ARLA/CLUSTER: O primeiro asteróide interestelar observado, não é parecido com nada existente normalmente no nosso Sistema Solar.
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 21 de Novembro de 2017 - 13:42:35 WET
*OBSERVAÇÕES DO ESO MOSTRAM QUE O PRIMEIRO ASTEROIDE INTERESTELAR NÃO É
COMO NENHUM OBJETO OBSERVADO ATÉ À DATA*
Os astrónomos estudaram pela primeira vez um asteroide que entrou no
Sistema Solar vindo do espaço interestelar. Observações feitas com o VLT
(Very Large Telescope) do ESO no Chile e noutros observatórios do mundo,
mostram que este objeto único viajava no espaço há milhões de anos antes do
seu encontro casual com o nosso Sistema Solar. O objeto parece ser vermelho
escuro e extremamente alongado, rochoso ou com elevado conteúdo em metais,
nada parecido ao que encontramos normalmente no Sistema Solar. Estes novos
resultados foram publicados na revista Nature a 20 de novembro de 2017.
A 19 de outubro de 2017, o telescópio Pan-STARRS no Hawaii capturou um
ténue ponto de luz a deslocar-se no céu. Inicialmente parecia ser um
pequeno asteroide rápido tÃpico, no entanto observações adicionais nos dias
seguintes permitiram calcular a sua órbita de modo bastante preciso, o que
revelou, sem sombra de dúvidas, que se tratava de um objeto que não vinha
do interior do Sistema Solar, como todos os outros asteroides ou cometas
observados até à data, mas sim do espaço interestelar. Embora classificado
originalmente como cometa, observações obtidas pelo ESO e por outros
observatórios não revelaram sinais de atividade cometária após a sua
passagem próximo do Sol em setembro de 2017. O objeto foi por isso
reclassificado como sendo um asteroide interestelar e chamado 1I/2017 U1
(‘Oumuamua).
<https://cdn.eso.org/images/large/eso1737a.jpg>
Esta imagem artÃstica mostra o primeiro asteroide interestelar descoberto:
‘Oumuamua. Este objeto único foi descoberto a 19 de outubro de 2017 pelo
telescópio Pan-STARRS 1 no Hawaii. Observações subsequentes obtidas pelo
VLT do ESO no Chile e por outros observatórios, mostram que este objeto
viajava no espaço há milhões de anos antes do seu encontro casual com o
nosso Sistema Solar. ‘Oumuamua parece ser vermelho escuro, metálico ou
rochoso e extremamente alongado, com cerca de 400 metros de comprimento,
nada parecido ao que encontramos normalmente no Sistema Solar.
Crédito: ESO/M. Kornmesser
(clique na imagem para ver versão maior)
"Tivemos que atuar muito rapidamente," explica o membro da equipa Olivier
Hainaut do ESO, em Garching, Alemanha. "‘Oumuamua já tinha passado o ponto
da sua órbita mais próximo do Sol e dirigia-se para o espaço interestelar."
O VLT do ESO foi imediatamente chamado à ação para medir a órbita do
objeto, a sua cor e o seu brilho com mais precisão do que a obtida por
telescópios mais pequenos. A rapidez nesta ação era crucial, uma vez que
‘Oumuamua desvanecia rapidamente no céu, afastando-se do Sol e da Terra, no
seu percurso para fora do Sistema Solar. O objeto reservava-nos ainda mais
surpresas.
Combinando as imagens do instrumento FORS montado no VLT — com 4 filtros
diferentes — com as imagens obtidas por outros grandes telescópios, a
equipa de astrónomos liderada por Karen Meech (Institute for Astronomy,
Hawai, EUA) descobriu que ‘Oumuamua varia em brilho por um fator de 10, Ã
medida que roda em torno do seu eixo a cada 7,3 horas.
Karen Meech explica o significado deste resultado: "Esta variação em brilho
invulgarmente elevada revela-nos que o objeto é extremamente alongado:
cerca de 10 vezes mais comprido do que largo, com uma forma complexa.
Descobrimos também que apresenta uma cor vermelha escura, semelhante aos
objetos no Sistema Solar externo, e confirmámos que é completamente inerte,
sem o mais pequeno traço de poeira em seu redor."
