ARLA/CLUSTER: Brasil: TUDO BEM! VOC FOI APROVADO NOS EXAMES... E AGORA?! - Artigo de JOSE LAHOR FILHO - PY4/PY2CLK
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Quinta-Feira, 27 de Julho de 2017 - 13:33:20 WEST
*TUDO BEM! VOCÊ FOI APROVADO NOS EXAMES... E AGORA?!*
Artigo de JOSE LAHOR FILHO - PY4/PY2CLK - Conselheiro Permanente da LABRE-SP
Todos os Radioamadores habilitados enfrentaram alguma dificuldade para se
prefixarem. Você nem se importa ao recordar as dificuldades e desafios
superados. O que importa agora, é que você foi aprovado e possui um COER
(Certificado de Operação de Rádio Amador) via ANATEL. Ele é um importante
“passaporte” para uma incrível jornada, que pode durar toda uma existência
e poderá influenciar em sua vida, de uma forma muito especial.
A menos que você traga alguns bons conhecimentos em eletrônica e
eletricidade, tudo o que você aprendeu mediante grandes esforços em sua
vida toda, teve que batalhar bastante para conseguir um “lugar ao sol”
entre seus colegas. Se isto lhe parece algo importante, lembre-se que os
Radioamadores representam uma pequena porcentagem perante a população.
Mesmo assim, pertencemos a uma camada muito especial da população mundial,
incluindo astronautas, cientistas, músicos, atores, pilotos, engenheiros,
professores, médicos, mecânicos e etc. Portanto, cá estamos nós, no início
de grandes emoções. Agora você poderá ostentar, orgulhosamente, em algum
lugar na parede de seu “shack”, o tão almejado Certificado.
*E AGORA, O QUE VEM DEPOIS*
Agora, já como Rádio Amador recentemente licenciado, você terá que tomar
uma série de decisões. Decisões estas que você vinha pretendendo que se
tornassem realidade desde a muito, antes mesmo de estudar a Lei de Ohm.
Caso você tenha estudado na sede da LABRE, você já superou diversas etapas,
rumo ao seu desiderato. Certamente recebeu a ajuda de mais de um colega, ou
até algum equipamento emprestado, o qual lhe facilitará a sua entrada no
ar. Na hipótese de que você precise de ajuda para montar sua estação, desde
a construção da antena, até o cabo de aterramento, quanto à montagem e
disposição, uma simples chamada para um colega, certamente você será
auxiliado e assessorado, por mais de um colega.
Muito bem. E aí, você estudou sozinho ou conseguiu as apostilas com algum
colega pronto para colaborar consigo, ou foi via Internet ¿ Depois,
sobrevirá uma sensação de solidão, e, quem você irá chamar ¿ Para aqueles
que residem nos grandes centros, afirmo que uma visita à LABRE, ou ao seu
clube, seria ótimo. Caso contrário, a quem você irá apelar ¿ Mais uma vez,
volto a enfatizar que você deve afiliar-se a um clube, ou a uma comunidade
de Radioamadores, ali você terá mais recursos.
Neste meio tempo, aí vão alguns conselhos a um recente prefixado. Penso que
este artigo talvez devesse chamar-se: “O que você sempre quis saber sobre o
Radioamadorismo, mas tinha vergonha de perguntar.”
*A VIDA É REPLETA DE QUESTIONAMENTOS*
Em meu caso, especificamente, venho dos tempos do rádio da pedra galena.
Aprendi com meu pai a construir rádios galena em antigas caixas de madeira
de charutos da Bahía. Só que os rádios que ele fazia naquela época, não
contavam com um capacitor variável. Eu o acrescentei O resultado foi
espetacular. A partir daí, as coisas foram tomando um outros rumos. Nessa
época, eu residia no centro da cidade de SP, atrás da Catedral da Sé, na
Rua da Glória. E, nessa mesma rua, havia o Instituto Teórico e Prático de
Rádio e Televisão, foi onde conheci o Prof, Juvenal Lino de Campos PY2 ATB.
