Re: ARLA/CLUSTER: Não há tempo para dedicar ao radioamadorismo?

Carlos Fonseca ct1gfqgrupos gmail.com
Quarta-Feira, 24 de Janeiro de 2018 - 06:36:11 WET


Bom dia.

Pela primeira vez, li um texto teu até ao fim.... heeehhheheh


Começando pelo Pedro:
Terás de certo razão, mas infelizmente a lei portuguesa na muda consuante a
evolução.
Não só neste assunto, como em todos.

Acabando no Miguel, conforme disseste é muito bem, estes modos servem
essencialmente, para estudos de propagação, e teste de antenas.

Daí o emprego de mW.

Resto de bom dia.

Miguel Andrade (CT1ETL) <ct1etl  gmail.com> escreveu em ter, 23/01/2018 às
22:26 :

> Olá Pedro,
>
> Excelente ponto de partida para uma boa troca de ideias.
> Na altura em que a actual legislação aplicável entrou em vigor, não
> existiam
> ainda estes sistemas e a modalidade que mais se assemelhava era, de facto,
> a
> estação de radiobaliza, pelo que, na minha opinião estaremos perante um
> "vazio legal", razão pela qual teremos que abordar este assunto com muita
> precaução e não tentar "adaptar" o conteúdo da Lei a algo posterior à mesma
> que não foi previsto.
> Eu começaria por trazer para a discussão o conceito em si.
> Será este tipo de utilização comparável a uma radiobaliza? (aceitam-se
> opiniões).
> Da minha parte, nunca fiz uso premeditado destas modalidades como tal, nem
> sequer emissões superiores a 49 horas seguidas, sendo os objectivos de cada
> uma delas bem definido logo à partida.
> Mais do que emitir um sinal com identificação do indicativo de estação e
> pouco mais, estes sistemas deram-me a possibilidade de observar o
> comportamento de 2 antenas ou comparar o evoluir da propagação dos sinais e
> compará-lo com as previsões disponíveis.
> Na emissão deste último fim-de-semana, por exemplo, o objectivo foi quase
> unicamente o de tentar receber uma estação específica, a DP0GVN na
> Antárctida, mais ainda do que comparar a recepção em ambas as localizações,
> pelo que ao analisar-se o relatório anexo à minha mensagem original se
> podem
> verificar, a certa altura, hesitações entre a faixa dos 20 metros e a faixa
> dos 30 metros, por exemplo, em particular no horário em que as previsões
> apontavam para uma maior probabilidade de sucesso na recepção do
> ambicionado
> indicativo na nossa posição geográfica.
> Este último parágrafo evoca ainda algo que não acontece com uma radiobaliza
> automática. Embora a estação tenha trabalhado realmente muitas horas de
> forma "não tripulada", torna-se frequente a intervenção do operador,
> nomeadamente quando o controlo via CAT não está activo ou quando o
> sintonizador automático necessita de mais intervenção do que uma breve
> portadora do emissor, como foi igualmente o caso do último fim-de-semana.
> Ou
> seja, pelo menos sempre que se verificou uma mudança de frequência... eu
> estava aos comandos da estação (fora o tempo durante o qual estive
> expectante à espera dos resultados que se iam seguindo no ecrã).
> A regulamentação actual prevê apenas 2 tipos de estação de uso comum, a
> saber: as estações repetidoras de telefonia e as estações de radiobaliza.
> Em ambos os casos, o n.º 3 da Parte VIII dos “Procedimentos aprovados pelo
> ICP-ANACOMâ€, estabelecem a forma como se processa o licenciamento
> obrigatório destas estações específicas.
> Nestes casos em particular, o legislador procurou acautelar, entre outras
> situações, uma das principais apreensões relativas às funções da ANACOM - a
> gestão do espectro radioeléctrico «tendo em atenção a especificidade de
> utilização de estações de amador de uso comum com necessidade de
> consignação
> de frequências».
> Tanto nas emissões via sistema WSPR, como no sistema Opera, não existe essa
> necessidade.
> Há uma frequência específica, em cada uma das faixas atribuídas ao Serviço
> de Amador e não um segmento de banda, como no caso das radiobalizas, as
> quais necessitam de requerer uma frequência única de operação num
