ARLA/CLUSTER: Caça às raposas da repetidora PY2KJZ,

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 23 de Maio de 2016 - 18:02:57 WEST


Por João Roberto S. G. Ferreira, PY2JF.

A repetidora PY2KJZ, que opera na frequência de 146.770 MHz, na cidade de
Americana – SP, foi reformada há poucas semanas e apresentava excelente
rendimento, permitindo contatos em baixa potência com cidades em distâncias
superiores a 100 Km. Mas há pouco mais de 10 dias notamos grande
deterioração em seu desempenho, não sendo mais possível comunicados
distantes e muito menos operação portátil local. Apenas estações móveis
muito próximas a repetidora ou estações base com alta potência conseguem
operá-la agora.

Um dos primeiros indícios de interferência constante em sua frequência de
entrada, 146.170 MHz, é a ausência do bipe de cortesia na retransmissão.
Quando um sinal chega no momento em que o bipe de cortesia deveria ser
emitido, ou se o sinal que a ativou cessa mas existe outro mais fraco sendo
recebido, o bipe é inibido.

Hoje fomos até a repetidora para investigar a fonte do problema. Para nossa
surpresa, um sinal de largura de 25 kHz constante de -105dBm (S7) está
presente na entrada 146.170 MHz, mantendo nosso receptor (foto) aberto o
tempo todo.

[image: 12322602_1100043963388174_7940340005119684725_o]
Com a ajuda de uma antena direcional portátil, identificamos rapidamente
que o sinal se originava nas dependências de uma empresa localizada a
apenas 200m de nossas instalações. Trata-se de uma empresa relativamente
grande, com área superior a 50.000 m/2. A princípio, de cima da caixa
d´água, não conseguimos identificar um ponto preciso de onde partia
exatamente o sinal. Ele parecia um pouco difuso. Já usamos várias vezes
essa antena direccional portátil em caças a raposa e ela parecia bem mais
directiva.

Resolvemos então pegar o carro e circular a empresa na esperança de
identificarmos algo mais específico como fonte do sinal interferente.  Ao
passarmos pela rua de trás da empresa, com o rádio do carro sintonizado em
146.170 MHz e squelch aberto, percebemos o sinal aumentando e descemos com
a antena portátil para uma averiguação mais detalhada. A fonte do problema
estava tão na cara que a identificamos até mesmo sem a antena. Trata-se de
uma câmara de vigilância tipo dome. Note que mesmo distantes pelo menos 10m
dela, seu sinal era S7 (foto).

[image: IMG-20160522-WA0004]
<http://www.cram.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2016/05/IMG-20160522-WA0004.jpg>
Filosofamos um pouco e parecia uma teoria plausível que essa câmera já
estava ali há algum tempo e possivelmente apresentou defeito nos últimos
dias, bastando sua substituição para nos livramos do problema.  Ledo engano.

Entramos no carro e partimos para dar a volta com destino a portaria.
Desvendado o mistério, tentaríamos obter com os vigias algum contato para
que pudéssemos discutir o assunto durante a semana. Mas durante o curto
trajeto, com o receptor do rádio ainda ligado na frequência de entrada,
mais uma surpresa. Outro ponto com sinal forte. Descemos do carro e
imediatamente demos de cara com outra câmara igual e também gerando
interferência e na mesma frequência.

[image: IMG-20160522-WA0005]
<http://www.cram.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2016/05/IMG-20160522-WA0005.jpg>A
essa altura nossa teoria foi por água abaixo. Não se tratava de uma câmara
defeituosa, mas de câmaras provavelmente não homologadas que não passaram
por testes de EMI (Interferências eletromagnéticas). Continuamos nosso
trajeto de destino à portaria e como não há nada tão ruim que não possa
piorar, ao estacionarmos, outro sinal forte no receptor. Nos deparamos com
mais uma câmara bem na portaria. E essa não era apenas um S7, mas um
S9+50dB! Isso explica o sinal difuso que recebemos no topo da caixa d´água.
Não vinha de apenas uma fonte, mas várias!

[image: IMG-20160522-WA0006]
<http://www.cram.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2016/05/IMG-20160522-WA0006.jpg>
Conversamos com os vigias e eles nos confirmaram que as câmeras foram
instaladas há poucos dias por uma empresa de segurança. E nos apontaram
mais duas que não notamos!

Conseguimos um e-mail para contato e agora o próximo passo é marcarmos um
encontro com o responsável para discutir o problema. Pediremos que
desativem o sistema até que o fornecedor das câmaras resolva o problema.
Tentaremos uma solução amigável e nos ofereceremos para ajudá-los no que
estiver ao nosso alcance, evitando assim escalar o problema para a Anatel.

Aguardem os próximos capítulos.

Fonte: CRAM - Clube dos Radioamadores de Americana, em São Paulo, Brasil
-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: http://radio-amador.net/pipermail/cluster/attachments/20160523/600bae76/attachment.htm


Mais informações acerca da lista CLUSTER