Re: ARLA/CLUSTER: Falhas nos Incndios

Jos Lus Proena ct1gzb gmail.com
Segunda-Feira, 23 de Outubro de 2017 - 14:46:34 WEST


Mais uma válida contribuição.

Gostei particularmente do ponto 2.



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Sem
vírus. www.avast.com
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<#DAB4FAD8-2DD7-40BB-A1B8-4E2AA1F9FDF2>

73 de José Luís Proença, Operador do Posto Emissor CT1GZB
ARVM #53, REP #1418, SKCC #8178, CT-QRP #058, NRA PN#077, ARRLx #054, GPCW
#007
http://ct1gzb.blogspot.com

No dia 23 de outubro de 2017 às 12:37, João Paulo Saraiva A.E. CT1EBZ <
joaosaraiva112  gmail.com> escreveu:

>
>
> *CONTRIBUTO *
>
>
>
> *INCÊNDIOS E PROTEÇÃO CIVIL, OS PROBLEMAS E AS SOLUÇÕES*
>
> Os incêndios são na atualidade uma declaração de guerra à Nação, um amplo
> ataque terrorista do qual ainda não se conhece os contornos exatos.
> Ser presidente ou comandante na ANPC, é hoje uma missão impossível, já que
> lhe é dada a responsabilidade do cargo, mas não os recursos necessários
> para que se faça proteção civil.
> Interveniente na ajuda às populações dos trágicos incêndios deste ano
> iniciados a 17 de junho, e a 15 de outubro, a associação de proteção e
> socorro apresenta os problemas e as soluções para cada um dos problemas
> encontrados:
>
> 1.     Os *postos de comando operacional* (PCO) fazem a gestão do que
> tomam conhecimento, e nem toda a informação ali chega, nem têm à disposição
> tudo aquilo de que necessitam.
>
> *Solução:* é necessário que existam equipas de reconhecimento e avaliação
> de situação (ERAS) que após um briefing inicial façam o reconhecimento de
> toda a área afetada, com estudo prévio do mapa da área, onde não fique uma
> só casa por observar. A avaliação e reconhecimento pode ser feita de
> veículo, a pé, de helicóptero, por drone, ou UAV conforme decisão tática.
>
>
>
> 2.     Os *serviços de emergência ficam isolados dos pedidos de socorro
> das populações*.
> *Solução:* É necessário que os serviços de proteção civil em todos os
> seus níveis escutem os serviços de radiocomunicações 24 sobre 24 horas
> todos os dias do ano, nomeadamente os radioamadores os operadores da banda
> do cidadão e da banda PMR446 que pedem socorro sem sucesso pois não são
> ouvidos pelos serviços municipais de proteção civil, nem pelos postos de
> comando operacional, apesar de legalmente previsto.
>
> Cada aldeia, bairro, ou casa isolada deve possuir um rádio CB. Cada pessoa
> com capacidade para ser útil nas operações de ajuda de proximidade deve ter
> rádio CB e rádio PMR446.
> No dia15 de Outubro em Pedrogão Pequeno foram ouvidos em canal 2, PMR446
> os vigias da floresta anteciparem o pior com o que observavam, e pediam
> meios que não chegavam, ou não chegavam para tudo o que pediam. Se a
> população tivesse também estes meios de comunicação poderia ser coordenada
> para a ajuda de proximidade, envolvendo também os que têm meios que
> possibilitam por exemplo fazer rapidamente faixas de contenção das chamas,
> ou regar para prevenir, foram vistas várias carrinhas de populares com
> reservatórios de água e motobombas, mas sem rede de comunicação para
> coordenação da ação, valendo-lhes o telemóvel, onde funcionava.
>
> Ouvimos e demos resposta a radioamadores, CB´s, e PMR446, a pedir ajuda,
> socorro, para eles ou para terceiros, mas certamente não ouvimos ou
> respondemos a todos, e este era dever dos serviços municipais de proteção
> civil, que nada fizeram. Muitos destes pedidos não chegam por vezes porque
> a legislação dificulta aos radioamadores, e aos rádio-operadores CB, a
> instalação de antenas nos telhados dos condomínios, algo que deveria ser um
> dever, e nunca um privilégio dependente de autorização da maioria do
> condomínio.
