ARLA/CLUSTER: “O Grande Silêncio” - Explosões de raios gama pode ser a explicação para não termos encontrado extraterrestres

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 10 de Agosto de 2016 - 11:25:11 WEST


As mortais explosões de raios gama poderiam ajudar a explicar o
chamado Paradoxo de Fermi, a aparente contradição entre a alta chance
de vida extraterrestre e a falta de provas de que ela realmente exista
– teoria popularmente chamada de “O Grande Silêncio”.


O que são explosões de raios gama

Explosões de raios gama são breves, porém intensas, explosões de
radiação eletromagnética de alta frequência. Essas explosões emitem
tanta energia como o sol durante todo o seu tempo de vida, o que
corresponde a 10 biliões de anos. Sentiu a potência?

Os cientistas acreditam que essas explosões podem ser causadas por
estrelas gigantes explodindo, as chamadas hipernovas, ou por colisões
entre pares de estrelas mortas conhecidas como estrelas de nêutrons.


As explosões de raios gama ameaçam ou ameaçaram a Terra?

Se uma explosão de raios gama aconteceu em algum momento dentro da Via
Láctea, isso poderia ter causado estragos extraordinários caso a
energia liberada fosse apontada diretamente para a Terra, mesmo que
tivesse ocorrido há milhares de anos-luz de distância.

Embora os raios gama não penetrem na atmosfera da Terra, eles são
fortes o suficiente para queimar o chão. Isso significa que eles iriam
danificar quimicamente a atmosfera, destruindo a camada de ozônio que
protege o planeta dos raios ultravioletas prejudiciais – e isso
poderia provocar extinções em massa.

Também é possível que as explosões de raios gama possam vomitar raios
cósmicos, que são partículas de alta energia que podem criar uma
experiência semelhante a uma explosão nuclear para aqueles que
estiverem na face da Terra que estiver de frente para a explosão,
causando doenças horríveis de radiação.

Os pesquisadores investigaram quão provável seria que uma explosão
como esta pudesse ter causado danos ao nosso planeta em algum momento
do passado.

Antes de continuar nesse raciocínio, é importante a gente saber um
coisa: explosões de raios gama são tradicionalmente divididas em dois
grupos: longas e curtas. O critério para essa divisão é o tempo de
duração, que pode ser mais ou menos de 2 segundos. Rajadas longas de
raios gama são associadas com a morte de estrelas massivas, enquanto
rajadas curtas são provavelmente causadas pelas fusões de estrelas de
nêutrons.

Na maioria dos casos, rajadas longas de raios gama acontecem em
galáxias muito diferentes da Via Láctea, como, por exemplo, galáxias
anãs pobres em qualquer elemento mais pesado que o hidrogênio e o
hélio. Sendo assim, quaisquer explosões longas de raios gama na Via
Láctea provavelmente serão confinadas em regiões da galáxia que tem
baixa concentração de qualquer elemento mais pesado que o hidrogênio e
hélio, disseram os pesquisadores.


E isso significa que…

Para os cientistas, a chance de que uma explosão longa de raios gama
tenha provocado extinções em massa na Terra é de 50% nos últimos 500
milhões anos, 60% no último 1 bilhão ano, e mais de 90% nos últimos 5
bilhões de anos. Para efeito de comparação, o sistema solar tem cerca
de 4,6 bilhões de anos.

Explosões curtas de raios gama acontecem cerca de cinco vezes mais do
que as longas. No entanto, uma vez que essas rajadas curtas são mais
fracas, os pesquisadores descobriram que tinham efeitos fatais
insignificantes na Terra. Eles também calcularam que explosões de
raios gama de galáxias fora da Via Láctea provavelmente não
representam uma ameaça para a Terra. UFA!

Estes resultados sugerem que uma explosão de raios gama nas
proximidades pode ter causado uma das cinco maiores extinções em massa
na Terra, como a extinção do Ordoviciano que ocorreu 440 milhões de
anos atrás. A extinção Ordoviciano foi o primeiro dos chamados Cinco
Grandes Eventos de Extinção, e é considerada por muitos como a segunda
maior de todos os tempos.

Até onde vai o perigo?

Os cientistas investigaram também o perigo que explosões de raios gama
poderiam representar para a vida (se é que ela existe) em outros
lugares na Via Láctea. A concentração de estrelas é mais densa em
direção ao centro da galáxia, o que significa que mundos lá enfrentam
um risco maior de explosões de raios gama.

Desta maneira, planetas que ficam em uma região de cerca de 6.500
anos-luz ao redor do núcleo da Via Láctea, onde moram 25% das estrelas
da galáxia, tem uma chance de 95% de um raio gama letal ter explodido
por lá nos últimos bilhões de anos. Os pesquisadores sugerem que a
vida, como é conhecida na Terra, poderia sobreviver com certeza só na
periferia da Via Láctea, há mais de 32.600 anos-luz do núcleo
galáctico.

Os pesquisadores analisaram também o perigo que explosões de raios
gama podem representar para o universo como um todo. Eles sugerem que,
devido a rajadas de raios gama, a vida como é conhecida na terra pode
se desenvolver de forma segura em apenas 10% de galáxias. Eles também
sugerem que esse tipo de vida só poderia ter se desenvolvido nos
últimos 5 bilhões de anos. Antes disso, as galáxias seriam menores em
tamanho, e explosões de raios gama teriam acontecido perto o
suficiente para causar extinções em massa em todos os planetas que
potencialmente poderiam abrigar alguma forma de vida.


A resposta para o Grande Silêncio

Esta poderia ser uma explicação, ou pelo menos um caminho, para
solucionar o chamado Paradoxo de Fermi ou o “Grande Silêncio”, disse o
autor do estudo Tsvi Piran, físico da Universidade Hebraica de
Jerusalém.

Por que não encontramos civilizações avançadas até agora? A Via Láctea
é muito mais antiga do que o nosso sistema solar e havia tempo e
espaço suficiente para formação de sistemas planetários com condições
semelhantes às da Terra, com características propícias ao
desenvolvimento da vida em outro lugar na galáxia. Então, por que não?

A resposta para isso pode ser justamente que explosões de raios gama
têm atingido muitos planetas que poderiam abrigar vida. A crítica mais
grave dessas estimativas, também segundo Piran, é que a gente tem
mania de pensar na vida como a conhecemos, quando sempre existe a
possibilidade de haver outras formas de vida, inclusive uma que seja
resistente à radiação.

A pulga atrás da orelha continua.

Fonte: [LiveScience]



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