ARLA/CLUSTER: Post
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 12 de Outubro de 2016 - 19:29:37 WEST
Prezado João Paulo Saraiva (CT1EBZ),
Algumas vezes critiquei alguns dos teus anteriores textos, por me
pareceram excessivos e diria mesmo, desenquadrados da realidade,
quando disparas em todas as direções sendo que algumas "balas" te
acabam por atingir, mas sempre reconheci neles, como outros o fizeram,
alguma frontalidade.
Este é sem duvida, um bem enquadrado na realidade e frontal, na
analise critica que faz a uma situação, que é insustentável e a para a
qual já por diversas vezes eu próprio chamei a atenção de todos, a
começar, obviamente, pelos dirigentes associativos.
Já na reunião com a ANACOM em 2010 esta chamou-nos a atenção para o
excessivo numero de repetidores licenciados e autorizados, já nessa
altura, e especialmente para aquilo que o Carlos Mourato qualificou e
bem, de alguns "passarem a vida a marca os postes como os cães" (ele
foi mais contundente) sem que muitas vezes dai resulte a instalação
efectiva e em boas condições de um repetidor.
Alias, correm todas as associações o serio risco e tal como foi
prometido nessa altura, ter de passar a pagar uma taxa de utilização
anual por cada estação de uso comum licenciada. E atenção, não é só a
REP, há muitas mais que mantem "ad eternum per secula seculorum" o
licenciamento sem que lá exista algo efectivo. Isto para já não falar
nas deploráveis condições técnicas em que alguns se mantem, carecendo
de urgente manutenção.
Não quero definitivamente puxar a "brasa há minha sardinha" mas a
ARLA, não tendo condições de manter um repetidor em boas condições no
Mendro, entregou à ANACOM a sua licença. Será que foi a única.? Não
sei.
Ao que parece e por aquilo que nos foi transmitido publicamente pelo
Jorge Santos (CT1JIB) na formação sobre DMR, a ANACOM pondera
seriamente parar com o licenciamento ou autorização de novos
repetidores, promovendo sim a sua reciclagem, isto é, quem quer
instalar um repetidor digital "retira" o analógico ou vice-versa e não
solicita mais um licenciamento ou autorização para o mesmo local.
No inicio, a ANACOM tentou implementar umas normas muito difíceis de
serem acatadas na sua totalidade, tanto para o licenciamento como para
a sua manutenção ( ver em:
http://www.arvm.org/frequencias/reptportugl.htm ), mas rapidamente
teve de as retirar por serem, diria, incumpriveis pela maioria se não
a totalidade das associações existentes em Portugal, mas ao retira-las
o que ficou foi aquilo que atualmente se reconhece e que
manifestamente não é bom e sustentavel no futuro.
João Costa (CT1FBF)
Em 12 de outubro de 2016 16:06, João Paulo Saraiva
<joaosaraiva112 gmail.com> escreveu:
>
> "Gestão fracassada da rede nacional de repetidores de amador e do associativismo
>
> A falta de visão estratégica das Associações de Radioamadores que deveria ser uma visão global do país ao invés de uma visão bairrista e elitista, determina que o país não tenha cobertura total embora tenha mais repetidores do que aqueles que efectivamente necessita ter para a cobertura total.
> Perante este cenário a ANACOM limita-se a ceder aos caprichos bairristas das associações de radiomadores, que em parte nunca nos últimos anos passaram do resquício do saudoso associativismo radioamadoristico de outrora.
> Se olhar-mos por exemplo para a grande Lisboa, o que não faltam são repetidores, mas a cobertura chega a ser vergonhosa para estações portáteis, com zonas de sombra impensáveis para uma rede que se pretende afirmar alternativa auxiliar em proteção civil. É caso para dizer que cada associação quer ter um repetidor em casa, ao invés de o colocar estrategicamente de modo a servir o maior número possível de localidades. Na realidade, tal direito é uma prerrogativa das associações num Estado de direito democrático e que lhes é salvaguardado pelo nº 2 do Art.º 46 da Constituição da Republica Portuguesa, mas este facto não invalida a falta de visão estratégica.