> determinado intervalo, muitas vezes de forma coordenada internacionalmente
> para a garantia de um funcionamento em rede, ou para tentar evitar
> "colisões", isto é, várias balizas a "atrapalharem-se" na mesma frequência.
> Voltando de novo aos procedimentos de licenciamento actuais, faço notar que
> os mesmos estão a ficar desactualizados ao ponto de ainda ser proibida a
> interligação entre estações repetidoras (o que já foi ultrapassado na
> realidade), pelo que, a ser este tipo de radiocomunicações quando em "modo
> não tripulado" passível de ser confundida com radiobaliza, haveria que ser
> feito um esforço e actualização da regulamentação aplicável no sentido de
> passar a existir uma real adaptação a estes modos, quer fosse requerido
> algum tipo de licenciamento ou não. A respectiva operação deveria ser então
> sujeita a "fiscalização" e a ser obrigatória a concessão de licenciamento
> específico, mediante certas condições muito bem clarificadas como, por
> exemplo, limites legais para a duração máxima permitida de uma emissão
> contínua (a fim de não ser confundida com a actividade de uma estação de
> radiobaliza), ou as condições técnicas a que deveria obedecer um
> equipamento
> concebido especificamente para este efeito.
> Outro aspecto importante é precisamente o de que ambas as modalidades (WSPR
> e Opera) se diferenciam da tipologia de emissão praticado pelas estações de
> radiobaliza, nomeadamente através do respectivo funcionamento (o qual pode
> ser reprogramado e variável em vários aspectos), assim como pela troca de
> informação entre estações ou entre as estações e a base de dados, pelo que
> não se trata de uma simples emissão de "sentido único".
> No sistema Opera, por exemplo, um QSO "não tripulado", para ser bem
> sucedido
> e constar como concluído, terá obrigatoriamente que incluir a troca sem
> equívocos de informação considerada mínima e elementar para ser considerado
> um contacto válido entre estações do Serviço de Amador, pelo que é mesmo
> possível a confirmação via QSL, ainda que o operador possa não ter tido
> qualquer intervenção (estando presente ou não).
> Os actuais procedimentos de licenciamento de radiobalizas não são, nem de
> perto nem de longe, susceptíveis de serem transpostos para a realidade das
> modalidades em apreço. A título de exemplo, veja-se a condição obrigatória
> de «parecer favorável do “IARU Region 1 Beacon Coordinator†para as
> estações
> com PAR igual ou superior a 10W ou pertencentes ao “IARU Beacon Projectâ€
> (IBP), com indicação da frequência e largura de faixa pretendidas». Em que
> é
> que o coordenador das radiobalizas pode intervir na operação via WSPR e
> Opera? E as estações que transmitem com potências inferiores (por vezes na
> ordem dos mW), como a generalidade das emissões em WSPR?
> E o que dizer das aplicações portáteis do WSPR, por exemplo?
> E o facto das emissões estarem internacionalmente definidas (e praticadas)
> fora dos segmentos para as radiobalizas?
> E, já agora, algumas aplicações destes sistemas como a seguinte: «a
> utilização de estações de amador para efeitos de ARDF (Amateur Radio
> Direction Finding), não carece de licença desde que cumpra o estipulado na
> Tabela 4, o QNAF e demais legislação aplicável».
> E a reflexão em aeronaves praticada através do sistema Opera?
> A terminar, coloco à discussão algumas complicações de ajuste do actual
> "vazio legal" à prática comum destas modalidades.
> Como é que se pode provar que o operador da estação não está presente, a
> monitorar a emissão, nomeadamente nos testes de duração inferior a 24
> horas?
> Se o operador estiver presente (mas sem actuar nos equipamentos) já não é
> considerada operação "não tripulada"?
> Operação "não tripulada" é o mesmo que "operação automática"?
> Haverá hoje "operação automática" ou "operação não tripulada" para além do
> conceito de radiobaliza?