Depois veio o famosíssimo Instituto Monitor, onde meus conhecimentos foram
se ampliando. Em seguida, vem a Occidental Schools, onde aperfeiçoei meus
conhecimentos e experiências, onde e quando, montei um Televisor.
Paralelamente a isto tudo, sempre frequentando a sede da LABRE-SP e
travando conhecimento com diversos colegas em diversos clubes de
Radioamadores que iam se formando, naqueles dias. A LABRE nada mais era
senão uma salinha modesta, no primeiro andar dos Correios e Telégrafos,
localizada no início da Av. São João, em um belíssimo prédio construído com
uma arquitetura, que hoje em dia, não se vê mais. Ali, em 1956, tive minhas
primeiras aulas de CW com o general Arsonval Nunes Muniz PY2 AN (se não me
engano). Não precisei perguntar nada a ninguém, pois, sempre tive grande
facilidade em aprender tudo àquilo que me interessa, e o Radioamadorismo
sempre se destacaram em primeiro lugar em minha vida. Só não pude ingressar
na Maçonaria até hoje, por não ter tido o aval de minha esposa, D. Nina.
Mas, a vida constitui-se em um eterno aprender. Seja na área do rádio, como
em todas as demais áreas. Em outras palavras, quero dizer que enquanto
existirmos, continuaremos aprendendo. Dito isto, ainda pesquiso sobre os
mais diversos assuntos, pois o saber não ocupa lugar, não é mesmo¿
*COMO MONTAR SEU SHACK*
Comecemos com coisas que você deve possuir em sua estação de rádio. Antes
de por a mão no bolso, seria de todo interessante que você fizesse algumas
pesquisas nas lojas do ramo. Dentro daquilo que a lei lhe permite, decida
em quais das bandas deseja operar. As “bandas baixas” (também chamadas
“HF”), ou as “bandas altas” = altas frequências),repletas de atividades,
incluindo concursos nacionais e internacionais, congressos, com
possibilidades de obtenção de Diplomas e\ou Certificados, além de prêmios,
vez ou outra com a “santa propagação”, porém exigem enormes antenas para
que a sua transmissão seja realmente efetiva. Assim que você sobe a
frequência, as distâncias percorridas se encurtam. No entanto, hoje em
dia, boas antenas também podem ser em menores. Recentemente elaborei uma
antena vertical bobinada e, pasmem, de dentro de meu shack, no primeiro
andar do prédio onde resido, falei com a Europa e a África. Hoje em dia,
você pode escolher diversos tipos, formatos, tamanhos, aspectos de antenas.
Uma delas será a que melhor se adapta às suas necessidades. No entanto,
pense bem na escolha da antena, pois ela irá lhe proporcionar o prazer
exato, com a qual, sua estação se adapta.
*DO QUE EFETIVAMENTE VOCÊ PRECISA*
Você precisa de um local adequado para instalar sua estação de Rádio. Você
pode operar sua estação, de qualquer lugar onde instalar seu equipamento,
desde que consiga energia elétrica e o cabo coaxial para alimentar a antena
até seu aparelho. Desta forma, você poderá operar sua estação de qualquer
lugar, onde estiver. Entretanto, caso disponha de um cômodo exclusivo, só
para a estação, tanto melhor. Certa ocasião, fui morar em um edifício bem
alto e instalei minha estação dentro de um armário embutido. Ao analisar a
planta construtiva do edifício, concluí que havia um duto para o lixo,
porém, já desativado e o mesmo passava bem atrás de meu armário. Ora, aí
estava minha solução e sem alterar o aspecto visual externo do prédio.
Resultado; funcionou que foi uma beleza! Mais difícil do que localizar o
local exato, por onde passava o tal duto, foi furá-lo. Era um
cimento-amianto!
