raramente usado no L inv. de 45 m tb. mercê do ruído que induz, mesmo a 12
m de altura: habitações, lâmpadas dos candeeiros públicos, etc.   Assim,
este FR-7700 é mais p/ determinados azimutes, freqs. e não é raro ter de
usar o antenuador.   Mas, confesso que as demais antenas colmatam as
restantes falhas.

Isto já vai excissavamente longo e enfadonho p/ muitos.  Peço desculpa.

73.
Carlos Gonçalves.





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