ARLA/CLUSTER: Portugal e China vão construir pequenos satélites em conjunto

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 6 de Novembro de 2018 - 11:45:53 WET


Laboratório criado pelos dois países terá um investimento de 50
milhões de euros nos primeiros cinco anos, metade deste dinheiro será
assumido por Portugal com fundos públicos e privados.

TERESA FIRMINO in PUBLICO a 6 de Novembro de 2018, 11:33

A visita oficial a Portugal do Presidente da China, Xi Jinping, em
Dezembro, será marcada pela criação entre os dois países de um
laboratório conjunto de investigação e desenvolvimento tecnológico
para o espaço e para os oceanos. Irá chamar-se STARLab e a sua criação
foi anunciada esta terça-feira pelo ministro da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, Manuel Heitor.

Neste laboratório pretende-se desenvolver tecnologias e sistemas de
engenharia para melhorar o conhecimento, a gestão e a exploração
sustentável dos oceanos e do espaço, esperando-se que promova ainda a
abertura de centros de investigação em Portugal e Xangai (China).
“Será um centro que tem como objectivo a concepção e construção de
micro e nanossatélites, que terá um investimento a cinco anos de 50
milhões de euros”, disse ao PÚBLICO Manuel Heitor. Desses 50 milhões
de euros, metade será assegurada pela China e a outra metade por
Portugal.

“A metade portuguesa do investimento será pública e privada”,
acrescentou o ministro, explicando que a parte pública do
financiamento será assumida pela Fundação para a Ciência e a
Tecnologia (FCT, tutelada pelo Ministério da Ciência) e a parte
privada por um consórcio entre a empresa a empresa Tekever, que
trabalha na área do espaço, e o CEiiA (Centro de Engenharia e
Desenvolvimento de Produto, em Matosinhos), que trabalha na área dos
oceanos. “É um investimento chinês em Portugal. A China está neste
momento a construir um outro laboratório semelhante no Luxemburgo”,
nota Manuel Heitor. “O centro é importante porque teremos acesso às
tecnologias desenvolvidas na China.”

Para já, do lado chinês, o STARLab contará assim com a participação do
Instituto de Microssatélites da Academia de Ciências Chinesa (que nos
últimos 15 anos foi responsável pelo lançamento de quase 40 satélites
para missões científicas) e do Instituto de Oceanografia da Academia
de Ciências Chinesa. Do lado português, além da FCT, da Tekever e do
CEiiA, a actividade do laboratório deverá envolver também
universidades e centros de investigação portugueses, frisa um
comunicado de imprensa do Ministério da Ciência.

Este projecto, especificou Manuel Heitor, resultou de um protocolo de
cooperação assinado há cerca de um ano e meio entre a Tekever (que
trabalha na área dos drones e da robótica de baixa altitude) e a
Academia de Ciências Chinesa. Agora a Tekever quer expandir-se para os
pequenos satélites.

O laboratório deverá começar a funcionar em Março do próximo ano e
terá dois pólos em Portugal – um em Matosinhos e outro em Peniche,
onde os pequenos satélites serão fabricados.

Os objectivos do STARLab “estão alinhados”, segundo o comunicado de
imprensa, com a criação do Centro Internacional de Investigação do
Atlântico (AIR Centre), que irá olhar para espaço, atmosfera, oceanos,
clima, energia e ciência de dados de forma integrada.

“O STARLab possui metas a nível científico que passam pelo estudo de
fenómenos naturais e os seus potenciais impactos sistémicos e
ambientais. Para tal, prevê o desenvolvimento de soluções tecnológicas
baseadas, nomeadamente, em microssatélites e na sua integração com
plataformas de exploração do mar profundo”, refere ainda Manuel
Heitor, citado no comunicado. “Ao mesmo tempo, irá fortalecer uma
parceria de longo prazo entre a China e Portugal nas áreas da ciência
e tecnologia, passando a ser uma entidade de referência na Europa de
colaboração com a Academia de Ciências Chinesa.”



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