ARLA/CLUSTER: Como se procura um submarino, uma “arma discreta” feita para não ser encontrada?

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 23 de Novembro de 2017 - 13:25:12 WET


Nove países estão a ajudar a Argentina a procurar o submarino
argentino desaparecido há uma semana. As condições do mar estão a
dificultar as buscas. As técnicas são as mesmas de um cenário de
guerra.

Autor Carolina Branco in Observador.

Um submarino é, por si só, difícil de detetar. É suposto ser uma arma
invisível. É um navio especializado para operar submerso e tem
características como a cor e as dimensões que fazem com que seja
difícil de encontrar. “É uma arma discreta”, abrevia o comandante
Taveira Pinto, diretor técnico-pedagógico do Centro de Instrução de
Submarinos e contacto nacional para os organismos internacionais de
salvamento de submarinos, em declarações ao Observador.

O submarino argentino San Juan desapareceu há exatamente uma semana.
Às 7h30 locais (10h30 em Lisboa) do dia 15 de novembro, a embarcação
fez último contacto com a base a reportar uma avaria elétrica. Havia
44 marinheiros a bordo, com condições para sobreviver pelo menos ao
longo de sete dias dentro do navio.

No caso nacional, aos primeiros alarmes, a Marinha iria em força para
a área, o mais rapidamente possível para cobrir a área”, garante o
comandante Taveira Pinto ao Observador.

O procedimento para estes casos é padrão. A forma como são adotados
pode variar. O comandante alerta que “muitos destes problemas advém da
falta de investimentos, não só na manutenção, mas também no treino dos
procedimentos”. Mas que procedimentos são esses?

Da “pesquisa visual” ao “varrimento de fundo”, como se fosse uma guerra

Demore o tempo que demorar, o primeiro passo é enviar navios para a
área onde se tem a última referência de localização do submarino, para
fazer “pesquisa visual”. Os meios aéreos também são enviados para
“cobrir maior áreas em menor período de tempo”, explica o comandante
ao Observador, acrescentando que estes são as medidas tomadas que
permitem encontrar um submarino, caso esteja à superfície.

Se o submarino não estiver à superfície, os procedimentos são
diferentes As duas hipóteses estão em cima da mesa pelo que as medidas
para ambos os casos — de navio submerso ou à superfície — são
consideradas em simultâneo. “É nesta fase que nos encontramos”, disse
o comandante ao Observador.

São enviados navios com capacidade de utilização de sonares ativos —
equipamentos que emitem ondas sonoras e que são capazes de receber o
eco dessas ondas — que permite estabelecer comunicações com
submarinos, caso existam, através de “telefones submarinos, que
funcionam debaixo de água”. São também enviados para a área de buscas
navios hidrográficos com equipamentos para sondar o fundo do mar,
fazer um “varrimento do fundo”, a fim de detetar o submarino. São “as
mesmas técnicas como se fosse uma guerra”, comparou o comandante ao
Observador.

Mau tempo dificulta procura “no horizonte” e cria “ruído de ambiente”

Há nove países a auxiliar a Argentina, através do envio de aviões e
navios. Mas as condições meteorológicas estão a dificultar as
operações: vento muito forte e ondas que atingem os seis metros de
altura. A marinha argentina publicou um vídeo que mostram essas
condições.

A partir de terça-feira, esperam-se melhores condições meteorológicas.
Com bom ou mau tempo, Enrique Balbi, porta-voz da marinha argentina,
garantiu à BBC que estão a considerar “todas as possibilidades” para
encontrar a embarcação. “Uma operação de pesquisa massiva vai
continuar até que o submarino seja localizado”, disse ainda.

O mau tempo “piora muito” as buscas, explica o comandante Taveira
Pinto, ao Observador. Para quem está a bordo, quer de navios, quer de
aviões, com binóculos a tentar “procurar no horizonte” o submarino,
tem uma dificuldade acrescida já que “tem que estar agarrado”. A
própria agitação do mar cria “ruído de ambiente” que vai dificultar as
buscas e as comunicação. As condições meteorológicas podem ainda mover
o submarino, caso esteja à superfície, dificultando as buscas. “Se
estiver a meia-água, acaba por ir com as correntes mas não a
velocidade muito elevada. Se estiver no fundo, é difícil”, disse o
comandante ao Observador.

A área de buscas foi reduzida a 20 quilómetros quadrados, noticia a
BBC. O comandante Taveira Pinto explicou ao Observador que as buscas
começam “sempre numa área maior”. “Com os dados que vamos obtendo,
vamos reduzido a zona de buscas. Podem haver indícios que levem à
redução da área”, acrescentou. Ou, até mesmo, que volte a ser
ampliando ou mudando de localização. “Vai sendo ajustado”, disse o
comandante.



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