>
> Existem protocolos entre a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) /
> Serviços Municipais de Proteção Civil (SMPC), com as Associações de
> Radioamadores, que são ativados para exercícios e demonstrações, mas nunca
> o são para situações de verdadeira emergência, acidente grave, ou
> catástrofe.
>
>
>
> 3.     Algumas *pessoas morreram porque não tiveram onde se abrigar*.
> *Solução:* nos incêndios florestais, tal como nos tornados, as pessoas
> precisam de abrigos, sem grandes burocracias para os poderem construir.
>
>
>
> 4.     Faltam bombeiros para acudir a todos os pedidos de socorro.
>
> *Solução:* O modelo associativo de bombeiros voluntários é excelente para
> complementar a capacidade de resposta do sistema publico, mas este ultimo
> não existe em número suficiente para assegurar a resposta atempada e com a
> qualidade inerente ao que é pago pelos contribuintes para o efeito, pelo
> que importa que forçosamente cada município disponha obrigatoriamente de
> uma corporação de bombeiros profissionais municipais, com secções avançadas
> nas freguesias mais distantes da sede, sendo função dos associativos
> voluntários, os serviços auxiliares de transporte de doentes não urgentes,
> o apoio no combate a incêndios e salvamento quando ultrapassada a
> capacidade de resposta dos municipais. Pode em alternativa pensar-se num
> modelo de corporações de bombeiros mistas, que integrem profissionais
> municipais, e voluntários, devendo, contudo, o número de profissionais
> obrigatoriamente dimensionado para responder às necessidades do socorro
> quotidiano.
>
>
>
> 5.     Não é feita prevenção adequada aos riscos de incêndio e outros.
> *Solução:* A solução está nas unidades locais de proteção civil (ULPC),
> mas não com o atual modelo. Está provado que existe verba para a prevenção,
> ela é geralmente aplicada na intervenção através de orçamentos
> complementares ao inicialmente previsto em cada ano. A constituição
> *obrigatória* de unidades locais de proteção civil através das juntas de
> freguesia, deve considerar a formação das bases de proteção civil, isto é,
> formação sobre conhecimento, deteção, e mitigação de riscos e
> vulnerabilidades; formação de primeiros socorros com suporte básico de vida
> e desfibrilhação automática externa; formação em prevenção e primeira
> intervenção contra incêndios; bem como equipagem de bairros e aldeias com
> equipamentos necessários ao cumprimento das missões para as quais esses
> voluntários foram formados. Estes voluntários podem através da sua ação de
> deteção e aviso / alerta evitar a ocorrência da muitos acidentes e
> tragédias, mas podem também socorrer, ajudar em proximidade, e complementar
> a capacidade de resposta dos agentes de proteção civil no que lhes seja
> solicitado, devendo para isso também eles dispor de redes de
> radiocomunicações CB e PMR446.
>
>
>
> 6.     Nenhum responsável político é responsabilizado cível ou
> criminalmente pelas suas omissões em proteção civil.
>
> *Solução:* É necessário criminalizar as omissões em proteção civil,
> dando-lhe mais relevo do que a uma simples omissão de auxílio prevista no
> artigo 200º do Código Penal, artigo este que ao caso em apreço nem pode ser
> aplicado, uma vez que o responsável político foi eleito pelos cidadãos para
> garantir e defender os interesses dos mesmos. A omissão da ação adequada a
> assegurar os direitos de segurança e proteção civil dos cidadãos, deve ser
> punível com o concurso de crimes que entretanto foram cometidos, em virtude
> da inércia dos responsáveis do organismo competente, com pena de prisão
> efetiva correspondente aos anos a que corresponderem as penas aplicadas
> pela omissão do dever de garante, sem prejuízo do dever de ressarcimento de
> indemnização às vítimas, que deve ser efetuado num prazo máximo de 90 dias,
> devendo o Estado assegurar o efetivo cumprimento do pagamento das
> indemnizações, nem que para o efeito tenha de arrestar os bens dos
> decisores que cometam ato ou omissão da ação adequada de proteção civil.