<https://cdn.eso.org/images/large/eso1737b.jpg>
Esta imagem combinada muito profunda mostra o asteroide interestelar
‘Oumuamua no centro, marcado com um cÃrculo azul. O objeto encontra-se
rodeado por rastros de estrelas ténues, que aparecem devido aos telescópios
seguirem o movimento do asteroide. Esta imagem foi criada ao combinar
imagens múltiplas do VLT do ESO e do Telescópio Gemini South. O objeto
parece ser uma fonte pontual, sem poeira em seu redor.
Crédito: ESO/K. Meech et al.
(clique na imagem para ver versão maior)
Estas propriedades sugerem que ‘Oumuamua é denso, possivelmente rochoso ou
com um conteúdo metálico elevado, sem quantidades significativas de água ou
gelo, e que a sua superfÃcie é escura e vermelha devido aos efeitos de
irradiação por parte de raios cósmicos ao longo de muitos milhões de anos.
Estima-se que tenha pelo menos 400 metros de comprimento.
Cálculos preliminares da sua órbita sugerem que o objeto tenha vindo da
direção aproximada da estrela brilhante Vega, na constelação boreal de
Lira. No entanto, mesmo viajando à tremenda velocidade de cerca de 95.000
km/hora, demorou tanto tempo a chegar ao nosso Sistema Solar, que Vega não
se encontra já na posição que ocupava quando o asteroide partiu de lá, há
cerca de 300.000 anos atrás. ‘Oumuamua deve ter vagueado pela Via Láctea,
sem ligação a nenhum sistema estelar, durante centenas de milhões de anos
até ao seu encontro casual com o Sistema Solar.
<https://cdn.eso.org/images/large/eso1737c.jpg>
Este diagrama mostra a órbita do asteroide interestelar ‘Oumuamua a passar
pelo nosso Sistema Solar. Contrariamente a todos os outros asteroides e
cometas observados anteriormente, este corpo não se encontra ligado ao Sol
pelo gravidade. Veio do espaço interestelar e aà retornará após um breve
encontro com o nosso sistema estelar. A sua órbita hiperbólica é altamente
inclinada e parece não se ter aproximado de nenhum outro corpo do Sistema
Solar durante a sua viagem até nós.
Créditos: ESO/K. Meech et al.
(clique na imagem para ver versão maior)
Os astrónomos estimam que, por ano, um asteroide interestelar semelhante a
‘Oumuamua passe através do Sistema Solar interior, no entanto como estes
objetos são ténues e difÃceis de detetar nunca foram observados até agora.
Apenas recentemente é que os telescópios de rastreio, como o Pan-STARRS, se
tornaram suficientemente poderosos para conseguirem detetar tais objetos.
"Continuamos a observar este objeto único," conclui Olivier Hainaut, "E
esperamos determinar com mais exatidão donde é que veio e para onde é que
vai na sua próxima volta à Galáxia. E agora que descobrimos a primeira
rocha interestelar, estamos prontos para as seguintes!"
*Links:*
*NotÃcias relacionadas:*
ESO (comunicado de imprensa) <http://www.eso.org/public/news/eso1737>
Artigo cientÃfico (PDF)
<https://www.eso.org/public/archives/releases/sciencepapers/eso1737/eso1737a.pdf>
Nature <https://www.nature.com/articles/nature25020>
EurekAlert!
<https://www.eurekalert.org/pub_releases/2017-11/aouf-fki112017.php>
Science
<http://www.sciencemag.org/news/2017/11/updated-first-time-astronomers-are-tracking-distant-visitor-streaking-through-our-solar>
PHYSORG <https://phys.org/news/2017-11-eso-interstellar-asteroid.html>
spaceref
<http://spaceref.com/asteroids/first-interstellar-asteroid-oumuamua-is-like-nothing-seen-before.html>
*1I/2017 U1 (‘Oumuamua):*
JPL/NASA <https://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?sstr=2017%20U1>
Wikipedia <https://en.wikipedia.org/wiki/1I/%CA%BBOumuamua>
*Objeto interestelar:*
Wikipedia <https://en.wikipedia.org/wiki/Interstellar_object>
*VLT:*
Página oficial <http://www.eso.org/projects/vlt/>
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Very_Large_Telescope>
*ESO:*
Página oficial <http://www.eso.org/public/>
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/ESO>
Fonte: Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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