ARLA/CLUSTER: Polo norte magnético sai do Canadá e se desloca na direção da Rússia

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 6 de Janeiro de 2020 - 05:50:02 WET


Fonte: mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br


Até quem estuda em livro didático que não tem muita coisa escrita sabe que
as bússolas, guiadas pelo campo magnético terrestre, apontam para o norte.
Mas para onde no norte? Já foi no Canadá, mas agora, após um rápido e
inesperado deslocamento nos últimos anos, agora está mais para a Rússia. E
um novo modelo produzido em cooperação por americanos e britânicos ajuda o
mundo todo a se adaptar ao movimento do polo norte magnético.

Ao contrário dos polos geográficos (pontos em torno dos quais a Terra
gira), que se movem quase nada (o eixo de rotação em si faz um bamboleio,
mas o local do planeta em que se localiza o eixo em si não muda, salvo ao
longo de muitos milhões de anos), os polos magnéticos se deslocam com mais
facilidade.

Já se sabe disso desde o século 19, mas houve uma surpresa nos anos 1990,
quando a velocidade de deslocamento saiu de modestos 15 km por ano para 55
km anuais (e então deu uma maneirada, para cerca de 40 km por ano). Em
2018, o polo norte magnético cruzou a linha internacional de mudança de
data e foi parar no Oriente. E agora se aproxima do norte da Rússia.

A mudança obriga a atualizações constantes do modelo do campo magnético
terrestre, importantes para manutenção de satélites em órbita, preservação
da precisão de GPS e estudos de mineração, entre outras aplicações
relevantes.

Daí a divulgação, em dezembro, do Modelo Magnético Mundial 2020, produzido
em parceria pela Agência Nacional de Inteligência Geoespacial dos EUA e
pelo Centro Geográfico de Defesa do Reino Unido. A ideia é que esse modelo,
de uso livre e gratuito, esteja disponível até o final de 2024, quando
deverá ser novamente atualizado.

Ter um campo magnético é uma das coisas que faz da Terra um lugar especial.
Originado na região mais externa do núcleo do nosso planeta, ele é
resultado do fluxo de correntes elétricas em meio ao ferro semiderretido
que existe lá embaixo. As correntes elétricas acabam agindo como um ímã
gigante, gerando um campo em torno do planeta que o protege das partículas
potencialmente perigosas do vento solar.

Compreendê-lo é essencial. Sabe-se, pelo registro geológico, que ele se
inverte de tempos em tempos (norte vira sul, sul vira norte). Mas ninguém
sabe prever quando isso acontece, e nos últimos 5 milhões de anos o período
atual é o mais longo. Faz uns 780 mil anos que ele está lá pelos lados da
casa do Papai Noel.

A aceleração recente do deslocamento polar fez com que alguns pensassem que
estamos prestes a encarar uma nova inversão. A imensa maioria dos
pesquisadores, contudo, considera isso extremamente improvável até o
momento. Por ora, e pelo futuro previsível, as bússolas devem continuar
apontando para o norte.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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