ARLA/CLUSTER: "Europe, we have a problem”. A ExoMars está perdida?
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 20 de Outubro de 2016 - 17:22:36 WEST
EM ATUALIZAÇÃO
A aterragem da ExoMars correu bem até ao momento em que a plataforma
se soltou do paraquedas. Cientistas sublinham o sucesso da entrada em
órbita da ExoMars, mas ainda não têm dados completos.
As coisas estavam a correr bem. A missão ExoMars 2016, a primeira fase
de um projeto que leva os europeus pela primeira vez a Marte,
contornou o planeta vermelho e durante alguns minutos deixou de dar
sinais de vida. As respirações ficaram em suspenso na Agência Espacial
Europeia (ESA) e na Roscosmos, as duas responsáveis pela missão. Mas
depois a linha verde nos monitores voltou a levantar-se, já passavam
das 17h30, e os investigadores puderam respirar de alívio: a missão
ExoMars havia chegado a Marte e feito a turbulenta viagem de sete
minutos rasgando a conturbada atmosfera marciana. Às 20h30 saberiam se
tudo havia corrido como planeado. Aí é que chegaram os problemas.
A missão ExoMars tem como objetivo descobrir se alguma vez houve vida
em Marte que justificasse os misteriosos níveis de metano, um produto
típico do metabolismo dos seres vivos, na atmosfera do planeta
vermelho. Para isso enviou dois instrumentos: a sonda Trace Gas
Orbiter (TGO), que deve manter-se em órbita; e a plataforma
Schiaparelli, que estudará um eventual exobiológico em Marte. A queda
desta última no solo marciano devia ser suave: o aparelho entraria na
atmosfera a 21.000 km/h, mas a velocidade iria diminuir
progressivamente. Depois de se separar do TGO, a Schiaparelli iria
usar os propulsores a 1,1 km de altitude e depois entrar em queda
livre a dois metros do solo e a uma velocidade de 10 km/h.
Mas os responsáveis pela missão ExoMars temem que algo tenha corrido
mal nesta operação e que a Schiaparelli não tenha chegado em segurança
ao solo marciano. Ainda não há sinais concretos de que o aparelho não
se destruiu durante a fase de queda livre. Os últimos dados enviados
pela TGO confirmam que tudo correu bem ao entrar na atmosfera e
durante as primeiras fase de amartagem. O escudo térmico funcionou e o
paraquedas também se abriu no tempo correto. Mas não se sabe se “a
nave se comportou como devia” a partir do momento em que o paraquedas
se devia desprender do Schiaparelli. No entanto, a ESA pode confirmar
que os propulsores foram disparados, mas durante menos tempo do que
seria expectável, o que pode indicar um incêndio. É quase certo que
chegámos a solo marciano, mas de lá ainda não recebemos qualquer
transmissão.
A ESA e a Roscosmos investiram 1.300 milhões de euros neste projeto. A
ExoMars 2016 serve também de teste para a viabilidade da segunda fase
da missão, em 2020, que pretende levar um Rover de exploração para o
planeta vizinho. Agora, a ESA só tenciona voltar a dar novidades na
próxima semana, tempo em que fará contas à vida para entender quanto
dinheiro vai precisar dos estados financiadores da agência para
prosseguir com os seus planos.
Fonte: Observador
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