>
>
>
> 7.     Observámos que a maioria das casas ardidas não haviam sido alvo de
> limpeza da vegetação em seu redor conforme legalmente previsto. É
> necessário levar em consideração que quem não cumpre por vezes são pessoas
> com limitações que não permitem o cumprimento da lei porque não podem ou
> porque não dispõem de economias para mandar limpar.
>
> *Solução:* torna-se necessário criar equipas de sapadores florestais que
> limpem quem por incapacidade ou falta de vontade não cumpra, mas também é
> necessário regulamentar que as propriedades intervencionadas pelo Estado na
> limpeza da vegetação por inação do proprietário, à sua morte sejam herdadas
> pela fazenda pública para ressarcimento pelos serviços de prevenção
> prestados, exceto se os seus herdeiros ressarcirem o Estado dos valores
> despendidos na prevenção de incêndios na respetiva propriedade.
> É imperativo que exista um órgão independente que fiscalize a elaboração,
> comprimento, e execução dos Planos Operacionais Municipais de Defesa da
> Floresta Contra Incêndios (POM).  O não cumprimento nos prazos a fixar
> legalmente, deve ser punido com pena de demissão, e coima a aplicar ao
> técnico responsável, e pena de coima ao autarca em causa. Só deste modo é
> possível às equipas da GNR sancionar o incumprimento, e solicitar a limpeza
> publica de propriedades privadas.
>
>
>
> 8.     Somente a ação pública pode não chegar face ás proporções que por
> vezes o problema assume.
> *Solução:* as organizações de voluntariado de proteção civil (OVPC),
> reconhecidas pela Lei 80/2015, nos termos da portara 91/2017, podem e devem
> ser uma complementaridade da capacidade de resposta atribuída às estruturas
> e organismos públicos ou de sua iniciativa. Recomenda-se por isso que se
> constituam incentivos a que cada OVPC constitua Equipas Comunitárias de
> Proteção Civil (ECPC) bairros e aldeias, que sirvam para possibilitar a sua
> formação e equipagem, devendo existir por parte das juntas de freguesia a
> obrigatoriedade de comparticipação dessa ação.
>
> Tal com as ULPC, as ECPC devem ter formação de bases de proteção civil;
> formação sobre conhecimento, deteção, e mitigação de riscos e
> vulnerabilidades; formação de primeiros socorros c/ suporte básico de vida
> e desfibrilhação automática externa; formação em prevenção e primeira
> intervenção contra incêndios; bem como equipagem de bairros e aldeias com
> equipamentos necessários ao cumprimento das missões para as quais esses
> voluntários foram formados. Estes voluntários podem através da sua ação de
> deteção e aviso / alerta evitar a ocorrência da muitos acidentes e
> tragédias, mas podem também socorrer, ajudar em proximidade, e complementar
> a capacidade de resposta dos agentes de proteção civil no que lhes seja
> solicitado, devendo para isso também eles dispor de redes de
> radiocomunicações CB e PMR446.
>
>
>
> 9.     Os *serviços municipais de proteção civil (SMPC) não funcionam*,
> alguns não existem, e quando existem desconhecem as suas obrigações e
> deveres.
>
> *Solução:* Deve ser obrigatória a existência de serviços municipais de
> proteção civil a funcionar em permanência, 24 sobre 24 horas, todos os dias
> do ano, com pelo menos 80% do seu efetivo sempre que se verifiquem níveis
> de alerta laranja independentemente de tal ocorrer ao fim de semana,
> feriado, ou época de férias. As competências e atribuições destes serviços
> estão legalmente definidas, contudo não são cumpridas.
> Importa que o Comandante Operacional Municipal (COM) seja da estrutura
> nacional em detrimento da estrutura municipal, de modo a não se quebrar a
> cadeia de comando, bem como para que não deixe de existir neutralidade na
> fiscalização do cumprimento dos deveres e responsabilidades.
>
> O acompanhamento da informação de risco, o reconhecimento e avaliação de
> situação, bem como a estrutura municipal de radiocomunicações de proteção
> civil, os avisos e alertas face aos riscos previsíveis ou verificados,
> devem ser da responsabilidade destes serviços.
>
>
>
> 10.  A estrutura de proteção civil falha recorrentemente por falta de
> recursos, mas por vezes também por falta de competência de alguns.