Recordo-me que nos idos tempos de PX, em minhas atividades de vendedor de
terminais elétricos especiais, percorria diversas ruas e avenidas do centro
e dos bairros em SP, Fatos como por exemplo, um caminhoneiro que tentou
passar por baixo da ponte da Freguesia do Ó, ficou encravado embaixo da
mesma; um princípio de incêndio na rua Vitória; um atropelamento seguido de
colisão, tudo isto eu reportava instantaneamente ao Ary, o qual estava no
alto da Av. Paulista, na sede da Rádio Jovem Pan e dos estúdios levava ao
ar, em seguida. Transmissões todas em VHF, diretamente de meu veículo.
Nessa época, a Secretaria de Segurança Pública de SP, mantinha um cadastro
com senha de alguns Radioamadores e mediante tais medidas, gozavam de
credibilidade perante as autoridades. Recordo-me que, certa ocasião
corujando, ouvi a notícia de que havia sido roubada a motocicleta de um
diretor da Editora Abril e ele passou a placa da mesma. Qual não foi minha
surpresa, que a mesma havia acabado de me ultrapassar. Estávamos
atravessando um viaduto sobre o rio Tietê, com alça de acesso para a saída
da capital. As informações valeram. O meliante foi preso e a moto
restituída ao seu legítimo proprietário. Mas, voltando ao que um Rádio
Amador necessita, citamos a torre, o rotor de antena, a antena propriamente
dita, caso a torre seja estaiada- os estais, um bom aterramento, cabos
coaxiais, uma escrivaninha de preferência com três gavetas de cada lado,
com um vidro no tampo da mesma para proteção da mesma, prateleiras,
amplificador linear, computador com modem, filtros passa baixa e passa
alta, além de um gravador. Não pense que isto é tudo. Falta ainda muita
coisa. No entanto, se você olhar para uma estação e outra, basicamente, não
haverá muita discrepância entre elas, ou seja: “Um rádio, sobre uma mesa.”
Lógico que sempre encontraremos grandes rádios em enormes mesas. Tenho um
amigo que sua mesa foi ele quem a fez, toda em aço e com iluminação muito
moderna, em diodos led. Ficou perfeita. E ele ainda não é PY4...Ao adquirir
uma escrivaninha, dê preferência a uma com bastante gavetas, pois você
precisará de muito espaço para guardar livros, revistas, QSL`s, peças,
componentes, certificados, vídeos etc. Monte tudo de tal forma, que se um
dia precisar se mudar, possa desmontar com facilidade e praticidade.
Geralmente, nessas lojas de móveis usados, encontram-se móveis usados porém
em bom estado e a preços convidativos. Outro detalhe importante, reside na
escolha da cadeira, a qual deverá preferencialmente ser rotatória e com
altura ajustável. Ela deverá ser confortável e ergonômica. A minha, foi
presente de minha filha.
*SEU PRIMEIRO EQUIPAMENTO DE RÁDIO*
Agora vem a parte interessante – a escolha de seu equipamento. Há muitos
anos atrás, montei meu primeiro transmissor, composto de uma válvula 89Y,
oscilando com uma válvula 6L6 metálica. Certa ocasião tomei um choque, o
qual me jogou longe. O tempo passou e não satisfeito, montei outro
transmissor em três chassis de rádio emendados um no outro. O VFO, era
separado e o receptor superheterodino (que eu também havia montado) . Só
que o grande problema era na hora de passar os câmbios. Eu tinha que
acionar ,quase que ao mesmo tempo, quatro interruptores! Esse eram duas 807
por outras duas 807. As vezes o colega já havia passado uma informação
importante e eu não sabia o que ele tinha reportado. Que tristeza!
Mas eu já ia me esquecendo do CW. Lógico, é por aí que todos devemos
começar, pelo menos –ainda. Meu saudoso Professor de Rádio Técnica e Rádio
Eletricidade, foi o Prof. Juvenal Lino de Campos PY2 ATB e o de CW, foi o
general Arsonval Nunes Muniz (não me recordo seu indicativo), naquela
saudosa mesa enorme e pesadíssima, que estava no 11º andar do Largo de São
Francisco, 34, primeira sede da LABRE-SP. O importante é você estudar, se
preparar, prestar exames e ser logo prefixado para adquirir seu primeiro
equipamento. Bonito ou não, montado por você ou comprado, mas aí você
poderá dizer “esse é meu”. Daí em diante, as coisas fluirão naturalmente.
