ARLA/CLUSTER: As ondas gravitacionais existem. A Teoria da
Relatividade Geral de
Einstein foi finalmente comprovada na totalidade.
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 11 de Fevereiro de 2016 - 17:27:42 WET
Oiça: som de buracos negros a colidirem prova Teoria da Relatividade Geral
HÃ 2 HORAS409 PARTILHAS
Um grupo de cientistas conseguiu ouvir a colisão entre dois buracos negros,
provando que as ondas gravitacionais existem. A Teoria da Relatividade
Geral de Einstein foi finalmente comprovada.
<http://s3.observador.pt/wp-content/uploads/2016/02/11153808/black-hole_770x433_acf_cropped.jpg>
Wikimedia Commons
Autor
- <http://observador.pt/perfil/mlferreira/>Marta Leite Ferreira
<http://observador.pt/perfil/mlferreira/> in Observador
- <mlferreira observador.pt>
A Teoria da Relatividade Geral de Einstein foi oficialmente confirmada esta
quinta-feira. Um grupo de astrónomos afirmou ter conseguido ouvir e gravar
o som de dois buracos negros a colidirem a mil milhões de anos-luz de
distância, produzindo ondas gravitacionais. Esta é a primeira prova de que
essas deformações existem mesmo no tecido espaço-tempo e que perturbam os
campos gravitacionais, algo que Albert Einstein havia previsto no século
passado.
O anúncio foi realizado pelos cientistas do Observatório de Interferometria
Laser de Ondas Gravitacionais dos Estados Unidos da América. De acordo com
as informações dadas aos jornalistas na conferência de imprensa convocada
esta tarde, estas ondas gravitacionais (com 50 vezes mais energia que todas
as estrelas do universo) fizeram vibrar as antenas do LIGO montadas em
Washington e no Louisiana.
O relatório da descoberta, escrito por mais de 1000 autores incluindo
alguns cientistas europeus, foi publicado esta quinta-feira na Physical
Review Letters. “Acho que este vai ser um dos maiores avanços na fÃsica por
muito tempoâ€, disse Szabolcs Marka, um cientista e académico do LIGO. Oiça
aqui em baixo a gravação que o LIGO fez do som produzido pelos dois buracos
negros a colidirem.
Três dos cientistas mais envolvidos na descoberta foram Kip Thorne
(Instituto da Tecnologia de Califórnia), Rainer Weiss (Instituto da
Tecnologia de Massachusetts) e Ronald Drever, um cientista reformado da
Caltech. Eles explicam que até agora o tecido espaço-tempo “nunca tinha
sido visto em perturbaçãoâ€: seria o mesmo que nenhum de nós ter visto o mar
revoltado ou num dia de tempestade. Quando os dois buracos negros
colidiram, “o fluxo de tempo acelerou, depois abrandou e depois voltou a
acelerarâ€, conta ao The New York Times
<http://www.nytimes.com/2016/02/12/science/ligo-gravitational-waves-black-holes-einstein.html?action=Click&contentCollection=BreakingNews&contentID=58902517&pgtype=Homepage&_r=0>
o
astrónomo Kip Thorne.
Em 1951, Albert Einstein veio colocar um ponto de interrogação nas
afirmações de Newton, que defendiam uma estrutura fixa do universo. Ao
contrário do cientista britânico, o criador da Teoria da Relatividade Geral
veio afirmar que a matéria e a energia podiam distorcer o universo. Como?
Imagine que coloca uma bola de ferro em cima de uma esponja. Essa bola vai
deformar a esponja, fazendo com que ela se curve. De acordo com a Teoria de
Einstein, essa curva é a gravidade.
[image: JERUSALEM - MARCH 7: In this handout file photo provided by The
Hebrew University of Jerusalem shows a page from Albert Einstein's General
Theory of Relativity which is going on display at the Israeli Academy of
Sciences and Humanities on March 7, 2010 in Jerusalem, Israel. The complete
original manuscript of Einstein's ground-breaking theory, which he donated
to the university during its inauguration in 1925, is being displayed in
its entirety for the first time. (Photo by The Hebrew University of
Jerusalem via Getty Images)]
Uma das páginas do documento onde Albert Einstein explica a Teoria da
Relatividade Geral. Créditos: The Hebrew University of Jerusalem via Getty
Images
Esse é ponto assente, agora que pudemos ouvir dois buracos negros a
colidirem: os corpos com grande massa curvam o tecido espaço-tempo. Por
isso, se dois corpos de grande massa chocarem, a colisão iria provocar
ondas nesse tecido que podem viajar no vazio à velocidade da luz
(aproximadamente 300.000.000 metros por segundo). De acordo com as
observações dos cientistas, as ondas gravitacionais comprimem o universo
numa determinada direção, mas têm o efeito exatamente contrário na direção
inversa.
Esta não é a primeira vez que os cientistias dizem ter encontrado ondas
gravitacionais, mas é a única onde as provas da descoberta são fiáveis. Em
1969, o fÃsico Joseph Weber anunciou ter conseguido detetar ondas
gravitacionais utilizando um cilindro de alumÃnio como antena, que vibrava
quando detetava ondas numa determinada frequência. Os resultados não
puderam ser duplicados em laboratório por outros cientistas, por isso o
anúncio foi descredibilizado.
Menos de dez anos mais tarde, Joseph H. Taylor Jr. e Russell A. Hulse
descobriram duas estrelas de neutrões que orbitavam uma em redor da outra.
Uma delas era uma pulsar: de cada vez que emitia um impulso de radiação
eletromagnética, ambas perdiam energia e aproximavam-se na mesma magnitude
em que o fariam se emitissem ondas gravitacionais. Esta explicação
valeu-lhes o Nobel da FÃsica em 1993.
Mais recentemente, em 2014, o grupo cientÃfico Bicep disse ter detetado
indÃcios da existência de ondas gravitacionais vindas do Big Bang através
de um telescópio montado do Polo Sul, mas veio a corrigir o comunicado
admitindo que os dados recolhidos podem ter sido deturpados pela
interferência de poeira interestelar.
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