>
> *Solução:*  Os cargos na estrutura da Proteção Civil são eminentemente de
> caracter técnico pelo que o fim do preenchimento dos cargos por confiança
> politica é uma das soluções apontadas para mitigar as situações de
> incompetência. É importante que na proteção civil estejam licenciados e
> outros especialistas em áreas técnicas e científicas com aplicabilidade
> relevante.
>
>
>
> 11.  Alguns dos incendiários são ou foram elementos dos agentes de
> proteção civil.
>
> *Solução:* Tal como no Grupo de Intervenção Proteção e Socorro (GIPS) da
> GNR, a avaliação e acompanhamento psicológico de todos os elementos é
> também uma das formas de prevenir comportamentos de risco. Mas este não
> deve ser um privilégio dos militares do GIPS, mas sim uma obrigação a que
> todos os elementos das forças de proteção civil devem estar sujeitos, para
> mitigar a possibilidade de andarmos constantemente com a sensação de andar
> a combater o incêndio ao lado do incendiário.
>
>
>
> 12.  O *socorro pré-hospitalar* às vítimas raramente chega a tempo. É
> certo e sabido que o INEM está a encerrar aos poucos, é um morto-vivo, um
> zombie. Mas sabemos também que, a portaria 260/2014 é um documento que
> condena à morte muitas vítimas para privilegiar o negócio das associações
> de Bombeiros, e da Cruz Vermelha Portuguesa, uma má solução que resulta das
> partes então envolvidas, a Liga dos Bombeiros Portugueses, o então Ministro
> da Administração Interna, e Secretário de Estado da Administração Interna,
> bem como o Ministro da Saúde foram aparentemente os autores desta solução.
>
> *Solução:* Decretar a obrigação em caso de incapacidade de resposta por
> parte do sistema publico para resposta atempada (até 8 minutos) por parte
> dos serviços públicos de socorro pré-hospitalar, privados associativos, ou
> empresariais de ambulâncias, concorrem em igualdade de circunstâncias para
> o socorro pré-hospitalar. Afetar aos dispositivos de resposta nos planos de
> emergência de proteção civil nos seus diferentes níveis, os meios e
> estruturas de resposta pré-hospitalar das forças armadas que tal como o
> INEM dispõe de viaturas médicas de emergência e reanimação, bem como a
> maior e melhor estrutura hospitalar de campanha, mas que nunca são ativados
> e também por isso morrem muitas vítimas.
>
> A ativação de dispositivos de emergência pré-hospitalar para cenários
> potencialmente catastróficos não pode estar dependente do presidente do
> INEM, nem de um Diretor Regional, pelo que importa alterar a regulamentação
> sobre esta matéria.
>
>
>
> 13.  Muitos foram *impossibilitados de pedir socorro* por não ter acesso
> de telecomunicações.
>
> *Solução:* implementar em cada bairro ou aldeia em local de acesso comum
> tal como a casa do povo, a junta da freguesia, ou a associação de
> moradores, um rádio CB, ligado a bateria de gel com autonomia mínima para
> 72horas, e carregador ligado à rede de 230V, podendo ser complementado com
> painel solar ou gerador eólico, bem como antena resistente a ventos
> ciclónicos, sendo deste modo possível solicitar pedido de socorro através
> das juntas de freguesia, dos serviços municipais de proteção civil, ou a
> outras aldeias, bairros, ou pessoas  nas imediações.
>
> Implementar um telefone celular fixo, com antena exterior, que possibilite
> pedir socorro via 112 mesmo quando a rede do cartão inserido no telefone
> está sobrelotada ou é inexistente.
>
>
>
> 14.  As *radiocomunicações dos agentes de proteção civil* não são:
> resistentes, uniformes, e não funcionam eficazmente na ligação entre
> agentes, nas operações, ou na ligação ao cidadão.
>
> *Solução:* O SIRESP deve ter todas as suas estações ligadas por feixe
> hertziano, abolindo todas as ligações por cabo. A autonomia mínima de
> alimentação autónoma de cada estação deve ser fixada em 100 horas, com
> verificação técnica aos 3 anos, e posteriormente de ano a ano até
> substituição da bateria, em que se deve reiniciar o ciclo de verificação
> técnica e manutenção, sem prejuízo de intervenções resultantes de avaria,
> furto ou vandalismo.