Permita-me dar-lhe um conselho: nunca opere sem ter seu indicativo pessoal,
intransferível e, (se você não transgredir normas ou regulamentos) será
vitalício. Lembre-se “*Natura saltus non facit” *a natureza não dá saltos.
Isto significa que, até no Radioamadorismo, temos que galgar os degraus,
lenta e pacientemente. Existem as classes C, B e A, além das categorias e
das modalidades. Estamos sujeitos às leis, decretos, regulamentos,
portarias, normas que regulamentam e normatizam nosso hobby científico.
*TODAS AS FAIXAS E TODOS OS MODOS*
À medida em que as frequências vão subindo (HF, VHF, UHF, SHF, EHF) a
extensão das antenas vai diminuindo. Pouquíssimos são os Radioamadores
brasileiros que utilizam a faixa dos 70 cm. e também satélites. Na hipótese
de que você pretenda pertencer a essa elite, saiba que existem aparelhos
muito mais caros e muito mais sofisticados e precisos. São os chamados “all
band, all-mode). Porém, deve-se levar em consideração que existem aparelhos
deste tipo, usados porém, em bom estado de conservação e funcionamento,
ainda a bons preços. Certamente, com um tipo de equipo mais potente, você
terá reunirá condições para comunicar-se cada vez mais distante e com certo
conforto.
*ANTENAS*
De nada valerá possuir um excelente equipamento, potente e tudo o mais, se
não tiver uma antena “bem casada”, de tal forma que a mesma possa colocar
“no ar”, toda essa potência. Cabe aqui uma sugestão aos colegas que buscam
uma antena eficiente, simples e barata. A mais comum das antenas (pelo
menos aqui no Brasil e nos países mais pobres), é a famosíssima meio
comprimento de onda para os 40 m. Ela é horizontal, unifilar, alimentada no
centro com cabo coaxial, geralmente com 50 ou 72 ohms. Grande parte de
minha vida radioamadorística, usei-a com sucesso. Falei com o mundo todo,
com apenas 100 wats. de potência. Quem tiver condições (espaço), também
pode instalar uma chamada “V-invertida). Como já disse, estes tipos de
antenas são simples e muito fáceis de serem construídas e instaladas. Para
as frequências de VHF e para as bandas altas, você terá que construir uma
antena vertical, do tipo “Slim-Ding”. Outro detalhe muito interessante, que
chega a deixar algumas pessoas perplexas, é este: como pode um Rádio
Amador, de dentro de seu veículo, conversar com uma pessoa, por exemplo em
S. Francisco-California-USA¿ Isto só é possível mediante uma outra estação,
muito bem localizada, geralmente no alto dos morros, conhecida como
repetidora. Hoje em dia, existem várias repetidoras nas grandes cidades,
mantidas por cidadãos beneméritos, lógico que cada uma delas operando em
frequências específicas, documentadas, organizadas e fiscalizadas pela
ANATEL. Ocorreu-me agora, lembrar aos colegas que operam em VHF, a não
menos famosa antena “pé-de-galinha”. Tecnicamente conhecida como
“Ground-Plane”, ou seja, plano terra. Ela é conhecida por este nome, por
ter a aparência de um pé de galinha.
Ao finalizar, eu gostaria de aconselhar aos que realmente se interessarem
pelo assunto, que se unam a outros colegas com maior experiência e vivência
nesta área, repleta de bons e agradáveis momentos de lazer.
Será um grande prazer e enorme satisfação, poder um dia no futuro,
encontra-lo e enviar-lhe um forte 73 e sempre QRV.
São Paulo, 21 de Julho de 2017
Prof. José Lahor Filho
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