> Não poderemos, em particular a nível associativo, solicitar os devidos
> esclarecimentos à ANACOM?
> Enfim, muito mais poderia contribuir para o debate, mas por agora me fico
> com uma ideia final... se tiverem dúvidas sobre a "legalidade" da emissão,
> pelo menos liguem as vossas estações em recepção, preferencialmente com
> envio de dados para a Internet, pois o vosso contributo será igualmente
> válido e os resultados analogamente interessantes.
> Obrigado pelo teu contributo Pedro.
>
>
> Um abraço e...
>
>
> 73 de Miguel Andrade ( CT1ETL )
> IM58js - 38º44'57" N/009º11'26" W
> CQ Zone 14 ********* ITU Zone 37
> endereço em/adress in www.qrz.com/db/CT1ETL
>
> ________________________________________
> De: Pedro Ribeiro [mailto:ct7abp  gmail.com]
> Enviada: terça-feira, 23 de Janeiro de 2018 1:26
> Para: ct1etl  gmail.com; Resumo Noticioso ARLA/CLUSTER
> Assunto: Re: ARLA/CLUSTER: Não há tempo para dedicar ao radioamadorismo?
>
> Boa noite,
> A ideia é "boa", contudo ...
> Que saiba, a legislação nacional trata as estações que emitem "sem operador
> presente" como estações de uso comum pelo que carecem de licenciamento por
> parte de uma associação.
> Tu que dominas esta área muito melhor que eu, confirma lá ...
>
> 73!
> On 2018/01/22 23:15, Miguel Andrade (CT1ETL) wrote:
> Caros colegas,
>
> Se sofrem do mesmo "mal" que eu, o qual se resume a ser muito escasso o
> tempo que podem dedicar à actividade de radiocomunicações.
> Se não ligam os vossos equipamentos durante semanas porque actualmente
> sentem que têm pouca ou nenhuma disponibilidade - esta mensagem é destinada
> precisamente a todos vós.
> Já não necessitam de complicar a gestão do vosso tempo livre.
> Acabaram-se as disputas entre a atenção ao nosso passatempo e os
> compromissos sociais ou familiares.
> Liguem a vossa estação... e deixem-na suspirar.
> É isso mesmo!!
> Usem o WSPR (pronuncia-se "whisper" - sussurro - mas na realidade significa
> "Weak Signal Propagation Reporter") ou o Opera (este último menos popular
> actualmente)... e "vão à vossa vida ocupada".
> Verão o prazer que dá, voltar daí a umas horas (ou mesmo dias) para
> colherem
> os frutos, ou seja, os dados.
>
> Mas vamos ao que realmente interessa em termos "técnicos".
> Partilho hoje convosco uma possível resposta ao meu tópico intitulado "A
> minha recepção é boa?", colocado no passado dia 07/01/2018 às 18:07.
> Não foi um teste propositado ou concebido para esse efeito, mas uma
> observação baseada nos dados recolhidos nos 2 últimos fins-de-semana.
> O título do tópico anterior foi criado apenas para chamar a vossa atenção e
> a explicação que se segue, para ser cientificamente aceitável, teria que se
> basear em dados recolhidos a partir de 2 configurações de estação
> exactamente iguais, a operarem exactamente na mesma frequência e em
> simultâneo, mas situadas em locais distintos... o que não foi o caso, como
> terão oportunidade de verificar nos relatórios anexos.
> Mas antes de passar à estatística apenas uma descrição que considero
> necessária sobre as antenas, a saber:
>
> . A antena situada em IM58ob é constituída por um primeiro troço horizontal
> de aproximadamente 9 metros, situado apenas a 2 metros do solo, esticado
> sensivelmente de Oeste para Este (ou seja, dos 275º para os 95º).
> Seguidamente a antena "dobra" mais ou menos para Norte (ou seja, dos 170º
> para os 350º) esticando-se, durante aproximadamente 18 metros, mas continua
> sempre aos mesmos 2 metros de altura em relação ao solo. A partir daqui
> toma
> a direcção Sudoeste (ou seja, dos 50º para os 230º), em formato de "V"
> invertido, com mais cerca de 39 metros, situando-se o vértice a 7 metros de
> altura.
>
> . A antena situada em IM58jr é constituída por um troço horizontal de 38
> metros, dobrado ao meio (na realidade a antena tem 19 metros de
> comprimento), constituído por cabo coaxial com a "malha" (blindagem ou