>
> Os operadores das redes de comunicações que operam os PCO devem receber
> formação específica de operação e gestão de redes de radiocomunicações de
> emergência e catástrofe.
>
> A Rede Operacional de Bombeiros (ROB), deve ser extinta e ser criada a
> Rede Operacional, composta pelas atuais frequências, a que devem somar-se
> as que a GNR deixou de usar em VHF banda alta, e deve ser colocada à
> disposição de todos os agentes de proteção civil, e entidades com especial
> dever de cooperação.
>
> A Rede Estratégica de Proteção Civil (REPC), que liga todos os agentes de
> proteção civil e algumas entidades com especial dever de cooperação, deve
> ser ampliada, e estar presente também nas câmaras municipais, e juntas de
> freguesia.
>
> Todo o presidente de instituto publico, presidente de câmara, ou junta de
> freguesia, deve obrigatoriamente ter distribuído radiotelefone da Rede
> Estratégica de Proteção Civil (REPC), que o deve acompanhar
> obrigatoriamente.
>
> Deve dar-se cumprimento à Lei, e fiscalizar o cumprimento, no que concerne
> à tipificação de veículos de combate a incêndios, para que efetivamente
> todos eles possuam um radiotelefone de VHF banda alta instalado e a
> funcionar em perfeitas condições, bem como pelo menos três radiotelefones
> portáteis de VHF a funcionar em perfeitas condições (inclusive no Regimento
> Sapadores Bombeiros de Lisboa – que não cumpre).
>
> A Rede de HF existente em muitos veículos de comando e comunicações da
> Autoridade Nacional de Proteção Civil, que não é usada porque os operadores
> não estão formados para o efeito (exceto para ouvir o relato de futebol num
> equipamento de mais de um milhar de euros), deve estar presente em todos
> os: Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS), Serviços Municipais
> de Proteção Civil, Forças Armadas e das Forças de Segurança, Ministérios
> das diversas tutelas de entidades que concorrem para fins de proteção
> civil, bem como nos veículos de comando dos agentes de proteção civil.
> A alternativa de ligação de radiocomunicação dos agentes de proteção civil
> à população deve ser obrigatória, todas as centrais de comunicações e
> viaturas de comunicações dos agentes de proteção civil devem
> obrigatoriamente possuir rádios CB e radiotelefones de VHF e UHF de
> radioamador para receber os pedidos de socorro. Para isso devem possuir a
> necessária formação específica de operação.
>
> A capacidade de atendimento via rádio deve ser reforçada logo na primeira
> hora de qualquer ocorrência potencialmente catastrófica, através do
> acionamento de operadores preparados para operar com o respetivo
> equipamento de radioamador e CB.
>
> Cada concelho deve possuir uma viatura todo o terreno de suporte de
> comunicações com repetidor VHF na RO e outro na REPC, bem como CB, e bandas
> de radioamador, de modo a assegurar a ligação entre a população, os postos
> de comando operacionais, e as secções dos teatros de operações, devendo
> para isso quando mobilizadas ser deslocadas para locais altos com vista
> privilegiada para os teatros de operações, podendo e devendo algumas dessas
> viaturas possuir link via satélite e para SIRESP.
>
> Toda a pessoa debilitada e isolada deve estar munida de dispositivo
> eletrónico de pedido de socorro que possibilite alcança-lo localmente e/ou
> em centrais de assistência e socorro.
>
> O número 112 deve duplicar a sua capacidade de atendimento sempre que se
> verifiquem condições de riscos acrescidos para situações de emergência de
> exceção, ou face a nível de alerta laranja ou vermelho.
>
>
>
> 15.  A *assistência social* durante e logo após a tragédia é pura utopia.
>
> Poucas são as vítimas que têm acesso a assistência social imediata, pois
> tal é-lhe impossibilitado pela incapacidade de comunicar, pela falta de
> comunicações, pela incapacidade dos serviços, e sobretudo pela inércia do
> Estado de Direito.
