Re: ARLA/CLUSTER: Ainda sobre estática

[Carlos Mourato]

Esqueci de referenciar uma coisa importante. É o facto de nem em todas as
chuvadas serem detectadas cargas estaticas nas goticulas.
No meu ver, e ainda não li muito sobre isso, deve-se ao facto de na
atmosfera existirem cargas electricas com grandes diferenças de potencial.
Isso explica os raios entre nuvens. Podem tb existir nuvens com cargas
negativas assim como "pedaços"de solo positivo em relação a nuvens. Desde
que uma gota de agua com uma determinada carga atravesse um meio com carga
contraria ou mesmo com a mesma polaridade, mas com um potencial electrico
muito inferiro ao da gota, esta perderá de imediato electróes em favor do
meio com potencial mais baixo. Tal perda de carga electrica, pelo efeito de
neutralização pode fazer com que a gota fique praticamente ao potencial
zero. Outro aspecto tem a ver com a humidade relativa do ar, pois sabe-se
que o atrito com o ar seco provoca muito mais carga estatica do que o ar
humido.

73 de CT4RK


2006/11/25, Carlos Mourato <radiofarol  gmail.com>:
>
> Olá Miguel
> As gotas de agua não funcionam como acumuladores. Ficam carregadas de
> electricidade estatica pelo facto de encontrarem atrito com o ar na sua
> trajectoria em direcção à terra. Tal como os aviões, ou mesmo os automoveis
> quando vão em movimento. nunca apanhaste um choque num automóvel? A
> quantidade de chuva só parece ter influencia na frequencia do ruido
> provocado, pois chuva intensa parece provocar um silvo agudo. A intensidade
> do ruido deve estar relacionada com o comprimento do precurso das goticulas.
> Assim, quanto mais alto de der a condensação do vapor que provoca o
> aparecimento da goticula, maior será o caminho percorrido pela mesma e mais
> carga obterá. Pode ainda dar-se o caso dessas goticulas serem formadas acima
> da zona da bigorna da nuvem, que é a zona "explosiva" em termos electricos,
> e ao atravessarem essa zona ficam carregadas com um voltagem elevadissima,
> pois na zona da bigorna existem  correntes de electrões tão violentas que
> circulam em circuito fechado, subindo e descendo, acumulando cada vez mais
> cargas no vapor de agua, até ao momento de rutura da regidez dielectrica do
> ar, provocando o raio.
>
> 73 de CT4RK
>
> Em 25/11/06, Miguel Andrade <ct1etl  clix.pt> escreveu:
> >
> > Olá Mourato,
> >
> > Achei esta experiência interessantíssima.
> > Contudo há algo que preciso que me elucides se já chegaste a alguma
> > conclusão sobre isso.
> > Como é que as gotas de chuva funcionam como pequenos acumuladores ?
> > Haverá uma relação próxima entre a intensidade da chuva e o fenómeno ou
> > algumas chuvadas diluvianas são mais propensas ao fenómeno do que outras
> > ?
> > Qual a relação dessas chuvas " eléctricas " com as trovoadas ou com a
> > sua
> > ausência ?
> >
> > 73's de Miguel Andrade ( CT1ETL )
> > IM58js - 38º44'57" N/009º11'26" W
> > CQ Zone 14 ********** ITU Zone 37
> > endereço em/adress in www.qrz.com
> >
> >
> >
> > -----Mensagem original-----
> > De: cluster-bounces  radio-amador.net
> > [mailto: cluster-bounces  radio-amador.net]Em nome de Carlos Mourato
> > Enviada: quarta-feira, 15 de Novembro de 2006 5:38
> > Para: Resumo Noticioso Electrónico ARLA
> > Assunto: ARLA/CLUSTER: Ainda sobre estática
> >
> >
> > Caros colegas
> > Aproveitando esta interessante discução acerca das descargas
> > atmosféricas,
> > quero referenciar uma experiencia curiosa que fiz.
> > Certamente que ja muitos colegas se aperceberam, que determinadas
> > chuvadas
> > fortes, (nem todas) provocam um tremendo ruido branco nos receptores em
> > toda
> > a gama de onda curta. Certo dia estava eu em QSO nos 40m e vai que
> > começa a
> > chover copiosamente. Logo comecei a notar uma estatica que foi
> > aumentando de
> > intensidade e de frequencia, culminando num sinal superior a 9+20 e
> > apresentando-se como um sopro de um RX de FM. Ora isso intrigou-me, pois
> > não
> > se tinha escutado antes ruido de QRN. Então pensei que esse ruido seria
> > provocado pelas gotas de agua, que vinham carregadas de electricidade e
> > ao
> > colidirem com o fio da antena descarregavam provocando um impulso
> > electromagnético que seria audivel no RX. Para verificar esse facto,
> > construi um electroscópio elementar, de alta impedancia de entrada,
> > capaz de
> > detectar cargas electricas de muito baixa intensidade. Nada mais que um
> > circuito equilibrado em ponte, com resistencias variaveis, e um
> > microamperimetro ligado entre 2 pontos da ponte a 180º de diferença. Uma
> > das
> > resistencias variaveis foi substituida por um FET do tipo MPF102.  À
> > gate do
> > FET liguei um troço de cabo coaxial RG213 com a malha à massa, e no
> > extremo
> > oposto,  ligado ao fio central do cabo, coloquei uma chapa quadrada de
> > aluminio, com cerca de 20 cm de lado. Depois foi colocar fora da janela,
> > segura com uma vara de teflon, que podia ser fibra de vidro ou outro
> > material bastante isolante, e esperar que viesse mais chuva. Assim que
> > começaram a cair umas gotas na chapa notei que a agulha dava pequenos
> > saltos, assim que começou a chover com intensidade, a agulha do micro
> > amperimetro ficou literalmente encostada ai fundo, provando a existencia
> > de
> > cargas estaticas mais ou menos elevadas nas gotas de agua de certas
> > chuvadas, e explicando desta forma o ruido provocado por certas chuvas.
> > Uma coisa interessante é construir um receptor de galena, com um diodo
> > de
> > germanio, para onda longa, e depois adicionar-lhe um circuito
> > amplificador,
> > seguido de um trigger, que faça acender um LED e tocar um pequeno
> > besouro ,
> > na presença de ruido de estática. A escolha do receptor de galena
> > prende-se
> > com o facto da sua sensibilidade ser adequada para receber ruido de
> > estatica, quando as trovoadas se aproximam, mas ao mesmo tempo não
> > possuir
> > sensibilidade suficiente para ser sensivel aos ruidos domesticos.
> >
> > 73 de CT4RK
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