> escudo exterior) e o "vivo" (fio de cobre condutor) em curto-circuito no
> extremo. Este elemento é alimentado apenas pelo "vivo", o que, pelo menos
> em
> teoria, proporcionará um comprimento eléctrico efectivo equivalente a 63
> metros, ou seja, menos cerca de 3 metros do que o comprimento real da
> antena
> anterior.
> Esta segunda antena situa-se apenas a 2 metros de altura, sobre o terraço
> do
> prédio e sensivelmente de Este para Oeste (ou seja, dos 87º para os 267º).
>
> Pois é, «quem não tem cão caça com gato». Se eu tivesse terreno... «outro
> galo cantaria», como é evidente para aqueles que me conhecem.
> Para compensar o ganho expectável da primeira antena, a emissão com a
> segunda antena, em IM58jr, foi feita com 10 watts de potência (p.e.p.),
> enquanto que a potência de emissão utilizada em IM58ob não ultrapassou os 5
> watts (p.e.p.).
>
> Embora constituindo uma experiência mal fundamentada, os resultados não
> enganam e não devem estar longe do que seria apurada com uma metodologia
> mais científica.
> Convido-vos a lerem o ficheiro anexo denominado "stats.txt".
> Para além do objectivo cumprido, que foi na realidade a recepção da estação
> DP0GVN, situada na Antárctida (e aqui anunciada), no fim-de-semana de 20 e
> 21 de Janeiro o número de registos foi avassalador, nomeadamente quando
> comparado com o fim-de-semana de 12 a 14 de Janeiro, o que se explica e
> fundamente no facto da recepção em IM58jr ser bastante prejudicada e
> afectada por ruído e interferências (quanto mais baixa for a frequência
> pior), pelo que aconteceram bastantes períodos muito "improdutivos",
> durante
> os quais a emissão era escutada bastante longe, mas apenas as estações mais
> próximas foram recebidas.
> A esse propósito veja-se, por exemplo, o que aconteceu nesse fim-de-semana
> nos 160 metros. A única estação recebida em Lisboa foi G4WLC, enquanto que
> a
> minha emissão a partir da capital portuguesa foi escutada nos Estados
> Unidos
> por K4RCG, a cerca de 5.869 quilómetros de distância.
> Leiam os documentos anexos, se tiverem paciência, e tirem as vossas
> conclusões.
> Afinal a pergunta provocatória acabou por ser posta à prova, numa primeira
> oportunidade desta forma tão improvisada, na qual a primeira experiência se
> destinou originalmente a testar a capacidade da estação para sondar várias
> bandas em simultâneo, de forma autónoma mas de acordo com o "roteiro"
> estabelecido por mim, enquanto que a segunda se destinou a "procurar" um
> indicativo em particular (daí a divergência nas faixas trabalhadas).
>
> A terminar uma nota final digna de reparo.
> Nos 2 fins-de-semana do teste nunca tive oportunidade (e o grato prazer) de
> vir a receber sequer um único indicativo nacional, tanto em WSPR como na
> activação em Opera que fiz em 144,180 MHz durante 24 horas e em simultâneo
> com o teste de HF acima descrito, o que muito triste me deixou.
> Já no teste anteriormente relatado, no tal tópico de 7 de Janeiro, dei
> conta
> de que a estação do nosso ilustre colega Carlos Pinheiro (CT1PT) fora a
> única activa e a receber-me nessa altura.
> Por essa razão convido-vos a colocarem, nem que seja de vez em quando, a
> vossa estação a "trabalhar sozinha" nestas modalidades.
> Provavelmente receberão indicativos bastantes peculiares na vossa
> "colheita"
> como Q72WOV (Papua Nova Guiné???), o indicativo especial de Hong Kong
> VR20XNL ou a estação DP0GVN na Antárctida. Podem ainda ficar a saber que o
> vosso sinal de 5 watts chegou à ilha da Tasmânia (Austrália) na faixa dos
> 40
> metros, percorrendo os mesmos 17.982 que os sinais da estação VK7JJ
> percorreram para cá serem recebidos.
> Desde quando é que em Lisboa conseguiria receber, nos 7 MHz, uma estação
> dos
> antípodas? (especialmente nas actuais condições da propagação dos sinais).
>
> Até breve, nem que seja "em automático" e...
>
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