ARLA/CLUSTER: Qual o nosso papel na Sociedade enquanto Radioamdores?
Jos Lus Proena
ct1gzb gmail.com
Domingo, 22 de Outubro de 2017 - 23:00:27 WEST
O que aconteceu este Verão, colocou a nu, mais uma vez, as muitas
fragilidades na relação (se é que alguma vez existiu tirando o Euro 2004)
entre os Radioamadores e as autoridades (todas).
Todos escutamos nas TV's que *"há locais sem meios de comunicação".*
A esmagadora maioria dos Planos Municipais de Emergência-PME os
Radioamadores estão incluídos (pelo menos a palavra Radioamadores está
lá), ainda que lá tenham sido colocados ainda que de forma "copy past".
Estamos incluídos nesses planos ainda que de maneira abstracta já que não
se sabe quem é que são esses tais Radioamadores.
Imaginem que o Concelho do “Chaparro de Espingarda às Costas” (que até tem
um SMPC a funcionar) tem um PME e que nesse plano até estão incluídos os
Radioamadores. Imaginem que foram lá colocados como nos outros planos
todos…por *“copy past”*.
Falta-nos Organização Nacional, Regional e, acima de tudo organização
Local *salvo
honrosas excepções aqui e ali pelo país e Ilhas* para intervir em alguma
situação como a que se viveu neste Verão
A sério que acredito e tenho a certeza a que, se fossemos chamados a
participar não iríamos fazer má figura na parte técnica de certeza
absoluta, já na parte operacional, tenho algumas (muitas) dúvidas.
A esmagadora maioria dos Radioamadores não sabe (porque também se calhar
nunca ninguém lhes explicou) como funcionam as comunicações num cenário de
emergência e catástrofe.
Não sabem e nem conhecem a estrutura de operacionalidade das entidades num
cenário de catástrofe.
Li nas “Redes Sociais” (facebook) colegas indignados (e com razão) a
perguntarem porque não nos chamam para complementar as comunicações oficias
que colapsaram por razões várias, tendo em conta que nós Radioamadores
estamos inseridos no PNE e alguns PME.
Tenho um vizinho (que foi um dos que esteve ao meu lado no condomínio e que
permitiu e fez força para que eu instalasse as minhas antenas no prédio)
que tem casa na Pampilhosa da Serra e perguntou-me porque os Radioamadores
não estavam no terreno a ajudar nas comunicações, já que em todos os meios
de comunicação social se sabia que havia aldeias, vilas e até cidades sem
comunicações.
Respondi-lhe que para intervirmos teria que ser a ANPC a nos chamar a
intervir.
Creio que não nos cabe a nós radioamadores colocarmo-nos em “bicos de pés”
junto da ANPC ou SMPC a dizer estamos aqui.
Mas, perante o que aconteceu em Pedrogão Grande e agora no Centro e Norte
do país e das *107 mortes* temos, acima de tudo, o *dever moral, até
enquanto cidadãos*, de perguntar qual a nossa função nos PNE e PME.
Mas, também há uma série de perguntas que se tem que fazer a quem de
direito.
Quem é que vai fazer essas perguntas?
Fácil.
Serão as Associações em que nós estamos inseridos, seja ela Nacional,
Regional ou Local.
Como não temos uma entidade que fale por todos, torna-se complicado sermos
escutados.
*A não ser que, perante esta tragédia que aconteceu, pelo menos uma vez, as
questões divergentes que eventualmente algumas Associações tenham, que as
mesmas sejam esquecidas em prol do país, leia-se sociedade*.
Perguntas.
1. Determinar nos PME quem é que são os Radioamadores a ser chamados em
caso de necessidade de intervenção. Colocar os nomes, de Radioamadores
individuais ou Associações
2. Foi feito uma pesquisa prévia de quantos Radioamadores existem no
Concelho antes de os colocarem no PME?
3. Existe alguma Associação de Radioamadores no Município?
4. Em caso afirmativo, foram os Radioamadores contactados pelo Município?
5. O Município sabe se os mesmos Radioamadores estarão interessados em
participar?
6. Se um radioamador que até esteja inserido num PME, se for chamado a
actuar, como é a situação dele perante o seu emprego, há enquadramento
jurídico?
7. E os acidentes que possam acontecer no âmbito dessa actuação, estarão
segurados?
8. O Município sabe o que são Radioamadores e do que eles capazes de fazer?
Estas perguntas todas é para saber se isto dos Radioamadores inseridos nos
nos Planos de Emergência é *mesmo para levar a sério.*
Muitas mais perguntas haverão fica aqui alguns exemplos, alguém com melhor
desempenho que eu que acrescente mais.
Esta minha opinião é na perspectiva positiva de se alterar algo que está
ambíguo, apesar de estar escrito.
Como sublinhei, há honrosas excepções em há Associações que vão fazendo
algo junto das Câmaras Municipais e Juntas de Freguesias, mas, no universo
do país, acho insignificante.
Perante o que aconteceu, *temos que fazer uma séria reflexão de qual o
nosso papel enquanto membros desta sociedade* no meio do que aconteceu.
Temos os meios, temos a técnica e temos vontade.
O que falta?
Serve este texto para partilhar convosco a minha opinião e desabafo, *não
serve para criar polémicas ou desacatos*.
*Problemas já temos que cheguem.*
73 de José Luís Proença, Operador do Posto Emissor CT1GZB
ARVM #53, REP #1418, SKCC #8178, CT-QRP #058, NRA PN#077, ARRLx #054, GPCW
#007
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