>
> *Solução:* A linha 144 (emergência social) é algo para estrangeiro ver,
> de emergência nada tem, e não é necessário um telefonema para compreender
> que toda uma zona de desastre precisa de assistência social quando todos os
> órgãos de comunicação social relatam a tragédia. Nada mais é preciso para
> que seja possível mobilizar “exércitos” de técnicos de serviço social que
> façam a ponte entre as necessidades dos cidadãos e as respostas às mesmas
> que devem ser asseguradas pelo Estado, e complementadas pela iniciativa
> privada, ou particular. Falta investir a sério na remodelação do modelo de
> assistência social e criar um verdadeiro serviço de emergência social,
> capaz de disponibilizar logo ao final da primeira hora, acesso aos bens e
> serviços essenciais à vida, nomeadamente: alimentação, transporte,
> alojamento condigno, e saúde.
>
> Também aqui a população pode, deve, e é geralmente envolvida, mas importa
> coordenar essa ação, para evitar o desperdício, e para que existam reservas
> de bens de assistência social, na aldeia, no bairro, na freguesia, na vila,
> na cidade, no país. Muitas pessoas não vocacionadas para o socorro e/ou
> salvamento podem ter um papel fundamental no socorro social, mas tal não é
> estruturado, coordenado, nem verdadeiramente incentivado, porque tal
> compromete o negócio de algumas IPSS subsídio-dependentes.
>
>
>
> 16.  A *saúde mental* é outra utopia.
>
> A assistência psicológica e psiquiátrica especializada não é uma realidade
> nestes cenários, o que se observa são camuflagens, pois a saúde mental foi
> talvez a área da saúde que mais desinvestimento tem sofrido, com a redução
> drástica do número de vagas de internamento, com a não descentralização e
> insuficiência dos recursos humanos, acabando por vezes estes seres humanos,
> as vítimas, por se tornarem em sem abrigo das ruas do país, ou mesmo em
> muitos casos em situações de suicídio ou homicídio.
>
> *Solução:* importa criar uma rede nacional de saúde mental, que tal como
> os Bombeiros disponham de veículos, comunicações próprias; mas também
> estruturas de campanha para campos de desalojados ou deslocados e acesso à
> coordenação e gestão na recolha, fornecimento, e distribuição dos bens
> essenciais às pessoas afetadas.
>
>
>
> 17.  Os Bombeiros são poucos para *apagar incêndios*, socorrer, salvar e
> *evacuar*.
>
> *Solução:* A população, e o comportamento de alguns indivíduos, podem ser
> nefastos, mas a mobilização para a ajuda de proximidade coordenada por
> meios de radiocomunicação fazem da população a maior força de proteção
> civil quer seja para a evacuação de casas ou aldeias vizinhas, quer para a
> proteção das casas e bens, quer mesmo para a primeira intervenção no
> combate aos incêndios. A mobilização da população para este efeito não se
> faz no regulamentado conceito hipócrita  de Unidades Locais de Proteção
> Civil, mas sim através de um novo conceito assente em novos modelos
> adaptados de outras realidades, tais como as CERT – Community Emergency
> Response Team´s, a que a APROSOC em Portugal denomino de ECPC – Equipas
> Comunitárias de Proteção Civil, oriundas da própria sociedade civil de
> forma formal ou informal mas que quanto mais organizadas e melhor equipadas
> e formadas, maior será a sua proficuidade.
>
> Os militares têm de chegar ao terreno logo após os bombeiros, e eles em
> articulação com a população devem proceder à consolidação do rescaldo e
> vigilância para evitar os reacendimentos. Há muitas vezes na população
> interior material de sapador, sistemas de rega, e tantos outros com
> aplicabilidade na primeira intervenção e na consolidação do rescaldo, que
> possibilitam libertar bombeiros para o combate às chamas e para o socorro e
> salvamento, o que de melhor sabem e estão vocacionados para fazer.
>
>
>
> 18.  A Vigilância florestal é ineficaz.
>
> Não obstante à implementação de programas multimilionários de câmaras de
> vigilância, a população não é incentivada a colaborar na vigilância, sendo
> mesmo em muitos casos dissuadida de o fazer para não colocar em risco
> certos negócios.
>
> A desertificação e com ela a extinção dos guardas florestais, guardas de
> coutada, e outros, deixou a floresta à mercê da sua própria sorte, dos
> incautos, dos negligentes, e dos incendiários isolados ou organizados.
