ARLA/CLUSTER: Pequeno desvio observado comprova a exactidão da Teoria da Relatividade de Einstein em relação à física newtoniana, 112 anos depois.
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 10 de Agosto de 2017 - 14:25:33 WEST
Astrónomos acabam de fazer a primeira observação de sempre da Teoria
da Relatividade de Einstein
Um “pequeno desvio” na órbita da estrela S2 é consistente com as
previsões da relatividade geral
112 anos depois, cientistas europeus detectaram no leve desvio de uma
estrela em relação à sua órbita o primeiro indício dos efeitos da
Teoria da Relatividade de Einstein sobre este tipo de corpo celeste,
de acordo com a física clássica.
Segundo revelou esta quarta-feira em comunicado o ESO, Observatório
Austral Europeu, a descoberta foi feita por uma equipa de astrónomos
que esteve a rever os dados recolhidos pelo telescópio VLT nos últimos
20 anos sobre a estrela S2, ou Source 2, localizada na constelação de
Sagitarius, junto ao buraco negro supermassivo do centro da Via
Láctea.
Ao comparar os dados orbitais observados com os princípios da física
newtoniana, foi registado um pequeno desvio “consistente com as
previsões da relatividade geral“, proposta por Einstein e uma das
descobertas mais importantes da ciência no Século XX.
Segundo o ESO, é a primeira vez que se obtém uma medida da força dos
efeitos relativistas gerais em estrelas orbitando um buraco negro
supermassivo. Esse “leve” desvio é um dos “subtis efeitos” previstos
pela Teoria da Relatividade Geral, um “resultado promissor” para novos
trabalhos o ESO realizará nos próximos meses.
O Observatório pretende agora continuar a estudar a S2 em 2018, altura
em que a estrela se encontrará muito próxima do “nosso” buraco negro
supermassivo, para o que será incorporado um novo instrumento, que irá
melhorar a precisão das medições.
A estrela S2 é monitorizada desde 1995 por equipas de astrónomos do
ESO, da UCLA e do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre como
parte de um esforço para reunir dados sobre o buraco negro
supermassivo no centro da galáxia Via Láctea. Em 2008, foi observada
pela primeira vez a sua órbita completa.
Donkey Hotey / Flickr
A Teoria da Relatividade Geral foi publicada em 1915 por Albert Einstein
O buraco negro do centro da Via Láctea, o mais próximo da Terra,
encontra-se a cerca de 26 mil anos-luz de distância da Terra, e tem
uma massa quatro milhões de vezes maior que a do sol.
Este “monstro” está cercado por um pequeno grupo de estrelas, entre as
quais a S2, que orbita a grande velocidade no forte campo
gravitacional do buraco negro, um entorno perfeito, diz o ESO, para
provar a física gravitacional e, particularmente, a Teoria da
Relatividade” – denominação dada ao conjunto de duas teorias
científicas: a Relatividade Restrita, ou Especial (inicialmente
postulada por Galileu), e a Relatividade Geral.
A Teoria Geral da Relatividade, publicada em 1915 por Albert Einstein,
leva em consideração as ideias da Relatividade Restrita sobre o espaço
e o tempo e propõe a generalização do princípio da relatividade do
movimento para sistemas que incluam campos gravitacionais, surgindo a
noção de espaço-tempo curvo.
Segundo a famosa teoria, o tempo e o espaço passaram a ser entidades
relativas, isto é, dependem da velocidade e perspectiva de cada
observador – o que permite que um passageiro caminhe num comboio que
circula à velocidade da luz, sem que uma pessoa a vê-lo passar na
estação se sobressalte com o excesso de velocidade do passageiro.
AJB, ZAP // EFE / ESO / Futurism
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