> Não compreendo por exemplo porque estando atribuídas frequências para Monsanto - Lisboa, não está ali instalado nenhum repetidor para complementar a cobertura do que alegadamente está em Almada. O não cancelamento dessas licenças garante o monopólio ao detentor da licença que, a menos que esteja à espera de transaccionar os direitos da licença com outra associação, não faz qualquer sentido que não a cancele, devolvendo à ANACOM a possibilidade de dar a outras associações a oportunidade de ali instalar mais um repetidor. Mas este foi somente um exemplo daquilo que prolifera por todo o país, embora eu creia que a REP seja disso o pior de todos os exemplos, praticando uma filosofia de "não faz nem deixa fazer", a menos que seja no seio da própria REP, por alguém disposto a fazer os que lá estão não fazem. Sinceramente e apesar de ter estima por alguns dos seus dirigentes (da REP) que conheço de longa data, não compreendo e recuso-me a aceitar este Velhismo do Restelo em gente da minha idade que seguramente ainda tem condição física e mental para fazer mais, mas não faz por comodismo.
> Depois vem a dispersão de recursos, instalando repetidores digitais ao invés de se complementar primeiro a rede convencional, isto para que cada um brinque como lhe apetece e com o que lhe apetece ignorando o interesse público que se apregoa no radioamadorismo, criando ainda mais divisões e elitismos, contribuindo assim para a mobilização de cerca de algumas poucas centenas de radioamadores, e deixando de fora alguns poucos milhares de radioamadores que desmotivam e abandonam o habbie, convertendo-se à exclusividade do cibernetismo.
> Sempre fez falta uma estrutura federativa de radioamadores em Portugal, a REP não pode ter esse papel porque é concorrente das demais associações de radioamadores, embora como associação tenha a sua história e mérito de muita coisa no passado. O Projecto UAPR (União das Associações de Radioamadores de Portugal), estava morto à nascença devido aos elitismos instalados nas associações que gostam de brilhar individualmente em detrimento de brilhar colectivamente, um problema cultural portanto.
> Somos por isso um dos países do mundo dito civilizado que não tem uma federação de associações de radioamadores que se encarregue da estratégia, e isto porque alguns daqueles que nem a táctica dominam se acham estrategas de topo, quando nem de algibeira o são.
>
> Os radioamadores Portugueses são tecnicamente e cientificamente em muitos casos muito bons, e nem falo de mim que me considero um mero entusiasta. Acontece porém que a sua cultura de protagonismo individualista, ou mesmo em alguns casos a sua "ganância" mata o desenvolvimento e o reconhecimento colectivo de toda uma classe, que na actualidade a maioria da sociedade portuguesa não reconhece.
>
> Penso que, importa colocar de parte as desavenças individuais do passado, e olhar para o futuro unidos como um todo, respeitando as diferenças próprias da identidade individual de cada radioamador, de cada associação, e de cada região. Mas se não se constituir agora uma Federação em que todos estejam representados e se revejam, estamos a condicionar não só o desenvolvimento do radioamadorismo nacional, como os apoios que se poderiam conseguir para esta actividade, mas fundamentalmente se não for constituída, estaremos a determinar que caso ocorra uma catástrofe em Portugal e não exista uma política federativa estratégica nacional para a preparação dos radioamadores e suas associações, estes serão parte do problema, nunca parte da solução!
>
> Se olhar-mos por exemplo para o que ontem se passou no Ministério da Defesa Nacional a propósito da tentativa da Sr.ª MAI nomear um Ten.Cor. como presidente da ANPC, que obviamente foi rejeitado apesar de ser seguramente um dos mais capazes para o cargo e funções inerentes, compreende-se como funciona o nosso sistema. Logo, as associações lideradas por praças e sargentos dificilmente conseguem ter voz que se faça ouvir e defender os interesses do radioamadorismo nas instâncias políticas.
> O presidente de uma associação pode e deve ser um táctico, mas é necessário que exista uma estrutura estratégica, a federação, e que não caiam no erro de nomear para a presidir um praça, sargento ou oficial subalterno, mas sim um "general, seja ele um militar dessa patente, ou um civil com formação superior e respeitado no meio, só desse modo se fará ouvir. É esta a conclusão a que chego após muitas tentativas de dar algum contributo estratégico ao radioamadorismo, até podemos ser nós a assessorar o "general",
> mas tem de ser ele a representar-mo-nos.
>
> Tal como estão cada associação brilha à sua dimensão, mas juntas iluminariam o país.
>
> Os radioamadores portugueses precisam de UNIÃO.
>
> P.F.: Não olhem para este texto como uma crítica, mas sim como um contributo para despertar consciências e despoletar acções.
>
> 73´s a tod s sem excepção
>
> CT1EBZ"
>
>
> --
> Melhores Cumprimentos,
>
> João Paulo Saraiva Amaral da Encarnação
>
> Telefone Móvel: 910 300 112
> Largo Álvaro Pinheiro Rodrigues, nº 7 R/C B - 2790-471 Carnaxide - Oeiras - Portugal
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