>
> *Solução:* Somente com populações sensibilizadas e não desautorizadas de
> vigiar o que é de todos e não somente dos seus proprietários (no papel), *porque
> quando arde afeta todos e não somente os proprietários legais*, será
> possível mobilizar a população para a segurança florestal.  As redes de
> radiocomunicações dos cidadãos (CB & PRM446), que podem ligar postos de
> vigia da floresta, comuns cidadãos, e até autoridades e agentes de proteção
> civil, podem constituir um efetivo incremento de motivação, e basta que
> para isso do outro lado de um canal rádio do CB ou do PMR446 exista alguém
> que responda.
>
>
>
> 19.  A *geolocalização por satélite não reconhece a realidade*, somente a
> geografia.
>
> Muitas vezes nas aldeias não há nome de rua, não há número de porta, são
> pessoas do interior a quem lhes foram omitidos ou subtraídos direitos.
> Muitas vezes são enviados para socorrer e salvar essas pessoas e seus bens,
> meios de socorro de outra zona do concelho, região, distrito, país, ou até
> estrangeiros. O GPS não tem solução para isso, e por vezes nem aquele
> aglomerado populacional identifica.
>
> *Solução:  *Com os riscos inerentes, importa integrar nas equipas pessoas
> que conheçam os residentes, caminhos, e locais da zona afetada, ainda que
> um simples aldeão, que pode fazer toda a diferença para que o socorro
> chegue atempadamente onde deve chegar.
>
> Importa ainda que não exista casa sem número de porta, nem rua ou caminho
> sem nome, para que não se perda tempo a localizar.
>
> Importa que todas os veículos de combate a incêndios tenham GPS com
> cartografia “*off-road*” atualizada.
>
> Importa ainda que se preveja no seguro de ocupantes dos veículos de
> reconhecimento e avaliação de situação, bem como de combate a incêndios,
> salvamento e socorro, a presença de residentes locais como ocupantes
> pontuais que possam ajudar a localizar os locais a necessitar de socorro ou
> salvamento.
>
>
>
> 20.  O AVISO à população é quase sempre inexistente ou tardio. Este foi e
> é geralmente uma das principais causas de morte.
>
> *Solução: *Os operadores dos serviços móveis de telecomunicações a operar
> em Portugal, devem disponibilizar à ANPC e aos SMPC´s assim que
> tecnicamente possível, um serviço de difusão celular de proteção civil
> gratuito, de modo a que estes façam face a riscos previsíveis, emitir tão
> atempadamente quanto possível os avisos à população via telemóvel, com uma
> mensagem de difusão celular constituída pela seguinte estrutura:
> 1º Situação de Risco Expectável
>
> 2º Proibições ou interdições
>
> 3º Recomendações de Autoproteção
>
> 4º Canais de comunicação telefónico, ou via rádio, para pedidos de socorro
> e salvamento, ou assistência psicossocial.
>
>
>
> 21.  Vítimas *morrem por vezes e sofrem* junto a unidades de saúde, mas
> outras a horas da unidade de saúde mais próxima.
>
> *Solução:* Equipar todas as unidades de saúde familiar com equipamento de
> suporte avançado de vida em trauma ( a ser usados por médicos ou
> enfermeiros), bem como dotar as unidades de saúde de desfibrilhadores
> automáticos externos, devendo existir também um destes aparelhos em cada
> aldeia com mais de 50 habitantes, devendo formar-se a população para o seu
> uso e em primeiros socorros, formação de base em proteção civil com noções
> de riscos, vulnerabilidades e sua prevenção ou mitigação possível, bem como
> 1ª intervenção em incêndios; em especial aqueles que se voluntariarem para
> as Unidades Locais de Proteção Civil, ou das Organizações de Voluntariado
> de Proteção Civil, devendo ainda esta formação ser disponibilizada a todos
> os trabalhadores operacionais das autarquias e juntas de freguesia.
>
>
>
> 22.  Forças policiais *têm formação em primeiros socorros, mas não
> socorrem* por falta de meios.
> *Solução:* Dotar todas as viaturas policiais de mala de primeiros
> socorros, e desfibrilhador automático externo, não só a pensar no socorro à
> população, mas também no socorro dos próprios agentes muitas vezes feridos
> em serviço, que morrem devido a socorro inatempado.
