ARLA/CLUSTER: Anacom retira à Meo "call center", para ajudar a sintonizar TDT, que funcionará nas instalações da entidade reguladora com funcionários próprios e especializados

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 24 de Outubro de 2019 - 17:48:10 WEST


Face aos "custos elevados", ao potencial "conflito de interesses" e à
necessidade de "informação mais rápida e precisa", o regulador decidiu
gerir diretamente o apoio à população nesta migração ligada à
implementação do 5G.

António Larguesa   alarguesa  negocios.pt   24 de outubro de 2019 às 14:49

A Anacom – Autoridade Nacional de Comunicações vai montar um "call
center" para atender os portugueses que usam a rede de televisão
digital terrestre (TDT) e que tenham dificuldades em sintonizar a nova
frequência no televisor ou dúvidas sobre este processo que visa
libertar a faixa dos 700 MHz para a implementação da quinta geração
móvel (5G) em Portugal.

O calendário detalhado só será divulgado a 15 de novembro, mas o
regulador já definiu que a migração terá de ser concretizada entre o
início de fevereiro e o final de junho do próximo ano. Tem início a 27
de novembro em Odivelas, vai abranger as cerca de 340 antenas da TDT
espalhadas pelo país e será feita de sul para norte, indo depois aos
Açores e à Madeira.

Apesar de ser um processo relativamente simples – basta fazer uma
busca no televisor por uma nova sintonia – e de abranger apenas perto
de 55% dos utilizadores da TDT que utilizam esta faixa dos 700MhZ, o
presidente da Anacom, Cadete de Matos, lembra que "a população mais
idosa e a que tem menor literacia poderão ter mais dificuldades" e
justifica a criação de um atendimento telefónico.

A novidade é que será a própria entidade reguladora a gerir este "call
center", em vez de ser um serviço prestado pela Meo/Altice. Porquê?
Para "ter conhecimento [dos casos] e informação mais rápida e
precisa"; pelo custo apresentado pela operadora ser "muito elevado, de
alguns milhões de euros"; e porque "poderia haver um conflito de
interesses", já que também vende serviços pagos de comunicações.

As pessoas apenas têm de fazer uma busca na televisão por uma nova
sintonia. Mas a população mais idosa e a que tem menor literacia
poderão ter mais dificuldades.

Em declarações aos jornalistas esta quarta-feira, 24 de outubro, após
a assinatura de protocolos com as Câmaras de Arcos de Valdevez, Viana
do Castelo, Sever do Vouga, Paredes e Mealhada para colaborarem neste
processo, Cadete de Matos explicou que o "call center" funcionará nas
instalações da entidade reguladora com funcionários próprios e
especializados, que farão a supervisão e darão apoio técnico, e
colaboradores externos com formação e experiência no atendimento
telefónico.

Sem quantificar o número de pessoas e o orçamento envolvido, o gestor
referiu que a dimensão da equipa será flexível e que o hardware e o
software também serão subcontratados "com um custo muito abaixo do que
foi apresentado" pela Meo/Altice. No terreno, as equipas internas que
atualmente se ocupam da fiscalização e da monitorização também andarão
pelos diversos concelhos, durante o primeiro semestre de 2019, para
ajudar neste dossiê.

Informação segue por carta, na TV e Internet

No dia em que inaugurou o investimento de meio milhão de euros na
modernização do Centro de Monitorização de Espetro do Norte, no Porto,
o líder da Anacom adiantou ainda que haverá uma campanha de
comunicação mais ampla para evitar que haja "pessoas enganadas e mal
servidas", como aconteceu na migração do sinal analógico para o
digital. Aliás, este processo quase nem arrancou e já recebeu "queixas
de cidadãos que foram abordados" em esquemas fraudulentos.

Esta campanha de comunicação será "parte dela institucional", através
de uma carta e de um folheto explicativo que será distribuído por todo
o país, quer por via postal quer em locais de grande afluência; e com
vídeos e cartazes em instalações de entidades públicas. As autarquias
vão disseminar a informação nos sites e redes sociais, tal como os
canais de televisão também já se disponibilizaram para emitir esses
esclarecimentos.

85% dos portugueses pagam para ver televisão

Cerca de 85% da população portuguesa vê TV paga, o que é "um número
impressionante" quando comparada com outras realidades, como a
espanhola, em que essa percentagem está limitada a 45% dos
utilizadores. Embora lembrando que Portugal é dos países que tem menos
canais disponíveis na TDT, Cadete de Matos ressalvou que a elevada
taxa de penetração de pacotes pagos no país "só é um problema se [o
consumidor] estiver a pagar por falta de informação ou de apoio". De
resto, lamentou o responsável, "ainda há hoje pessoas que se queixam
de querer ver televisão gratuita e não conseguirem". "A TV gratuita é
um direito e não há nenhuma impossibilidade técnica que impeça de o
fazer. Seja com uma antena tradicional ou parabólica, ninguém deve
deixar de ver TV de forma gratuita", concluiu.



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