ARLA/CLUSTER: Radiocomunicações de Resposta à Emergência (não é Protecção Civil é Radioamadorismo)
Miguel Andrade (CT1ETL)
ct1etl gmail.com
Quinta-Feira, 3 de Maio de 2018 - 21:41:47 WEST
Caríssimos,
No seguimento da intervenção do nosso ilustre colega e meu amigo Gamito, mas
porque o assunto é do interesse geral, vamos lá abordar o tema de forma mais
produtiva, tendo o cuidado de separar Protecção Civil do Serviço de Amador.
Numa particular troca de mensagens com um colega Radioamador, leitor deste
fórum, a propósito da minha resposta ao cenário proposto pelo colega João
Saraiva (CT1EBZ), surgiram-me alguns exemplos, em forma de pergunta, que já
poderiam ter sido debatidos há muitos anos entre todos... na óptica do
Radioamadorismo.
O que pode realmente minar os bons ofícios de pessoas como o colega João
Saraiva é realmente muitos de nós não sabermos destrinçar a diferença entre
um Agente de Protecção Civil e um detentor de um Certificado de Amador
Nacional.
Concordo totalmente com o meu estimado amigo José Luis Proença «a palavra de
ordem será sempre formação, formação e mais formação», coisa que até agora
tão tenho conhecimento de ter existido de todo aberta à comunidade e não
encerrada em "sociedades secretas".
Em troca dessa formação temos sido presenteados com simulacros, simulacros e
mais simulacros e pouco se lê sobre o que é que se aprendeu com os mesmos.
São muito divertidos mas pouco produtivos.
Já alguém se lembrou de fazer um simulacro sem aviso prévio ou fita do
tempo?
Ah pois é! têm razão! os acontecimentos trágicos também têm fita do tempo e
data conhecida... mas só depois de terem acontecido!!!
Se querem levar este assunto a sério não pensem em Protecção Civil. Pensem
no papel que, como Radioamadores, vos pode estar reservado actualmente... e
em que circunstâncias, muito específicas, podem vir a ser solicitados (e nos
dias que correm vão sendo cada vez menos).
Prontidão e preparação é algo bem diferente do quixotismo congelado no
passado em Alcafache ou nessa ideia fantástica de que o Estado nunca tem
capacidade para assegurar comunicações eficazes entre os agentes de
Protecção Civil.
Meus senhores, se gostam mesmo do assunto ou se vos preocupa a prontidão e a
preparação, sentem-se todos à mesma mesa, dispam os uniformes dos vossos
exércitos por um dia e debatam o assunto como fazendo parte uma equipa, mas
com produtividade, por forma a que cada um e nós possa, de uma vez por
todas, ficar a saber em que circunstâncias a sua estação ou a sua
experiência como rádio operador (ou ambas) podem eventualmente vir a ajudar.
Aqui ficam umas perguntas, apenas como exemplo prático, para perceberem onde
quero chegar:
- Como podem os radioamadores, sobreviventes a uma catástrofe de grandes
dimensões, dar o seu contributo humanitário para as comunicações de resposta
à emergência sem qualquer preparação específica para o efeito nem treino
anterior?
- Como se constrói de raiz e em muito pouco tempo uma rede de comunicações
eficaz numa frequência congestionada e ainda por cima repleta de
comunicações aleatórias ou de pedidos de socorro de estações individuais,
não organizadas (e algumas delas nem sequer licenciadas para operar nessa
frequência)?
- Como se deve comunicar via rádio de forma eficaz e que procedimentos devem
ser seguidos pelo operador do Serviço de Amador numa rede de comunicações de
resposta à emergência?
- Quando deve actuar o radioamador com a sua estação individual se estiver
num cenário de calamidade e não fizer parte de um grupo de comunicações
organizado para o efeito?
- Em que medida e em que cenários específicos estações do Serviço de Amador
podem e devem voluntariar-se para comunicações de resposta à emergência? Em
quais não devem sequer emitir ou oferecerem-se para ajudar?
- Como é que devem decorrer as comunicações de resposta à emergência, em
distintos cenários, se pelo menos 2 grupos (organizações/instituições de
radioamadores), organizados e treinados de forma diferente e com
procedimentos por vezes antagónicos, participarem em comunicações de
resposta à emergência no mesmo acontecimento?
- Que treino específico (para além dos simulacros tradicionais que pouca ou
nenhuma preparação específica oferecem) deve estar previsto na preparação
particular de operadores para comunicações de resposta à emergência (sejam
eles Radioamadores ou outros)?
- Que tipo de soluções e em que cenários as mesmas podem ser aplicadas, se
estações do Serviço de Amador forem convocadas pelas autoridades competentes
para uma rede alternativa de comunicações?
- O que é uma rede alternativa de comunicações e em que condições
específicas uma rede de operadores do Serviço de Amador poderá ser convidada
a operar?
- Como deve proceder o Radioamador em situações de calamidade tão graves que
a sociedade, tal como a conhecemos de desestruture completamente?
- Que condições técnicas e que procedimentos específicos conducentes à
poupança de energia, por exemplo, permitem uma estação do Serviço de Amador
prolongar, muito para além de um corte permanente de energia, a sua
capacidade de emissão no tempo?
- Quais as antenas de recursos mais eficientes para cada banda e para certas
situações em particular?
- Quais as fontes de energia alternativa mais acessíveis neste momento?
- Quais os modos de transmissão da informação ou de modulação de sinal mais
apropriados ou mais eficientes em cada situação em particular?
Pensem no assunto e façam bom proveito.
73 de Miguel Andrade ( CT1ETL )
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