>
>
>
> 23.  Bombeiros por vezes *não socorrem por falta de equipamento* de
> socorro pré-hospitalar em veículos de combate a incêndios.
>
> *Solução:* Dotar todas as viaturas de Bombeiros de mala de primeiros
> socorros, e desfibrilhador automático externo, não só a pensar no socorro à
> população, mas também no socorro dos próprios bombeiros muitas vezes
> feridos em serviço, que morrem devido a socorro inatempado.
>
>
>
> 24.  *Nunca haverá Bombeiros suficientes* para socorrer e salvar tudo e
> todos.
>
> *Solução:* Dotar as populações de pontos de reserva de água, sistemas com
> marcos de incêndio, mangueiras e agulhetas, instrução e treino obrigatórios
> de manuseamento de agentes extintores, bem como meios básicos de socorro e
> salvamento.
>
>
>
> 25.  As pessoas *morrem entre a vegetação das estradas e caminhos*.
>
> *Solução*: importa começar a cortar já hoje as arvores e mato em faixas
> de contenção, mínimas de 50 metros de cada lado de caminhos e estradas, ou
> 100 metros dos edifícios.
>
>
>
> 26.  Ano após ano tem sido possível prever o que continuará a arder no
> ano seguinte, através da analise do *orçamento geral do Estado*. Muitas
> vezes se observa vertido em relatórios de comissões técnicas, científicos e
> académicos, recomendações para uma maior aposta na prevenção ainda que em
> detrimento da intervenção.
>
> *Solução:* dar cumprimento ás recomendações.
>
>
>
> Podemos continuar a pensar que o país não tem recursos para tudo isto que
> aconselhamos, mas na realidade os custos relativos à prevenção são
> largamente superados pelos custos orçamentados e ocultos da intervenção.
>
> Importa, contudo, que não se pense a proteção civil local só para os
> incêndios, mas face a todos os riscos coletivos de causa natural ou
> antrópica.
>
>
>
> *Sobre o Relatório Sobre a Comissão Independente*
>
>
>
> Identifica em traços gerais alguns dos problemas, denotando, contudo,
> algum desconhecimento e falta de imparcialidade.
>
> Observa-se que, talvez por se tratar de um relatório efetuado por
> “operacionais de escritório”, sobrevaloriza aspetos inócuos tais como a
> quebra de registo no Sistema de Apoio à Decisão Operacional (SADO),
> omitindo factos relevantes tais como o de que a quebra de registo pode
> dever-se à escassez de recursos humanos para gerir a operação em si, ou
> mesmo outros aspetos relevantes tais como a total incompetência dos
> serviços municipais de proteção civil no antes, no durante e após a
> tragédia, bem como os seus responsáveis políticos. Ainda no que concerne ao
> SADO, não argumenta em concreto sobre em que isso possa ter contribuído
> para a não implementação do sistema de gestão de operações (SGO). Trata-se
> de um relatório que não identifica de modo sério e isento os problemas de
> radiocomunicações.
>
>
>
> *Sobre o Relatório produzido pelo CEIF/Universidade de Coimbra*
>
> Identifica os aspetos atinentes às matérias técnico-científicas em que os
> autores são peritos, com prova científica das afirmações produzidas em
> detrimento das convicções políticas, e denota a imparcialidade que o
> relatório da comissão independente não tem.
>
>
>
> No conjunto dos relatórios retiram-se muitas conclusões, contudo nada de
> novo, nada que não estivesse identificado no livro branco dos incêndios
> publicado em 2006, que pelos vistos ninguém leu, ou quem leu rapidamente
> esqueceu.
>
>
>
>
>
> Carnaxide, 18 de outubro de 2017
>
>
>
>
>
>
>
> P´la Comissão Técnico-Científica
>
>
>
> *João Paulo Saraiva *
>
> Presidente da Direção
>
>
>
>
>
>
> --
> Melhores Cumprimentos,
>
> *João Paulo Saraiva* Amaral da  Encarnação (CT1EBZ)
>
> Telefone Móvel: *910 910 112*
> Largo Álvaro Pinheiro Rodrigues, nº 7 R/C B - 2790-471 Carnaxide - Oeiras
> - Portugal
> NIF199162670 NIB 0010 0000 3275804 0001 32
>
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