ARLA/CLUSTER: Obsolescência programada: França quer punir criminalmente fabricantes com penas até dois anos de prisão e multas que podem chegar aos 300 mil euros
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Domingo, 18 de Janeiro de 2015 - 16:21:23 WET
França quer punir criminalmente fabricantes de produtos eletrónicos
Por Sérgio Meireles in PTJornal
Os deputados franceses querem punir criminalmente os fabricantes de
produtos eletrónicos pela sua cada vez mais curta durabilidade.
Segundo um artigo publicado na revista Proteste, a França quer que as
fabricantes de produtos eletrónicos aumentem a garantia dos produtos,
de acordo com o tempo de durabilidade estimado pelas marcas.
Algumas organizações vão mais longe, afirmando mesmo, que alguns
equipamentos deviam ter uma garantia de 10 anos.
Os deputados franceses acabam de aprovar um plano, segundo a proteste,
para punir criminalmente as fabricantes com penas até dois anos de
prisão e multas que podem chegar aos 300 mil euros pela obsolescência
programada dos equipamentos eletrónicos.
Para além desta medida, a França quer ainda que os produtos mencionem
o prazo estimado de durabilidade, bem como, o período de
disponibilidade de peças para substituição, para os casos de avarias.
Os produtos eletrónicos, como sabemos, duram cada vez menos tempo.
Isto levanta várias questões, além das comerciais adotadas pelas
marcas.
A problemática da poluição, quer por via do aumento da produção, quer
por via da reciclagem destes equipamentos que, como sabemos, nem
sempre é feita nas melhores condições.
Adotar uma lei destas, parece um ato de coragem por parte da França,
veremos agora, se isto passa a lei ou se fica apenas pelo papel.
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Obsolescência programada: eletrodomésticos com data de validade
Telemóveis, impressoras e máquinas de lavar roupa são substituídos com
mais frequência. Será uma atração irresistível pelo novo modelo ou
pura estratégia dos fabricantes?
Início
"A minha primeira máquina da roupa durou 20 anos. A nova avariou ao
fim de 5 ". "Pedi para reparar o televisor, apenas com 4 anos, e o
arranjo é mais caro do que comprar novo". Já todos ouvimos o desabafo.
E há duas novas tendências: a perceção sobre a durabilidade mais
reduzida dos produtos e a cada vez maior rotatividade de produtos com
vantagens de valor duvidoso. O tempo de vida útil dos equipamentos
parece ter os dias contados. Os bens, sobretudo elétricos e
eletrónicos, são substituídos antes do esperado. Será uma estratégia
intencional ou uma consequência dos tempos modernos? O tema é polémico
e as organizações de consumidores europeias começam a atacar a
"obsolescência programada", depois de já terem abordado a durabilidade
dos produtos, o ecodesign e a reparação.
Cada vez mais vozes acusam os fabricantes de conceber os produtos para
que se tornem rapidamente obsoletos, fora de moda ou impossíveis de
reparar, com o objetivo de levar os clientes a comprar novos
equipamentos. Automóveis, eletrodomésticos e produtos eletrónicos,
como tablets, telemóveis e consolas de jogos, são os casos mais
flagrantes daquilo a que se chama obsolescência programada. O fenómeno
não é recente. Consumir e consumir está na ordem do dia, sem olhar
para os efeitos, quer no meio ambiente, quer na carteira.
Mitos ou factos
Apesar dos inúmeros exemplos que mostram que os equipamentos não duram
hoje o mesmo que no tempo dos nossos avós, não é claro quais serão as
razões. Nalguns casos, pode ser apenas pela atual tendência da redução
de custos. Noutros, o fabricante acredita que o consumidor prefere
comprar novo, em vez de reparar. Engenheiros e designers conseguem
prever com alguma precisão a durabilidade de um equipamento. E apesar
de os fabricantes não admitirem que os produtos possam ser feitos para
durar menos, esta é uma realidade. E merece a nossa atenção. Com as
baterias integradas, a Apple começou a fazer depender a duração de
vida dos telemóveis da componente menos durável. Se não podemos
substituir a bateria, o equipamento deixa de servir. Os restantes
fabricantes seguiram esta corrente e os maus hábitos espalharam-se.
Nos tablets, os fabricantes seguem esta política.
Há várias técnicas para reduzir a duração de vida dos produtos.
Destacamos três categorias: técnica e tecnológica, ecológica e
psicológica.
Reduzir a duração técnica e tecnológica
Foca a qualidade inferior dos materiais e o modo como são montados os
componentes. Por exemplo, 80% dos tambores das máquinas de lavar roupa
são em plástico, em vez de metal, tornando os modelos menos
resistentes e de reparação cara. Também o enrolamento do cabo dos
aspiradores é o ponto fraco de muitos.
Nos televisores, a má qualidade dos condensadores elétricos reduz o
ciclo de vida em 10 anos. A conceção pode influenciar a durabilidade.
Esta questão leva à cada vez menor possibilidade de reparar. Nos
Estados Unidos, a Apple foi até julgada pelo facto de a bateria do
iPod não poder ser substituída. No iPhone, a marca adotou soluções que
dificultam muito a substituição.
A incompatibilidade entre produtos protege o negócio. Os videojogos
apenas compatíveis com um modelo de consola e as impressoras que não
funcionam sem tinteiros originais são alguns casos. Para fechar esta
categoria, temos a obsolescência por notificação. O equipamento alerta
para substituir peças. É o caso das impressoras que alertam para
trocar os tinteiros, antes do fim real, potenciando a perda de
dinheiro. Algumas marcas não deixam utilizar outra cor até aquela em
falta ser substituída.
Argumento ecológico
Os fabricantes usam e abusam do aumento da eficiência para justificar
a troca. Mas, na última década, os eletrodomésticos reduziram de modo
significativo o consumo, na maioria, por imposições legais. Há também
um ganho ecológico. Se olharmos para o consumo de energia apenas no
uso do equipamento, a questão tem um forte impacto ambiental. Já se
tivermos em conta o ciclo de vida, os processos produtivos e o
tratamento adequado dos equipamentos em fim de vida contribuem para
uma realidade muito diferente. Em geral, os pequenos eletrodomésticos
atingiram uma tal maturidade energética que o argumento ecológico para
a substituição já não faz sentido.
Pense antes de se desfazer do eletrodoméstico ou comprar o novo
telemóvel. Qual a mais-valia da troca? Por exemplo, o iPad 4 foi
lançado apenas 7 meses depois do 3. Outra questão é a redução do
tamanho dos componentes. O primeiro telemóvel, em 1983, pesava meio
quilo. Em 2005, estes equipamentos pesavam, em média, 110 gramas. Mas
há consequências: se a redução do tamanho das peças diminui o uso de
matéria-prima, a miniaturização excessiva limita a possibilidade de
reparar.
Técnicas psicológicas
Quando, nos Estados Unidos, houve uma saturação do mercado automóvel,
nos anos 20, a General Motors passou a mudar todos os anos o design
dos modelos. Pretendia convencer os clientes de que era fundamental
trocar de carro. Os fabricantes mais pequenos, sem capacidade para
seguir a tendência, viram-se em dificuldades. Esta tendência aplica-se
ao vestuário, ao calçado, e sobretudo aos equipamentos eletrónicos e
até pequenos eletrodomésticos. Atrai os consumidores motivados pela
novidade e estimulados pelo marketing.
Fonte : Revista DecoProteste
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